Os dias que antecederam meu aniversário não foram dos mais interessantes. Há dois anos atrás fazer aniversário era um evento, ficava pensando no que eu ia fazer e no quanto era legal comemorar, mas por algum motivo esse ano eu só queria desaparecer, mudar de idade estava se tornando uma tortura. Estava deprimida, com tédio, chorona, nada me animava e pior, tudo me incomodava.

Eu já não estava me reconhecendo, porque desaprendi a lidar com essa Ketty, adormecida por algum tempo dentro de mim. Eu olhava para os lados e nada me agradava até me dar conta que o grande problema era o sentimento que eu estava tendo comigo mesma: eu estava me sentindo pequena diante das dificuldades, diante da vida e tendo a sensação de que perdi a batalha que travei ao longe do meu 30º ano de vida.

Eu esperava mais, esperava que teria conquistava coisas minhas, ou dado ao andamento a elas, mas no final e simplesmente não sai de onde estava e para pior deixei de lado algo que para mim sempre foi sagrado: o basquete. Eu realmente me sentia derrotada e para piorar me via cada vez mais distante desse universo que tanto amo e que sempre me fez tão bem.

Então hoje pela manhã já me sentia diferente, como se pressentisse que algo estava para acontecer. A minha volta tudo estava exatamente no mesmo lugar, as mesmas conversas, os mesmos comentários e as mesmas situações, mas eu estava interagindo novamente e isso foi um verdadeiro alívio, o “inferno astral” estava finalmente abrindo caminho para que eu pudesse viver esse dia que, querendo ou não é meu, marca o início da minha caminhada.

Minha cabeça e meu coração voltaram para o meu corpo então pude começar a pensar no dia de amanhã e lembrar de que de todos os presentes que poderia vir a receber (mas que não vou porque não ganho presente de aniversário faz tempo a não ser que eu compre) o melhor não custa dinheiro e me faz bem demais, vou estar “junto” dos garotos, afinal amanhã tem um jogão importantísssimo pela frente.

Apesar desse entendimento, nos meus devaneios, eu  não estava pensando nisso, estava focada no trabalho e nas coisas que eu precisaria fazer ainda de tarde antes de ir a academia. Foi então que uma solitária faminta tomou conta de mim e me fez sair comendo tudo que eu via pela frente, parecia uma poço sem fundo, quando finalmente me controlei estava na hora de partir.

Despreocupada andando pelos corredores segui em direção a escada rolante quando meu coração disparou. Pensei: “- Ai meu Deus!”. Vi um aceno, mas aquilo não me satisfez, com um sorriso quase infantil no rosto sai correndo em direção ao pequeno grupo, sem nem pensar aonde estava ou se teria alguém olhando e achando aquilo ridículo, me perdoe se alguém viu e achou, pois não sabe o que aquele momento estava significando para mim.

Tanto esperei para esbarrar neles todas as vezes que andei pelo Shopping e nunca aconteceu. Ironicamente, aconteceu bem em frente da Cia do Esporte aonde 3 anos antes os conheci pessoalmente, apenas no piso superior. Os abracei, troquei algumas palavras, conheci Kojo e Bishop e então ouvi a seguinte frase: “- Você está sumida!”. Nossa, arrepiei quando ouvi aquelas palavras, mas também o que eu queria? Que eu me calar e deixar de fazer as coisas que eu fazia passariam despercebidas? No bom sentido tomei como um puxão de orelha mais do que merecido.

Logo eles seguiram para o treino e eu fiquei com aquela cara sabe, aquela de todas as vezes que algo aconteceu em relação a eles. E eu tinha vontade de sair do shopping pulando e gritando que eu era a pessoa mais feliz do mundo. Diria que é uma mudança considerável, pensando na minha expressão dos últimos dias. Ficou de lição para mim o que respondi ao comentário e no momento gostaria de reforçar que se “sumi” foi por medo, medo da rejeição, de começar tudo de novo e não ter o mesmo resultado, insegurança, tudo era muito novo para mim que talvez fugir tenha sido mais fácil, mas confesso minha conduta me envergonha e sei que não posso reparar esse erro, o que posso fazer é apenas continuar aqui, presente, mesmo que de longe.

A questão é que não suporto mais ficar longe, sei que assumi muitas responsabilidades, que minha vida profissional tem tomado muito do meu tempo e que o que sobra tenho dedicado a minha saúde, mas basquete também é saúde e bem estar, é minha motivação, minha alegria e quer saber foi bom descobrir a paixão dentro de mim outra vez, alias bom não, maravilhoso.

E para retribuir esse presente de aniversário adiantado nada melhor do que estar na arquibancada amanhã e torcer com todas as minhas forças porque não há um só dia em que eu acorde e lhes deseje um excelente dia de trabalho, então agora lhes desejo um excelente descanso e saibam que essa pessoa aqui continua nutrindo uma admiração gigantesca por vocês e estará aonde for para lhes apoiar e incentivar.

Sigam firmes nesse objetivo. A caminhada já está valendo a pena e eu confio em vocês.!

BOA SORTE E OBRIGADA POR SIMPLESMENTE EXISTIREM NA MINHA VIDA!