Tenho vivido emoções intensas demais nos últimos dias, coisas que trazem a tona minha emoção, meu amor e algumas frustrações também. A começar pela última quarta-feira, dia em que começou o Festival de Dança. Fui convidada a trabalhar durante as noites do Festival e com isso tenho acompanhado alguns espetáculos, porém estar nesse mundo me leva para um tempo da minha vida que meu sonho era dançar, voar pelos palcos entre cores, ser solista, ter as atenções e os aplausos para mim.
Acho que na minha geração era muito comum a menina fazer ballet, comigo não foi diferente, porém eu levava isso muito a sério, entretanto meu corpo não conseguiu acompanhar as exigências que a dança tem, adoeci e tive que parar. Fiz ballet clássico dos 4 aos 8 anos. Daquela época guardo fantasias, sapatilhas e muitas fotos, porém a lembrança que mais persiste é uma frustração: nunca ter me apresentado no festival de dança.
Sei que muitos acham uma tolice, cafona, mas sou apaixonada pela leveza, pela música, pelos movimentos, pela classe, pela postura, acredito que pelo ballet ter um certo romantismo, algo bem apropriado para mim que sou uma romântica incorrigível.
No meu último ano de ballet tive a oportunidade de ir ao Festival, o professor que estava substítuindo a titular (que estava de licença maternidade) me incluiu na coreografia que seria apresentada, porém quando a titular voltou me tirou, tirando a única oportunidade que tiverá de participar, já que logo depois deixei o ballet. Eu tinha apenas oito anos, mas não me esqueci daquilo, até porque foi o ano em que começamos a dançar com a sapatilha de ponta e quem conhece um pouco sabe que sapatilha de ponta é um sonho e é linda.
O tempo passou, passei por outras modalidades de dança porém nada completou esse vazio, essa frustração, que como é possível notar perdura. Toda criança tem um sonho, se baseia em algo que vê para seguir e eu queria dançar, antes mesmo de pensar em ser médica (sim ser médica foi o grande sonho da minha vida e vejam vocês virei contadora, blogueira, apaixonada por basquete e daqui a um ano especialista em Administração e Marketing Esportivo). Mas enfim, minha vida deu voltas e me trouxe até o esporte e quer saber agradeço imensamente por isso.
Depois de passar sexta pelo treino e também hoje e assistindo as apresentações de dança comecei a entender que não são duas paixões, mas uma: a arte! Talvez vocês não concordei comigo, mas agora tenho certeza que qualquer modalidade esportiva não deixa de ser uma manifestação artistíca porque para mim a arte é um dom, algo que é feito com amor, quem vem do fundo de nossas almas e ser atleta basea-se acima de tudo em amar o esporte.
E talvez vocês realmente achem que pirei comparando o ballet, que é uma dança com o basquete, que é um esporte, mas a verdade é que eles em sua essência são sim muito parecidos, ambos exigem disciplina, treinamento, habilidade, determinação, concentração, força, dedicação e apesar de contrastarem no ritmo, na intensidade, no espaço e na composição, ambos encantam, emocionam, prendem nossa atenção e fazem o coração pulsar mais forte. Cada um, a sua maneira captura nosso fascínio e admiração, tira nosso ar e coloca lágrimas em nossos olhos.
Curiosamente, a partir do momento que me dei conta disso, assistir ao ballet deixou de ser tão incômodo pelo fato de que até nisso o basquete me compensou, porque ele me permitiu fazer algo naturalmente e tive realizações por méritos próprios, a dança em minha vida será uma lembrança, ou um desejo do passado, pode até continuar sendo uma frustração, porém o basquete é uma realidade, uma realização, é o que desperta a minha essência artística para me expressar e deixar o que sinto passar para a tela, registrando dia após dia a história de um amor que nasceu em meu peito sem pedir licença, mas que hoje é “vip” no meu coração.
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