Vida Nova

Perdi as contas de quanto tempo estive ausente. Perdi a conta de quantas vezes chorei passando na frente do ginásio e de outras tantas que sufoquei o choro quando uma lembrança ou uma notícia tumultou meus pensamentos. Confesso, não fui uma pessoa muito legal, alias, acho que não fui eu e agora isso parece fazer mais sentido do que qualquer outra coisa. Foi como adormecer e permanecer desacordada por um longo tempo e de repente despertei num lugar que eu não conheci, um lugar onde o basquete não existia.
A vida se tornou nebulosa com tanta falta de informação, silêncio, dúvidas, incertezas, mas a verdade sempre esteve lá e foi mais facil acreditar em especulações do que no sentimento que existia dentro do peito me alertando para os perigos de me deixar levar pelo que parecia óbvio, ou naquilo que aprendi a enxergar nas pessoas.
Eu fui tão tola, ingenua,ignorando fatos, mas como em tudo na vida, eu cai na real e acabei sentindo raiva de mim, porém tenho algo de bom que é reconhecer quando cometo um erro e eu reconheci, voltei atrás e me retratei com quem fui injusta. E então o céu se abriu e os primeiros raios de sol começaram a tocar minha pele: eu despertei para uma nova vida.
Não podia ter sido mais perfeito, porque aconteceu num momento em que eu me preparava para voltar ao lugar onde meus melhores sentimentos, experiências e lembranças ligadas ao basquete afloram: Curitiba. Aqui respiro basquete mais do que em qualquer outro lugar, simplesmente porque minha motivação de me deslocar até aqui surgiu por causa do basquete e esse é um vínculo que vai permanecer mesmo depois que o curso acabar e eu tenha o título em mãos. Vínculos, nada mais forte do que isso para me colocar no trilho.
Tudo então culminou com a possibilidade de boas novas surgirem no dia de hoje. Adormeci com essa esperança e logo cedo, enquanto arrumava minha mala já procurava notícias. Porém foi quando eu cheguei a Curitiba que uma sensação tomou conta do meu corpo.
Olhando pela janela do onibus, enquanto ele entrava na avenida, uma sensação tomou conta de mim, a mesma sensação de euforia, emoção, satisfação que eu sentia quando entrava no ginásio em dia de jogo ou até mesmo quando aparecia num treino, a mesma alegria infantil, que preenchia o vazio que carreguei por tanto tempo dentro do peito.
Naquele momento minha mente foi inundada de lembranças, foi como em poucos segundos viver tudo novamente e aí eu soube que mesmo em meio a tanta turbulência o basquete nunca morreu em mim, assim como ele não morreu e não irá morreu para a cidade, para a torcida, para as pessoas que amam esse esporte que já faz parte de nossa vida.
E então, eis as primeiras boas novas. As primeiras renovações para aplacar nosso desejo de notícias. Como foi delicioso saber que Tiagão, Renato, João Victor e Audrei renovaram sua permanência na cidade. Mas lógico, não dá para não ficar apreensivo aguardando a resposta de Shilton e Manteguinha, com o desejo de que permaneçam fervilhando dentro da cabeça e sem contar em tudo que tenho certeza que ainda está por vir.
O fato é que nosso Basquete respira com folego novo e vai unir forças para se levantar, para continuar sua caminhada e vamos torcer com toda nossa fé e nossa força que Shilton e Manteguinha fiquem e que todos que vierem possam dar continuidade a nossa vitoriosa jornada, porque não são títulos que concedem essa imagem, mas a trajetória e ninguém pode dizer que não somos campões só porque não temos um troféu, temos o carinho, o respeito e a preocupação de toda uma cidade, acho que isso é motivo suficiente para encher o peito de orgulho, erguer a cabeça e seguir em frente.
Vida nova. Vida longa. Vida vitoriosa. Vida feliz ao nosso Basquete.

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