Depois de ter passado por um dia obscuro, (ainda não compartilhei, mas esta bem encaminhado) eis que a cabeça ainda pesava hoje pela manhã, mas depois de um bom banho de água quente, os músculos relaxaram e enfim comecei a voltar ao normal. Porém, essa etapa tem uma consequencia, quando meu corpo relaxa eis que vem os efeitos colaterais: enxaqueca, por exemplo. Foram muitos sentimentos represados, alguns ainda estão, mas sei que vai passar, simplesmente porque sei que hoje preciso estar bem, porque é um novo dia, uma nova batalha a ser enfrentada e que precisa ser vencida. A equipe precisa que coisas boas, energias positivas para sair de casa, pegar a estrada e enfrentar o Brusque. Há muita coisa envolvida e isso me faz lembrar o quanto deve ser penoso lidar com pressão e exigências como essa.
Tenho uma profissão que exige concentração, atenção, prazos e que vive sob constante vigilância, por esse motivo a pressão é extrema, mas depois de terça percebi que a pressão do meu trabalho, que pode, inclusive, me levar para ver o sol nascer quadrado, não se compara ao que vivi em quadra na terça. Notei que vinha dizendo que às vezes faltava tranquilidade, serenidade e até maturidade aos nossos jovens atletas para lidar com as situações do jogo e quem acabou por perder o controle fui eu, que devia dar o exemplo, já que vivi um pouco mais do que a maioria deles. Com isso tive que reconhecer que há muitas situações das quais eles saem com muito mais facilidade e que eu ainda tenho muito que aprender, inclusive com eles. E no final, a tal ausência de maturidade lhes faz enxergar algumas situações com um pouco mais de leveza e até pureza, porque não levam para o lado pessoal, são profissionais, centrados e não apelam para o bom e velho jeitinho brasileiro dentro de quadra, não são malandros e não se apropriam de maladragem para benefício próprio. Jogam limpo, dentro das regras e buscam a justiça, acima de tudo.
O que conclui disso, é que de nada adianta ter experiência, anos de quadra se utiliza-se dessa bagagem para fazer jogo sujo, porque basquete é honra, é lealdade, é respeito, é coletividade, para mim, preceitos básicos para jogar esse jogo e se isso não existe você não merece entrar em uma quadra e jogar basquete. Foi essa a lição que tirei de terça-feira. Entendi que é melhor perder lutando com as armas que se tem, honestamente, do que vencer sem honra, utilizando-se de métodos ilícitos para garantir uma vitória. A vitória é importante, sim, porque afinal não existe empate no basquete, alguém precisa vencer, mas quando existe equilíbrio, lealdade, respeito, vencer ou perder faz parte do processo, mas quando existe descaso, desrespeito, favorecimento em situação aonde a imparcialidade deve prevalecer, isso fica marcado como algo que mancha o esporte e mancha um momento que deveria ser especial, compondo uma história. Então fica difícil digerir e por isso fiquei bem arrasada ontem e é por isso que tenho certeza que tenho muito a aprender com nossos garotos, tenho certeza que isso já é passado para eles, que muito foi apreendido dos fatos e que ficaram apenas as coisas boas, as ruins já ficaram de lado, enquanto eu pastei um bocado remoendo tudo isso.
O que me deixou feliz de tudo isso é que pude ver o quanto nossos garotos são superiores a tudo isso, eles são sim maduros, a questão é que eles tem coração e por isso às vezes se abalam e aí as coisas simplesmente fogem do controle, pessoas que presam por fazer tudo certo sofrem com isso, é fato, agora quem não está nem ai para os outros passa por cima sem dó nem piedade e pronto, porque não tem coração, então eu prefiro ter uma equipe com sentimentos, que será lembrada pela luta e pela honestidade, do que ser lembrada como aquele que sempre dava um jeitinho, querendo vencer a todo custo, não desejo que seja essa a história da nossa equipe que desejo ver contada. Torcedor nenhum, que se preze, deveria desejar isso. Essa percepção para mim só me deixa mais orgulhosa e feliz. Sei que as coisas serão conquistadas no tempo que Deus destinar para isso, não adianta dar um passo maior do que a perna. O que for para ser nosso será e ninguém irá nos impedir, porque somos muito maiores do que aqueles que tentam nos desestabilizar, nos ofender e nos ridicularizar.
Por isso meus jovens, sejam vocês mesmos, dane-se a maturidade e a experiência, joguem com todo talento, garra e vontade. Agarrem-se na união, no grupo, façam disso o diferencial, o ingrediente mais importante. Sejam grandes tanto quanto Deus lhes destinou a ser. Estarei longe, mas com o coração ligado em vocês, enviando bons pensamentos e força.
Que Deus esteja com vocês na viagem, durante todo o jogo e também no retorno a seus lares. A torcida, já sabem, é incondicional!