O dia seguinte…

“5:30 da manha de domingo estou acordada tenho que trabalhar, é dia de eleição. Meus pensamentos estão desordenados estou com sono mas preciso cumprir minha missão.
Desembarquei no terminal da Tupy e de repente me vi imersa numa dor, eram as lembranças outra vez. Eu costumava achar divertido estar ali, tinha tanto de mim naquele lugar que viu um dos grandes amores da minha nascer. A cada dois anos eu via essa lembrança de adolescência, descobertas e me achava o máximo por manter isso vivo em mim. Porém na ultima vez que estive ali minhas lembranças eram acrescidas do momento sublime que eu pensava estar vivendo.
Só estando ali que me dei conta que até nisso ele estava presente e não pude fugir das perguntas comuns dos colegas de sessão, que acabam se tornando amigos pelas horas de convivência. Não queria ficar mal e permitir que aquilo estragasse meu dia, então tratei de mudar o foco e trazer o amor verdadeiro para mais essa parte da minha vida. E deu certo. Nada pode competir como aquilo que é verdadeiro e abnegado.
Eu estava trabalhando enquanto ”meus meninos” embarcavam para esses grande momento de suas carreiras, mas meu pensamento seguiu e segue concentrado neles pois só desejo que nada de ruim lhes aconteça, pois qualquer coisa que acontecesse me afetaria diretamente. Pensar nisso me provoca uma dor maior do que poderia suportar.”
Revirando o celular hoje pela manhã enquanto ia para o trabalho, depois de passar a noite com aquelas imagens da violência sofrida por nossos meninos na mente, me deparei com essas linhas que transcrevi acima. Era um texto que pretendia escrever no dia da eleição, quando tive problemas com o gerenciamento do blog e acabei não terminando-o. Entretanto ao encontrá-lo senti o peso da minha última frase e achei que faria todo sentido e oportuno postá-lo agora.
Eu continuava incrédula e sufocada. Não chorei o suficiente ainda, talvez só aconteça realmente quando encontrá-los. Passei pelo ginásio cedo e em minha mente vieram os rostos aturdidos e assustados de toda equipe. Eu queria parar de pensar, mas para todos os lados havia manchetes e no trabalho não fui poupada de comentários. No fundo eu queria mesmo colocar para fora minha amargura por ver pessoas que tanto amo privadas de jogar, privadas de sua liberdade de ir e vir e tendo sua segurança ameaçada e eu sem nada poder fazer, privada de notícias, nada que realmente pudesse aplacar o que estou sentindo, apenas vê-los e isso nesse momento já é mais importante que comer e tão necessário quanto respirar. Eu acamparia na frente do ginásio até eles chegarem ou no aeroporto de Curitiba mesmo que fosse apenas para vê-los de longe.
No final da tarde, ao chegar em casa, dei uma olhada na internet, encontrei alguns vídeos que me trouxeram um pouco de alento, pois podia ver alguém ao menos. Fui preparar os jornais para scannear e encontrei as matérias de antes da viagem, que pelos mesmos problemas que comentei anteriormente não postei. Me lembrei de como eu estava feliz vendo a alegria deles, estava tão orgulhosa de saber que eles fariam uma viagem internacional para representar o país. Eu via esse evento como uma grande força e uma grande oportunidade para nossa equipe.
Acreditava que isso seria mais um fomentador na busca de respeito e reconhecimento para nossa equipe. Que era uma forma de aprimorar e destacar nossa conduta centrada na verdade e na confiança, algo que nos permitiria continuar crescendo no cenário nacional e até internacional, mas principalmente enquanto grupo e enquanto pessoas.
Desde que.sobe da viagem, não pensava em outra coisa mesmo que não estivesse compartilhando. Pensava na imensa satisfação que eles deviam estar sentindo, penso na responsabilidade.de vestir o uniforme da seleção, representando-a oficialmente e pensava nas dificuldades que encontraríamos, mas sabia que tudo seria agregador a nossa luta, eu só não esperava esse desfecho. Até então nada me tirava a alegria, nem mesmo a derrota no primeiro jogo, para mim eles estarem lá já era fantástico, então eles venceram a segunda partida e então ficou perfeito, era como ver nossa história renascendo na luta, na vontade e na união de um grupo e não a sensação mais gostosa para sentir do que essa.
Era maravilhoso ver as manchetes, tanto antes, quanto durante os jogos, ver o destaque, saber que éramos nós a fazer história lá fora e então acontece esse fato vergonhoso. Dá vontade de chorar de raiva, simplesmente porque eles não mereciam isso. Sair de lá com mais uma derrota não seria tão doloroso quanto ser covardemente agredido. Passe o tempo que passar não vou conseguir aceitar o que aconteceu, não há explicações nem desculpas, porém o que realmente fica é a gratidão pelos danos não terem sido maiores, por saber que logo ele estarão em casa e que no aconchego de seus lares finalmente poderão apagar esse episódio lamentável de suas mentes e eu também. O importante mesmo é que no final acabaremos fortalecidos, porque não será uma injustiça dessas que tirará nossas forças, nem irá corroer nossa esperança em fazer o basquete crescer. A luta seguirá firme e confiante, porque nossa história e nossa conduta são muito maiores do que isso.
Fica o consolo nesse momento de que já não estão mais na China, mas em Dubai aguardando o vôo para São Paulo onde só chegarão amanhã a noite. Então agora o que resta é esperar e continuar desejando que façam boa viagem, descansem e cheguem em segurança. Continuaremos intercedendo por cada um. Nesse momento é só o que me deixa feliz, mas calma e reestruturada realmente só quando tivê-los na minha frente, quando puder ouvir suas vozes, aí sim meu coração ficará mais leve.
A TODOS UMA EXCELENTE VIAGEM. QUE DEUS OS PROTEJA.

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