Uma forma de amor

Tem uma força me trazendo de volta para aonde tudo começou, como se quisesse me mostrar algo que não estou conseguindo enxergar e essa força tem trazido tantas lembranças que às vezes não sei se são boas ou ruins. Nunca foi segredo a forma como o basquete passou a ser o grande amor da minha vida, minha força, minha alegria. Um dia eu perdi alguém muito importante e com ele foi embora minhas certezas, minhas crenças no amor e um pedaço do meu coração.
Porém no basquete eu descobri uma outra forma de amor, uma outra forma de amar e isso acabou preenchendo o vazio deixado por essa pessoa que não faz mais parte da minha vida há cerca de 3 anos. A questão é que por algum motivo, consciente ou não, essa pessoa tem feito parte dos meus pensamentos, dos meus sonhos e tem me feito questionar o porque disso estar acontecendo.
Já pensei que o fato de ter ficado um pouco distante do convívio do basquete tivesse aberto uma porta para que tudo isso voltasse a minha vida, mas o fato é que nada realmente voltou, apenas o desejo de querer bem alguém que foi tão importante em minha vida. Acabei por entender que por mais que eu tenha sofrido com sua partida tudo aconteceu para que eu pudesse me descobrir em outros universos, pudesse viver outras experiências para agora entender que sinto falta dele para compartilhar minha vida e minhas vitórias.
Eu cheguei a questionar o amor, ou sua existência e apesar de saber que hoje em dia o amor tem sido usado de forma vulgar, leviana e outras coisas que nada tem a ver com seu significado eu aprendi a amar de novo. Aprendi a amar a força, a vontade, a determinação. Aprendi a admirar, torcer e me permitir viver uma experiência que nada tinha a ver com meu modo de vida. E assim comecei a enxergar amor em várias formas, amor pelo esporte, pela carreira, pela união, pela camisa que se veste e pela cidade que se representa, aprendi a ver amor nos olhos daqueles que escolheram o basquete para ser sua vida.
O amor sempre foi o sentimento que mais cultivava e mais presava, mas depois que comecei a dar algumas cabeçadas fiquei um pouco desconfiada e confesso, o mundo anda tão ausente de valores, de respeito, de humanidade que tenho sérias restrições em confiar, lógico porque temo em me machucar, mas muito mais por ser traida, enganada, por acreditar em algo que de repente não passasse de encenação. Não queria depositar minhas esperanças e meu amor em algo que não passasse de uma farsa.
Eis ai o motivo por eu ainda amar tanto o basquete, mesmo fazendo e escrevendo muito menos do que no começo, o sentimento que nutro por ele é exatamente o mesmo da primeira palavra, do primeiro contato. E ele se tornou importante, conquistou seu espaço em minha vida porque tudo que diz respeito a esse esporte é natural, verdadeiro, vem do fundo da alma de cada um que doa sua vida, seu suor e seu corpo a ele. Nada os motiva mais do que fazer um bom trabalho porque afinal de contas eles não existem para agradar ninguém, mas para levar o basquete o mais longe possível, buscando melhorar, aprimorar, aprender e vencer, no esporte e na vida.
O basquete ainda é meu amor verdadeiro, meu frio na barriga, minha taquicardia. Por ele não preciso provocar grandes mudanças, nem ser outra pessoa, posso ser eu mesma, serei aceita do mesmo jeito. Esse esporte fez vir a tona o amor que estava represado dentro do meu peito e me deu sabedoria para lidar com todos os amores que disputavam minha atenção, mais me consumindo do que me alimentando. Deixei que o tempo me curasse e no final ele não me curou, apenas me fez ver as coisas por outro prisma e entender que o buraco em meu peito nada mais era do que saudade de uma forma de amor que sempre me foi mais valiosa do que qualquer outra: a amizade.
As pessoas não acreditam mais no amor, na amizade, mas por mais resistente que eu seja em algumas questões, sei que ainda vale a pena amar, mesmo que seja um esporte, mesmo que sejam pessoas que não fazem parte diretamente da nossa vida, porque no momento que nos permitimos amá-las espalhamos amor a nossa volta e recebemos de volta sorrisos, gratidão e estímulos para continuar vivendo. Então não deixemos que o amor amargue dentro de nosso coração e nos transforme em pessoas nas quais nunca desejamos nos tornar. Deixe que o amor faça sua parte, nem sempre ele vem na forma que desejamos, não se mostra com a face que sonhamos, mas seja como for, o amor é um presente de Deus para nossa vida, para nos lembrar porque estamos aqui, para que deixemos nossa marca no mundo, afinal como diz um pensamento que li em algum lugar: “quem não amou não viveu”.
Eu escolhi amar o basquete não porque era mais comodo, mas fácil, muito pelo contrário, amar o basquete é lidar com muitos sentimentos negativos e lógico muita insegurança. É ter que provar o tempo todo que o que sinto é sincero e abnegado, afinal é o amor que me alimenta, o que recebo de volta é consequência. E como falei no início, algo parece querer me levar de volta para o começo de tudo, talvez seja para que eu possa redescobrir esse sentimento e não deixar de compartilhá-lo com as pessoas, para que no final eu posso sentir tudo que me aconteceu de uma forma diferente e então, finalmente superar, afinal, às vezes amar não é o bastante, e se isso acontece é hora de oferecer seu amor a algo que faça sentido para você e que possa fazer um melhor uso dele.
Hoje percebo que tomei o caminho certo e mesmo que a ausência daquela pessoa me machuque sei que ela precisava deixar minha vida para que algo melhor chegasse até mim e se de alguma forma ela vem se ocupando dos meus pensamentos é porque talvez esteja na hora de passar uma borracha no passado e começar de novo, afinal o que é verdadeiro nunca morre, só fica adormecido.
Nunca vou me arrepender de ter entregue meu coração ao basquete e a essas pessoas maravilhosas que fazem parte dele, porque me tornei uma pessoa melhor, fui transformada pelo amor que cada um sempre demonstrou ter pelo esporte, pelas pessoas e pela vida. O que sinto nunca será o bastante para retribuir isso, mas eu vou continuar tentando, com minhas palavras, minhas lágrimas e meus sorrisos. E vou continuar acreditando.
Sinto falta de vocês.

 

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