Mil coisas rondam minha mente. Finalmente, porém por pouco tempo, estou vivendo um pouco de calmaria e essa mente um pouco ociosa me trouxe de volta para aquilo que tanto amo: o basquete e com ele algumas constatações, o que torna tudo mais assustador. O tempo realmente passou voando ou sou eu? Tenho aquela sensação de que não senti o tempo passar, como se não tivesse vivido até aqui e é bem provável que uma parte de mim realmente não tenha vivido. Estava tão imersa em preocupações que não me dei conta que o tempo estava passando e agora, de repente ficou parecendo tarde demais para algumas coisas.

Sei que minha mente por vezes tem ficado contaminada com coisas ruins, adoeço, perco a disposição, mas sei que há algo em mim que nunca se deixou contaminar, tão pouco enganar: meu coração, é lá que reside meu bem mais precioso, meu amor pelo basquete. Enquanto o tempo passava eu ia vivendo e aprendendo um pouco mais sobre mim e agora as vesperas de completar meu 30º aniversário percebo que mudei muito e que muitas das coisas que a 5, 10 anos eram importantes, hoje dizem pouco do que sou.  Muitas das coisas que faço agora em outra época eu nem sonharia ser possível, ou nem me interessaria, ou ainda nem almejaria e apesar disso, não me arrependendo de ter concentrado minha energia em algo que para muitos é loucura e que de verdade para mim não traz segurança alguma, porém me concede um alento para meu coração que compensa qualquer coisa.

Já são quase 2 anos e em outras épocas seria quase impraticável algo que não fosse “fonte de renda” ocupar tanto espaço na minha vida. Ok, reconheço que tive alguns muitos altos e baixos, mas a minha vida também sofreu muitas mudanças e tenho a séria deficiência de levar mais tempo do que o desejado para me adaptar a isso, ou ao menos me adaptar aos onus que algumas mudanças trazem, assim assim, minha vida tem sido pautada em paixão, em fazer coisas com amor, coisas que há muito não existiam mais em minha vida, tudo era apenas rotina e compromisso.

Muitas vezes me peguei refletindo sobre isso, porém acabava sempre incorrendo no mesmo erro e numa dessas reflexões senti como se o mundo tivesse caido sobre mim, o tempo passou tão depressa que não me dei conta que a temporada está mais uma vez entrando na reta final. Fui tomada de assalto ao perceber voltarem para minha mente e para meu coração os velhos medos que me assombram sempre que uma temporada chega ao final.

Me senti tão vulnerável e impotente outra vez com a possibilidade dos jogos acabarem, de ter que ficar longe da equipe, do ginásio e da pior parte: ter que por ventura me despedir de alguém outra vez. Senti que posso ficar 10 temporadas acompanhando o basquete através do blog que minha sensação será como no final da primeira temporada: desolação total. Fica uma sensação de vazio imensa quando eles estão distantes, quando não ha notícias, jogos, quando ninguém fala a respeito. Sei que pelos últimos meses eu até já devia ter me acostumado com isso, pois tive muito menos tempo para dedicar ao basquete do que em outras épocas, porém de alguma forma eles sempre se fazem presentes, seja por uma nota no jornal, alguma notícia, qualquer coisa que reporte minha atenção a eles.

Essa sensação de perda que me pegou de surpresa reacendeu algo dentro de mim, acho que foi aquela vontade louca de recuperar o tempo perdido, de tentar fazer as coisas acontecerem antes que seja tarde demais, pois não há nada pior que chegar ao final da temporada com a sensação de que não fiz o que podia ou o que devia. Já passei por isso antes com bem menos falhas imagina agora, que olho para trás com a sensação de fracasso. Sei que o tempo e as circunstâncias tornaram o blog algo além do que eu tinha projetado, tudo era pautado nos meus sentimentos refletidos em minhas palavras, mas se deixei-o crescer, não posso agora querer que ele volte ao embrião que era quando começamos e se meu projeto mudou, preciso adaptá-la as minhas condições, não penalizá-lo por isso. Hoje percebo que muito mais do que tempo, preciso de vontade e é justamente ela que estou rebuscando desesperadamente para recuperar o tempo perdido, estou buscando recuperar meus sonhos.

Tudo bem, essa conversa está parecendo coisa de doido, mas é a verdade, é o que esta passando no meu coração agora, tantas coisas deixei pelo caminho, não quero que isso passe em branco por falha minha. Minha vida mudou e vai continuar mudando e o basquete também estará em constante modificação e se eu quiser continuar fazendo parte disso tenho que aprender a me adaptar, sem perder o foco. Eu já quis muita coisa na vida,tive muitos sonhos e que hoje já não tem a mesma ou nenhuma importância, que deixaram de ser prioridade, em contrapartida outras coisas passaram a fazer parte do meu dia-a-dia e se tornaram tão importantes quanto o ar que respiro. Eu não deixei de sonhar, os sonhos apenas mudaram, mas hoje são mais concretos e significativos, são verdadeiros porque acredito neles com todo meu coração e eles fazem por mim o que os sonhos devem fazer em nossa vida: empurrá-la para frente!

Já diz um velho dizer que “somos do tamanho de nossos sonhos”. Muitas vezes meus sonhos se tornaram tão grandes, porém eu não acreditava o suficiente neles que eles murcharam e quando o basquete surgiu na minha vida, fazendo sonhos virarem realidade, trazendo tanta coisa boa para minha vida, percebi que o problema não era o sonho, mas eu que não me dedicava a ele, não colocava meu coração como eu fizera em outras oportunidades e como fiz sem perceber nessa minha relação com o basquete. As pessoas mudam, os sonhos mudam, o que não pode mudar é a vontade de realizá-los e aos meus sonhos destinados ao basquete não poderá jamais faltar crença e vontade, pois sei que tudo que diz  respeito ao basquete se realiza, e isso porque dedico meu coração a acreditar nisso e a grande verdade que o basquete me ensinou é que em tudo que está nosso coração, esta a realização. Os sonhos foram feitos para serem realizados, para definir metas e objetivos na nossa vida, se não os levamos em consideração nas nossas atitudes, não sabemos que caminho estamos seguindo, tão pouco aonde vamos parar!