Lidando com as emoções

Quem é mulher pode compartilhar comigo a difícil missão que é “Ser Mulher”. Todo mês os hormônios enlouquecem e nos enlouquecem, alias enlouquecem a todos a nossa volta também. Quem já não teve uma crise de choro inexplicável, explodiu de repente, ou ainda pior teve tudo isso ao mesmo tempo? Pois bem, por mais que se crie métodos, tratamentos e sei lá mais o que, no final todas passaremos por isso em algum momento da vida. Bom, mas aí vocês podem me perguntar: aonde estou querendo chegar com isso? Bem, a resposta é que eu fui vítima disso hoje.
O dia era apropriado para ficar em casa, frio, chovendo e eu, debilitada, sem ânimo para nada tendo que atender a um compromisso inadiável. Meus passos era pesados, em vista de que, mesmo estando de férias acabei por arranjar um outro trabalho para me tomar tempo: trabalhar no Festival de Dança (efetivamente isso não é ruim, porém exige ficar a noite inteira de pé, assim sendo da para imaginar como estavam as minhas pernas e os meus pés essa manhã).  Bem, caminhar era difícil, depressa então, nem pensar. Então já que fora obrigada a me ausentar de casa, aproveitei para resolver outras questões no centro.
Era tarde já quando terminei tudo que tinha que fazer e foi então que recebi um chamado: meu coração me arrastou impiedosamente para um certo endereço na rua Max Colin. No primeiro momento achei que minha aparição fora em vão, mas logo o coração explodiu dentro do peito e me arrastou para dentro do ginásio e bastou ao coração que os visse para entender que estava finalmente em casa, finalmente tinha voltado para seu lugar de direito.
Dadas as circunstâncias, a emoção tornou-se mais forte do que podia mensurar e cai em prantos. Tentei por vários momentos lutar contra as lágrimas, mas percebi que seria em vão, represei por tanto tempo essa saudade dentro de mim que hoje, ela finalmente encontrou uma forma de se libertar, enquanto eu, bem, ficou bem claro para mim que continuo presa a eles da mesma forma que me lembrava, mas estou voluntariamente presa pois não sei realmente como fiquei por tanto tempo longe dele, como resisti.
A verdade é que ficar longe deles me faz mal, pois estar na presença deles desperta em mim tudo que tenho de melhor, sou mais humana, mais alegre, mas espontânea. Entrentanto sei e senti isso hoje, que a cada temporada será mais difícil, pois a cada temporada maior será a renovação no grupo o que apagará aos poucos essa história que construi com eles há pouco mais de um ano atrás. Lógico que esse não é meu desejo, mas me deparar de repente com novos integrantes reacendeu dentro de mim o medo de começar de novo, sim porque quem não viveu o início dessa história poder ter dificuldades em entendê-la. Também sei que já passei por isso antes e que não foi difícil, mas o medo persiste.
E além de tudo isso, somou-se o entendimento de que, por mais que eu procure, alguns rostos eu realmente não vou ver mais e de repente tornou-se tão doloroso lidar com perdas, mesmo já as tendo aceitado, digerido. O que sei é que algumas pessoas serão eternamente importantes na minha vida, mesmo estando longe, ou tendo mudado de papel, porque fizeram parte da construção de tudo em que me tornei e isso representava-me segurança, tranquilidade. Sei que ainda há muitos capazes de fazer isso por mim, mas por um momento não soube lidar com esse medo de estar acabada, do meu tempo ter se esgotado.
Bem, mas o importante de tudo isso é que eles estavam lá, trabalhando arduamente e dentro do possível me ofereceram seu carinho e sua atenção, fosse numa brincadeira, num aceno, num cumprimento, num olhar ou num abraço, ou simplesmente na constatação de que fazia muito tempo que eu não aparecia. Vê-los sorrindo, se divertindo enquanto trabalhavam, com bom humor, satisfação, saciou a saudade que por tanto tempo perdurou em meu peito. E além disso, meu principal combustível continua intacto: meu amor por essa equipe! Se me pedissem para mensurar hoje meu amor e minha saudade eu realmente não sabia, alías, minha saudade eu não sabia até entrar naquele ginásio essa tarde, ao sair descobri que era muito maior do que me permiti sentir até aqui.
Então, o que posso dizer? Ter vergonha dos meus sentimentos e das minhas lágrimas? Quem me conhece nesse contexto sabe que sou realmente assim, não é um subterfúgio ou uma maneira de chamar atenção, é a minha essência. E confesso, relamente não tenho muito domínio sobre minhas emoções, principalmente quando envolve basquete. E não sei explicar que tipo de força esse universo imprime sobre mim, só sei que é forte demais, e mesmo que para alguns isso parece loucura, para mim é a base sólida que me sustenta, que me mantém de pé.
Bem, sei que a dose de hoje foi um pouco elevada, mas não é nada além daquilo que realmente sou: a sensibilidade e amor transbordando de meu coração. Reflexo de um coração que batia satisfeito e feliz, por ter voltado para casa e para o convívio daqueles que, ama incondicionalmente.

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