Escrevendo a história

Às vezes você nem sabe que precisa de algo até que receba. Hoje foi assim. A proximidade do final da liga está acabando comigo, mesmo que eu não admita. Tudo pode acontecer e mesmo torcendo pelo melhor dos resultados e acreditando nele, ainda assim haverá um intervalo, talvez perdas e por mais que o tempo passe eu não aprendi a lidar com isso, talvez até pior, o pouco que aprendi eu desaprendi nesse tempo com o basquete longe da minha vida.

Porém hoje, por causa de um filme, me lembrei de coisas bacanas, me emocionei com elas e me senti renovada, como se continuasse no caminho certo. Lá em 2009, quando comecei, minha motivação foi curar um coração partido, o basquete o curou e ele foi para a quadra vibrar de alegria e chegou até a contagiar algumas pessoas na época. Naquele período tinha sido recém lançado um filme que  me fazia entender exatamente como eu me sentia em relação ao coração partido e essa “cura”, o filme em questão: A Saga Crepúsculo: Lua Nova. Ok, já podem parar de rir! Foco. Passei muito tempo sendo zombada pelo Shilton e pelo Douglas por causa disso.

Eu já havia lido os livros que o inspiraram e quando o filme foi lançado parecia que contava a minha história, porque descrevia exatamente a dor que eu sentia por ter sido chutada pelo meu então melhor amigo e trocada por uma garota 10 anos mais jovem do que eu. Parecia mesmo que existia um buraco no meu peito, um vazio dolorosamente insuportável. E foi nesse momento que o basquete chegou e preencheu esse vazio e enquanto ele estava por perto a dor cessava, mas era só ele se afastar que ela voltava. Levei muito tempo para superar e só superei mesmo quando entendi que se não tivesse passado por isso, eu nunca me tornaria “a menina do blog”, nem teria tido tantas experiências mágicas, não teria o carinho, a admiração e tantos amigos que surgiram por causa disso.

Então, já sabem que filme acabei de assistir? É, exatamente! E como foi bom me transportar por um breve momento para os anos de 2009 e 2010, o basquete era simplesmente a melhor coisa que eu tinha, era o bálsamo, a força, a coragem, era aonde eu me escondia, me protegia e me sentia leve. E hoje assistindo o filme, adivinhem o que descobri: os anos passaram, as pessoas mudaram, uma nova história está sendo contada, mas o sentimento que reside em meu peito em relação a esse esporte continua exatamente o mesmo.

É bem verdade que envelheci, amadureci, já não sou mais a “colega de classe” dos atletas, dada a proximidade de idade que tinha antigamente, hoje sou no máximo a irmã mais velha, mas quer saber, isso pouco importa, os amo do mesmo jeito, com a mesma delicadeza, sinceridade e honestidade. Eu não quero nada, quero apenas sentir meu coração batendo forte no peito e ter histórias para contar, quero me sentir viva como só o basquete sabe me fazer sentir, quero continuar escrevendo essa história.

Tudo isso culminou com algo que aconteceu no jogo de sábado, ainda não havia tido oportunidade de comentar o quanto isso foi importante, mas acho que agora é apropriado. No final da 2ª partida contra o Contagem no sábado a noite, após a tradicional reunião no centro da quadra e o ovacionar da torcida, um dos atletas veio até onde estávamos para nos cumprimentar, naquele abraço eu revivi nada mais, nada menos do que aqueles incríveis 5 anos de basquete até que deixássemos o NBB, mas principalmente eu pude sentir que continuava no caminho certo, que não importa o que aconteça na minha vida, ou quantos anos eu tiver, quando o assunto for basquete eu serei sempre a mesma garota que encontrou o seu lugar nas arquibancadas de uma partida de basquete. Acho que só tinha vivido algo semelhante quando fizemos aquela foto Espiga, eu e Shilton no Ivan Rodrigues, ou quando chegamos ao Ginásio do Sabiázinho em Uberlândia no Jogo das Estrelas de 2010.

O fato é que o basquete tem cadeira cativa nas arquibancadas do meu coração e não importa o que aconteça a verdade é que ficar longe dele provoca uma dor danada, mas ao menos hoje, vou dormir com a certeza de que nem sempre reviver o passado é ruim, por vezes esses momentos servem de avaliação e até de descoberta. Temos uma vida tão agitada, fazemos tudo com tanta pressa que deixamos passar momentos singelos, mas importante, enterramos em nossa mente tudo que é pequeno e “fútil”, quando na verdade são desses momentos que tiramos força para construir, empreender e seguir em frente. Então, escrevam sua história, não deixem que ninguém faça isso por vocês, cada um tem sua própria visão dessa viagem que chamamos de vida, deixem que as pessoas conheçam a sua versão, deixem sua marca e assim vocês saberão que valeu a pena! Cada um de vocês é único e especial, não deixem que ninguém diga o contrário.

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