Quebrando barreiras…

Algo mudou dentro de mim, porém é imperceptível aos olhos da grande maioria. Algo mudou sim, melhor dizendo algo deixou de existir e vai se refletir diretamente no meu modo de lidar com o basquete, com o blog e com tudo que está ligado a ele.
No começo esse universo foi apenas uma fuga, uma forma de eu me esconder da minha frustração, do meu desolamento por acreditar que ninguém poderia realmente gostar de mim, que ninguém me suportava ao lado, eu só queria ocupar minha cabeça e fazer algo de bom para alguém: o resultado? Não só atingi meus dois objetivos como superei minhas próprias expectativas, o que me tornou, alguém melhor, mais forte, entretanto cheia de cicatrizes.
Até agora, olhar para trás trazia de volta um pouco da dor que senti quando assumi esse compromisso, dilacerava minhas cicatrizes e por vezes achava que a solução era deixar tudo para trás, só que não faz parte de mim fugir de algo que assumi e sempre tive muito claro que estar nesse meio ia requerer de mim confiança, credibilidade, empenho e dedicação, pois me dispus a defender algo em que acreditava, oferecendo meu apoio e minha força no que fosse, portanto, já não cabia mais a mim decidir o momento de parar. Assim sendo passei a ter que conviver com aquilo que deixei no passado.
Minha vida passou a se resumir em: antes e depois do basquete e aquilo que estava no antes provocou o depois. A conexão era muito forte que por momentos, nem eu conseguia separar, até entender que eu precisava quebrar esse vinculo, pois há muito o basquete não me é uma saída, uma defesa, mas sim parte do que sou, e do que amo. É a forma que encontrei de me expressar, de me dedicar a algo saudável e realmente importante.
Que não vivo mais sem o basquete é um fato, só tinha que parar de viver com os fantasmas, com as lembranças que vez ou outra, principalmente nas últimas semanas, vinham corroendo minhas forças. Nesse momento fiz a única coisa que me cabia, coloquei um ponto final, virei a página, da forma que, acredito eu, melhor sei fazer: escrevendo.
Coloquei para fora o que me sufocava e percebi que era muito menos do que imaginava, perto daquilo que eu ficava remoendo. Quando cliquei o botão enviar, foi como tirar algumas toneladas das minhas costas, estava feito e então me libertei. Sei que está parecendo fácil demais ou até confuso, mas sei que os que vem me acompanhando tem a idéia exata, de quanta amargura e dor eu guardava dentro do peito. Inúmeras vezes, nas entrelinhas eu destaquei essa dor, porém como um combustível para me fazer escrever ainda mais, só que ultimamente nem isso mais fazia efeito, por isso, era a hora de me desfazer.
E confesso que não é fácil aceitar, abrir mão de algumas coisas, mas quando elas já não lhe fazem mais bem, é tolice deixá-la amargar seus sentimentos e não queria que amargasse o que sentia pelo basquete e por essas pessoas, pois não seria justo e lutei comigo mesma para afastar tudo isso de mim, até que tive coragem e fiz o que precisava ser feito.
Não poderei jamais mudar meu passado e sei que em parte sou grata a ele por ter me concedido tantas coisas maravilhosas. Sei que haverá momentos que vou fraquejar, mas na maior parte do tempo, já não vou relacionar imagens com lembranças remotas, nem me deixar levar aquele canto escuro do meu coração pelas músicas e o mais importante, não vou parar porque agora sim estou completa.
Quebrei a barreira do medo de enfrentar a verdade, de reconhecer os fatos e agora quero me deixar levar pelo vento da esperança, quero viver o basquete em sua plenitude pelo que ele representa para a cidade, não apenas pelo que foi na minha vida, essa história foi apenas o modo de nos aproximarmos, daqui pra frente, construiremos novos degraus e juntos subiremos cada um deles, pois agora sei que posso dizer que minha vida é realmente dedicada a uma paixão, sem olhar para trás temerosa de que há qualquer momento algo me tirará dessa alegria.
O passado, é apenas um capítulo da minha existência, tenho folego para escrever muitos ainda e acredito que ao lado desse grupo escreverei grandes etapas ainda. Vou aprender, cair, levantar, mas vou simplesmente viver esse momento mágico que é estar numa quadra de basquete e vibrar e transferir para o computador a essência de cada lance, sua beleza e sua magnitude. Vou viver e respirar o basquete, sem que isso represente uma ferida aberta no peito. Vou viver o basquete, não ser dependente dele, porque eu simplesmente amo muito tudo isso!

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