Quando ia para o trabalho hoje pela manhã, passando pelo ginásio como todos os dias, lágrimas inundaram os olhos, mas pela primeira vez não foram de tristeza ou de saudade, mas de esperança e naquele momento uma necessidade, uma angústia começaram a crescer dentro de mim, algo que eu não sentia a tanto tempo que chegou a me causar espanto, foi como me apaixonar outra vez, como redescobrir o amor dentro de mim, um amor que na verdade sempre esteve aqui, porém delirante, febril, cansado, desesperançado, guardadinho num cantinho do meu coração, que agora explodiu e resolveu requisitar a posse do que lhe pertencia: meu coração.
Há tanto eu não me sentia tão eufórica, tão feliz e tão segura, com essa alegria transbordando que parecia já não caber mais em mim, o tempo todo pensando em algo que eu poderia ou gostaria de escrever, formando frases na mente para depois transcrevê-las aqui. Não tenho mais medo, nem insegurança e sinto que tudo vai dar certo, porque somos guerreiros e não nos entregamos as dificuldades e que todas as adversidades só servirão, ao final de tudo, para nos tornar mais fortes e mais conhecedores de nossas habilidades e de nossas fragilidades. Todo momento ruim também tem algo de bom a ser considerado, eu acredito nisso, acredito nessa força, nessa vontade e na confiança que nossos atletas tem demonstrado ao decidirem permanecer na cidade, nossa base forte e unida, em torno de um único propósito: fazer o Basquete de Joinville cada dia mais forte.
E já que falei em atletas, como não falar das grandes alegrias que vivi ontem e hoje. Eu já estava muito feliz de saber que Audrei, Renato, João Victor e Tiagão estavam confirmados, porque acima de tudo tenho uma história com cada um deles e todas as lembranças reforçam o carinho e admiração que tenho por cada um. Tiagão foi o primeiro desse grupo com quem tive contato. O primeiro recado no blog, aquele que quando fui cumprimentar na quadra após um jogo sabia quem eu era sem termos sido apresentados anteriormente. Tiagão que nunca se rogou em compartilhar com a esposa Claudia minhas palavras, escritas através do blog e que tornou-se também alguém muito especial em minha vida.
Na temporada seguinte vieram Audrei e João Victor. Não foi difícil perceber que a amizade deles vinha de outra época, a sinergia era incrível, o apoio e o incentivo que vinham da troca de olhares me deixava fascinada. Era minha segunda temporada e eu não sabia como seria conhecer os novos jogadores e no final foi algo que levo comigo sempre, porque foi tão fácil. E então na última temporada veio o Renato. Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente já twittava com ele e depois, quando tive oportunidade de conhecê-lo não apenas pessoalmente, mas saber um pouco de sua vida vi que era um garoto de ouro e que era muito tê-lo aqui.
Enfim, me apeguei a cada um deles e para cada um sei que tenho várias histórias para contar, muitas das quais sei que dificilmente conseguirei esquecer, porque são parte de mim e eu me orgulho de ter vivido isso e de ter essas lembranças e mais, desejo que ainda haja muito história para ser contada daqui para frente.
Bom, mas as notícias boas não pararam por ali, André Góes teve seu retorno a equipe anunciado também e para mim, que tinha um carinho enorme por ele, não poderia ser notícia melhor. André fora um dos primeiros a me dar espaço, a me apoiar e esse tipo de atitude não se esquece, pois nos forma enquanto pessoas e lógico, acabou por criar um laço de gratidão. Senti com sua partida e senti ainda mais vendo-o jogar do outro lado da quadra, porém, torcia por seu sucesso e se isso lhe faria bem eu estaria feliz, mas confesso estou ainda mais com seu retorno e tenho certeza o que aconteceu em sua vida lhe agregou grandes valores e lhe permitiu amadurecer e será maravilhoso compartilhar esse novo momento de sua vida de perto.
Ontem, pelas promessas de notícias, estava muito apreensiva, queria saber de uma vez por todas se Shilton e Manteguinha ficariam. Aquela espera era uma tortura e por mais que soubesse que as notícias ruins chegam depressa, tinha muito medo de que fosse a última temporada. No início da tarde, porém, uma frase no twitter me chamou atenção: “O capitão ficou!” – dizia. Eu ainda estava no trabalho, mas a minha vontade era sair pulando no meio do setor de tão feliz que eu estava. Quem me conhece sabe do carinho que tenho pelo Shilton e o quanto admiro sua personalidade, seu carater e o apresso que tenho por sua família. Todos sempre foram muito gentis e atenciosos comigo e não há como contar a história do blog e a minha, de envolvimento com o basquete, sem passar pelo Shilton, não apenas por ser o capitão, mas por ser a pessoa que é, nunca me deixou na mão, sempre me encorajou, às vezes riu de mim, me descontraiu, mas acima de tudo, me ensinou sobre superação, dedicação e humildade.
Chegou hoje e ainda faltava uma notícia prometida para ser divulgada. A angustia havia se tornado ainda maior. Os jornais não diziam nada, nenhum comentário havia surgido, estava ficando nervosa, quando surgiu uma mensagem de e-mail na minha caixa postal, o título “Manteguinha renova contrato com Basquete de Joinville”, abri um sorriso meio bobo sem dar muito importância para o fato de estar no trabalho e senti uma onda de alívio me tomar, “mais uma vez ele ficou”. – pensei. A alegria, era motivada por sempre ter enxergado nele uma liderança natural, sempre senti o jogo fluir em suas mãos e quando a coisa complicava, ele chamava a responsabilidade e colocava o povo pra se mexer. Seria uma grande perda. Que bom que o verbo, está no passado.
Enfim, sei que ainda existem perguntas sem respostas, preocupações, dúvidas, mas hoje sinto que as coisas vão caminhar e vão dar certo e teremos nosso basquete forte, competitivo e de volta às quadras em breve, porque esses garotos não fogem da luta, nem se deixam abater e é por isso que tê-los por mais uma temporada é sinônimo de mais alguns meses de conquistas, alegrias e aprendizado. A permanência de cada um é um fato a ser comemorado e reverenciado. Nossa constelação está voltando a brilhar. Obrigada por continuarem sendo as caras, os braços, pernas e corações do Basquete de Joinville.