O tempo

Hoje, apesar de minhas interações no twitter não vou falar de patrocínio não, vou falar de sentimentos, meus sentimentos em relação ao basquete e a tudo que ele representa na minha vida: a esperança, a força, o recomeço. A mão que se estendeu e me tirou do chão, que colocou um sorriso no meu rosto, fez meu coração ter motivos para bater outra vez. Minha gratidão pelo basquete nunca vai acabar, isso é fato e eu realmente nunca vou cansar de dizer o quanto ele sempre me fez bem.

Depois de ter passado boa parte da temporada do NBB “fugindo” dar partidas para não sofrer, acompanhei as semi-finais. Vi o Flamengo conquistar mais uma vez uma vaga na final diante do Mogi que em apenas duas partidas que acompanhei me surpreendeu e agora vi o Paulistano chegar a uma final inédita.

Do pouco que acompanhei, sabia que o Paulistano tinha andou pelas cabeças nesta temporada. E quando me liguei na semi-final achei que valia a pena despender um pouco de atenção, já que sempre admirei o trabalho e a pessoa do técnico Gustavo di Conti, pelo posicionamento, maturidade e energia como conduziu suas equipes e também, porque na armação do time também tinha alguém que me é querido, porque fez parte do início da minha história com o basquete, Manteguinha, que por algumas temporadas foi nosso camisa 5.

Acompanhei parte do jogo pelas estatísticas da liga e assisti o último quarto, mas o que me tomou de emoção foi o final do jogo, quando a vitória estava consolidada, vi a equipe comemorando, emocionada, vi até o jogador Mineiro chorando e foi justamente pelas palavras que ele falou ao ser entrevistado (se encontrar a reportagem transcrevo) que eu desabei, porque vi no que ele disse e no cenário que estava desenhado a minha frente que “poderíamos ser nós”.

Naquele momento lágrimas brotaram e olhei para aquela equipe feliz como se fosse a nossa, uma equipe sem estrelas que fez um trabalho conjunto, forte e alcançou um grande feito porque mesmo com a descrença dos outros, acreditou em si mesmo, da forma como sempre desejei e acreditei ser suficiente para nossa equipe. E confesso foi doloroso me dar conta de que, além de não sermos nós, talvez esse dia nunca chegue.

Passei um tempo chorando e lembrando de tantos momentos, tristes, felizes, engraçados do basquete em minha vida e foi absurdamente forte perceber que talvez eu nunca descubra qual a real sensação de ter minha equipe do coração, indo para uma semi-final, vencendo e chegando no momento tão desejado por todos: ser o melhor, simplesmente porque pode não haver outra chance, outro campeonato para nós, poder ser uma despedida forçada do NBB.

Eu sempre achei que ficando longe a dor, a saudade e até o impacto que o basquete tem na minha vida diminuiria, mas não, ele é parte de mim e diz um pouco de quem eu sou, está enraizado e é por isso que ver cenas como a de hoje, de alegria, comemoração abriu uma ferida, despertou esse vazio e até a sensação de perda. Eu não gostaria que essa sensação fosse permanente, adoraria que ela estivesse apenas de passagem, mas já não depende de mim, alias, nunca dependeu, quem sou eu para influenciar alguma coisa não é mesmo?

O tempo está passando e desde que voltei a atualizar o blog não penso em outra coisa, já é tão frustrante ver tantos atletas queridos, que fizeram parte da nossa história defenderem outras cores que não as nossas, quanto mais imaginar que não haverá quem nos defenda. Somos parte importante desse processo e gostaria que continuassemos fazendo parte dele, parte do crescimento e expansão, parte dessa paixão.

Eles acreditaram e chegaram lá. Levou tempo, mas resultado se constrói com esforço, tempo e dedicação. Quando você não tem uma estrela, precisa fazer o elenco todo brilhar para sentir que pode. Então porque nós também não podemos? Tudo depende de continuidade, ou seja, tudo que não acontece por aqui, nós nunca precisamos de grandes estrelas, sempre tivemos uma constelação inteira, mas que precisava uns dos outros para brilhar, mas aqui isso nunca foi suficiente e isso me revolta, porque agora tudo que em que sempre acreditei aconteceu, só que em outra região do país.

Enfim, há dias que conviver com essa saudade é mais difícil, hoje é um deles e isso só me coloca mais a pensar e a lembrar, e não adianta eu dizer que vai passar, porque não vai, enquanto nossa equipe estiver em risco, uma parte de mim não estará tranquila, nem feliz. Tem que haver uma saída.

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