Mais uma decisão…

Já perdi a conta de quantas vezes falei que o universo do basquete me faz muita falta. Estou relapsa outra vez, porque estou cansada demais para conseguir se quer ordenar as idéias para escrever algo coerente e interessante. Está faltando aquela energia que só existe quando estou perto deles. E então coisas surpreendentes acontecem.
Minha semana foi intensa e difícil, nem posso dizer que isso é atípico porque já está se tornando rotineiro. Conforme vou me adaptando ao cargo e adquirindo conhecimento mais você descobre que precisa fazer e mais precisa aprender e entender.  Porém verdadeiramente sinto-me sob pressão e não sou muito boa com isso não. Estou levando da melhor forma entretanto está sugando todas as minhas forças.
O cansaço é como as nuvens a encobrir o sol; escurece o dia e tudo perde o brilho, mesmo sendo contra a nossa vontade. Nossos garotos viajaram para Caxias aonde defendem o título do Sul Brasileiro porém nem tive forças para lhes escrever um texto de boa viagem ou comentar as vitórias até aqui e isso chega a me deixar constrangida.
Tantas coisas me passam na mente. Sei que meu maior desafio é não deixar que a rotina acabe com a emoção das pequenas coisas, mas é difícil porque de repente tudo parece pesado demais e não há com quer dividir. Estou caminhando para meu primeiro mês de promoção e estou feliz porque foi um reconhecimento ao trabalho que vinha desempenhando e estou percebendo que apesar da responsabilidade que ele me traz, não foi ele quem mudou minha rotina, porque ela verdadeiramente continua igual, apenas algumas coisas foram agregadas, a questão é que nunca alivia, quando tudo parece caminhar para um desfecho e amenizar algo novo toma nossa atenção e exige prioridade.
Meu medo de não ter mais tempo para o basquete tem sido uma constante, bem como meu medo de simplesmente cair em desuso, porém toda vez que algo acontece me emociono e percebo que há algo muito forte dentro de mim ligado a esse grupo. Foi como na semana antes da viagem ma China, que fui ao treino, parecia que havia vários corações pulsando ao mesmo tempo tamanha a força com que meu corpo tremeu ao entrar no ginásio. Naquele dia percebi o quanto isso me faz bem.
O pensamento do desinteresse já é recorrente, ele sempre surge quando fico tanto tempo longe penso que é desinteresse, que estou deixando de gostar, de me importar, mas quando estou no ginásio, perto deles, a emoção me agarra de um jeito que nem eu sei como chegou em mim. Quando estou lá é difícil tirar os olhos da quadra, pois tenho necessidade de estar com eles o maior tempo possível, já que meu tempo tem sido cada vez mais escasso.
Quando estou longe, ou quando penso menos no basquete parece que fica faltando algo. Estar perto deles é ter a sensação de que nada de ruim pode me acontecer, me sinto protegida, fortalecida e realmente tenho me sentido culpada por não retribuir isso da forma adequada como me habituei a proceder. Não é possível afirmar que não há nada dentro de mim que se afete por eles, porque é só pegar o dia em que eles retornaram de viagem, foi tão automático e impensado que quando notei já não podia mais ter controle sobre minhas lágrimas.
Ficar longe significa dar menos apoio e falar menos das coisas que me importam, significa não transmitir a minha mensagem e tão pouco discutir assuntos relevantes a modalidade e aqui que tanto prezamos em nosso basquete e nossa equipe. Me lembro quando saiu aquela notícia absurda sobre o impedimento de participar do Sul Brasileiro e acabei não comentando nada, mas passei um tempo digerindo aquela notícia. Estávamos vivendo um momento tão especial e veio algo para nos balançar e minha cabeça ficou tão tumultuada que acabei não falando nada a respeito.
Estávamos prestes a embarcar para a China representar o país, um momento de grande honra e que demonstrava nossa importância e visibilidade no cenário nacional. Prova maior de que efetivamente compomos a elite do nosso basquete, mas sempre fomos modestos e apesar de muito mais jovens enfrentamos com garra e confiança tudo que se interpôs.aos nossos objetivos. Lutamos e lutamos muito e conquistamos nosso espaço sendo a melhor equipe do sul do pais ha anos. Não tínhamos tradição. Estrutura. Recursos. Apenas vontade e muita força e esses ingredientes nos levaram mais longe, nos permitiram ter credibilidade pra ter parceiros que apostassem em nós. Nada veio de graça e sem esforço.
Então nesse momento em que o basquete renasce em todo pais fomos mais uma vez colocados a prova impedidos de participar de uma competição ja incluída em nosso planejamento de preparação sob a desculpa de participarmos do NBB, como se isso fosse uma punição por estarmos buscando e conquistando nosso espaço nacionalmente.
Foi difícil aceitar isso, sinceramente, porque sempre fomos uma equipe que respeitou as diferenças e foi humilde com todos os adversários e que tinha em seu ideal ser efetivamente um exemplo de perseverança para outras equipes de nossa região, ser uma força que impulsionasse os outros a querer seguir nossos passos, ser um exemplo. Ninguém mais do que nós deseja que o Estado ou a região fiquem fortalecidos, pois isso é oportunidade para nossos atletas e consolidação da modalidade. Graças que voltaram atrás na decisão e agora podemos torcer por mais um título, vendo a experiência se integrando com a juventude, vendo esse elenco prospero cada vez mais unido e falando a mesma língua.
A importância de qualquer competição local é, acima do título, o participar, o interagir, o fortalecer. Queremos um grupo forte, que saiba lidar com qualquer situação e nada melhor do que estar na quadra para testar nossos limites, independente do oponente.Por isso, as vésperas de mais uma decisão, fica aqui nossa torcida por um grande jogo, jogado na raça, na força do conjunto e na união, jogado com o coração, na busca pela excelência.
Boa sorte queridos. Um excelente jogo para todos nós! Força sempre!

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