Quando penso que aprendi a lidar com o buraco em meu peito, quando acredito que superei tudo que me trouxe até aqui algo acontece e deixa o pensamento distante, num tempo que não me pertence mais. Desde minhas viagens que tudo ficou assim, meio nostálgico. Comentei que tive tempo demais para pensar e por um lado isso torna-se bem ruim, porque lembranças chegam sem avisar e você não tem para onde correr, está longe daquilo que lhe é conhecido, daquilo que pode lhe salvar.

Foi assim principalmente na viagem a Piratuba, mais longa, cansativa. Minha mente viajava para longe, porém nas vezes em que o coração mais doia, quando lágrimas tornavam-se inevitáveis, sutilmente algo chegava ao meu coração para apazigua-lo. Entretanto estavam longe demais para me manter sã por muito tempo. O trabalho também exigindo concentração e força total, que eu já nem tenho mais e o cansaço absorvendo toda minha criatividade.

As viagens cessaram, minhas férias agora estão próximas de se tornarem uma realidade e já sinto que a qualquer momento posso encontrá-los outra vez. O clima do basquete já me arrebatou outra vez e digo graças a Deus estou sentindo-me envolvida por essa emoção, por essa energia, porque longe desse universo era como não ser eu. É como ter me reencontrado e aos poucos ir montando os pedaços novamente, organizando as idéias e retomando meu caminho.

Passar no ginásio agora é aquele momento sublime de lágrimas entre um sorriso solto na face, num olhar a fitar o infinito, mas é a melhor sensação para ser sentida nesse momento. E então, chego em casa e qual a notícia que vem ao meu encontro? Manteguinha renovou! Inconcientemente chorei, numa mistura de alegria, alivio e um monte de certezas sendo reafirmadas dentro da minha mente. Enfim, não precisaria fazer uma nova despedida.

E o que posso dizer que já não tenha dito? Era o integrante que faltava. Uma permanência tão almejada, enfim conquistada, sim, isso tem um divino sabor de vitória. Mas para mim o que realmente deixa esse momento saboroso é perceber que ele acredita nesse grupo, nesse projeto e que ele deseja sim continuar lutando com a nossa camisa, não há sentimento no mundo que possa explicar isso.

Ele deu seu voto de confiança para com a equipe e para com nossa cidade mais uma vez, fazendo isso ele assumo um novo compromisso de lutar e de fazer a diferença. Tenho certeza que se a temporada passada foi meio ingrata para com ele, devido a sua lesão, essa lhe compensará em dobro tudo que talvez ele tivesse desejado executar e não tenha conseguido.

E não vou esconder minha alegria, tivemos nossas perdas, mas enfim temos ainda uma base sólida, composta por grandes atletas, grandes pessoas que com nosso incentivo e confiança poderão fazer um grande campeonato. Junta-se nesse momento Fernando Coloneze, ex-Flamengo a essa “Tropa de Elite” sempre disposta e pronta e enfrentar os desafios, assim como outros ainda virão e por isso hoje, desejo ao Coloneze uma grande temporada, que ele possa somar-se ao grupo e dessa convivência possa agregar valor a sua existência. Que nossa casa possa ser um espaço promissor e agregador em sua carreira. Que seja bem vindo ao nosso amado e precioso grupo do Basquete de Joinville.

E assim, reforço que é preciso mais do que técnica para entrar em quadra e executar o que foi treinado, precisa de um coração tranquilo e confiante, capaz de absorver todas as desventuras de uma partida e manter-se firme, indiferente, porém motivado e aquecido para alcançar o colega que estiver caindo, para não declinar de suas prerrogativas de atleta. E esse suporte vem de nós meros expectadores, familiares, admiradores, amigos, nós temos o poder de elevar ou destruir um grupo. Sejamos a luz, não a sombra!