A fera ferida foi despertada. A chama que me guiou por mais de dois anos reacendeu dentro do meu peito. Uma mensagem, de repente, me tirou do mar de problemas, dilemas, cansaço e pesar no qual eu me encontrava desde que minha vida virou de cabeça para baixo, mas ainda, desde que fiquei longe daquilo que nunca escondi ser a coisa mais importante que tinha na vida: o nosso basquete.
Então hoje, depois da mensagem que recebi, de alguém penalizado, preocupado e desesperado com o fato de o basquete deixar de existir, me fez lembrar que esse é um medo que tolda a mente de uma massa apaixonada por esse esporte, que o admira, que a vibração do quicar da bola corre nas véias, me fez lembrar que o amor me trouxe até aqui e que por amor eu marquei na pele aquilo que mais fazia sentido para mim quando o assunto era o esporte da bola laranja: “Coração em Quadra!”.
Um tenebroso inverno se abateu sobre nossa cidade desde que o NBB acabou para nós. Informações desencontradas, farpas, mistério. Alguém sabe realmente o que está acontecendo? Por favor se alguém souber me diga, porque estou cansada e angustiada de ter medo de abrir o jornal todos os dias esperando pelo pior, não quero me sentir o “marido traido”, o último a saber e nisso falo em nome da torcida, que sei, tem esse sentimento aflorado e crescente.
Sempre deixei claro que meu sentimento pelo basquete não se tratava de paixão, pois paixão cega, era sim amor, e amor é você ter carinho, afeto, mas perceber as falhas, é saber que não há perfeição, pois ninguém é perfeito, é não ser condecente com aquilo que você não concorda e até puxar a orelha quando necessário. Eu sempre fiz o que meu coração mandou e apesar de não ter por habito de criticar, não significava que concordava, apenas escolhi manter a energia positiva e apoiar com o coração, pois para criticar já havia muitos e não era dessa forma que me sentia ajudando.
Pois bem, o basquete me permitiu conhecer muitas pessoas, me fez até querer estudar e a partir do momento que comecei a entrar um pouco mais fundo nesse universo percebi que muito ocorre nos bastidores de qualquer esporte e nem tudo é bom, você escolhe que caminho quer trilhar e naquilo que você quer acreditar.
Hoje, me questiono sobre tudo que acreditei ou que deixei de considerar simplesmente porque aquilo que tanto foi pregado não tem sido cumprido. Não sei quem são os culpados, se é que eles existem, não sei de nada, só sei que estou sofrendo por simplesmente ver que de repente tudo parece estar errado e que isso pode custar um sonho, uma dedicação, pode custar meu coração.
Ao longo da minha jornada, muitas vezes fui reconhecida como um reflexo do que a torcida sentia e não sabia como descrever, como expressar e se agora estou escrevendo é em nome das pessoas que de alguma forma eu represento e que dependendo do caminho que as coisas seguirem terão seus corações despedaçados, assim como o meu está prestes a ficar. E não digo isso apenas por um possível término da equipe, mas por ver nossos atletas nessa insegurança, nessa incerteza, e por vê-los partir. Digo isso porque enquanto torcida sempre atendemos os apelos e estivemos lá, fazendo a nossa parte, em contrapartida só queremos respostas.
Sempre preguei o respeito, a todos indistintamente, principalmente com todos que faziam parte do projeto, em especial com os atletas, simplesmente porque sempre os vi acima de tudo como seres humanos que as vezes podem não estar num bom dia. E se escrevo agora é justamente para cobrar uma contrapartida, cobrar respeito com aqueles que sempre lutaram para defendê-lo, respeito para com nosso sentimento.
Volto a dizer, eu, em especial, não busco culpados, busco a verdade seja ela qual for, doa a quem doer, eu só não quero continuar sentindo o que estou sentindo, porque sinceramente isso está acabando comigo. Sei que não escrevo e não digo uma palavra há muito tempo, mas porque tudo é demais para mim, tudo me põe a chorar e a me sentir culpada por não ter feito tudo que eu podia e por de repente ter perdido as últimas chances que eu tinha. Nessas horas fica só aquilo que não fiz, aquilo que deixei pela metade. O fato é que não sei lidar com a culpa que me persegue, então simplesmente me calei, alias, meu coração se calou e agora, de repente ele começou a gritar, e gritou tão alto que não pude mais ignorá-lo.
Não sei o que vai acontecer e clamo para que não seja o pior, apesar de que para mim o cenário hoje já é ruim o suficiente. Eu amo o esporte e aprendi a amar os atletas, aprendi com a dedicação deles, com a humildade que pode-se alcançar objetivos trabalhando, que nada é inatingível quando se tem força de vontade. Aprendi a admirar e a reconhecer suas virtudes fora das quadras, principalmente quando o assunto era família. Aprendi a respeitá-los como pessoas, como cidadãos de Joinville e passei a cultivar dentro do coração um espaço dedicado apenas a eles. Apesar disso, nunca deixei de respeitar, admirar e aprender com aqueles que faziam o projeto funcionar. Sempre fui honesta, sincera e transparente. Por isso só quero que alguém aplaque a dor que estou sentindo, porque no final a verdade sempre aparece, mesmo que demore, porque então prolongar o sofrimento?
Ketty!
Acho que você traduziu o que todos os torcedores realmente estão sentindo!
Queremos saber o que está acontecendo…qual será o futuro do NOSSO BASQUETE!!!
Torço de todo coração que este projeto que fez joinville vibrar….não acabe assim!!!!
Abraços!
Maira