Flavio Aurélio dos Santos Soares

Em 13 de dezembro de 1972, na cidade do Rio de Janeiro Maria Aparecida dos Santos e Aécio Flávio Soares recebiam um grande presente em suas vidas, era nosso estimado Espiga, ou melhor, Flávio Aurélio dos Santos Soares chegando a esse mundo. Flávio é o irmão do meio de Márcia Cristina (a caçula) e Marcos André (o primogênito). No final de 2003, Flávio passou deu o primeiro passo para iniciar a constituição de sua família, casando-se com Cláudia Ghilardi Backes e dessa união veio Pedro de 5 anos e Laura Augusta de 1 ano e 11 meses.
Se o assunto for futebol, seu time do coração é o Flamengo. Já quando o assunto é música, Flávio considera-se eclético, só não curte Heavy Metal. A música que ele cita é “Relicário” cantada por Cássia Eller. Também gosta muito de cinema, porém, tem pouco tempo para frequentá-lo, então gosta de assistir filmes em casa.  “Tropa de Elite” é um que ele comenta ter gostado muito, diz ele: “Me fez ter uma visão mais ampla da violência na minha cidade natal e refletir bastante sobre o comportamento de nossa sociedade.”
Formado em Educação Física pela Universidade Gama Filho (RJ), Espiga gosta de aproveitar o tempo livre para ficar com a família e sonha em “criar seus filhos com dignidade e passar para eles os valores que o esporte lhe ensinou” e completa: “farei de tudo para este sonho se tornar realidade…”. Flavio também tem um mascote o canarinho “Popó”, foi o que seu espaço físico lhe permitiu possuir, comenta. Daqui a 5 ou 10 anos Flavio se vê trabalhando no projeto de base do Basquete de Joinville e também no adulto, porém em outra função…
Seu ídolo é seu pai, hoje, falecido. Quando questionado sobre um lugar, Flavio aponta Joinville para morar e Fernando de Noronha para passear. Considera-se “bom de garfo” e diz que tem vários pratos preferidos, mas o que veio a sua mente foi o strogonoff que sua mãe fazia e o carreteiro de sua esposa, porém para falar de si mesmo tem dificuldade, mas apontou como qualidade ser amigo de seus amigos e como defeito ser impulsivo.
Flavio conta que estudou em colégio público até o segundo grau, era muito ativo só pensava em basquete e assim, sua concentração acabava não sendo das melhores, porém tem muitas lembranças desse tempo e até se pega querendo saber notícias dos amigos daquela época. Até cita que o Orkut tem sido uma boa ferramenta para possibilitar esse contato. Após essa fase, comenta que o basquete lhe ajudou na formação acadêmica, permitindo que completasse seus estudos com as bolsas que ganhava para representar o colégio ou a faculdade em competições esportivas.
Seu despertar para o basquete começou aos 7 anos. Flavio fazia natação e quando seu treino terminava, ia esperar seu irmão, que fazia basquete. O técnico lhe oferecia uma bola para ficar batendo do lado de fora enquanto esperava. Na época o técnico (Byra Bello comentarista do SPORTV) dizia que ele levava jeito, porém ainda levou 3 anos até que ele iniciasse definitivamente no basquete. Nesse intervalo ele nadou por mais um tempo e chegou até a ser goleiro de futsal, mas a partir dos 10 anos iniciou nas categorias de base do Vasco da Gama e por lá ficou até os 20. Depois passou pelo Suzano (SP), Mogi das Cruzes (SP), Tijuca (RJ), Corinthians (RS), Jequiá (RJ), Fluminense (RJ), Uberlândia (MG), Minas Tênis (MG) e Joinville (SC).
A família teve e tem até hoje papel importante na carreira de Espiga. No início, ele conta que os jogos e os treinos mobilizavam a família inteira, até porque seu irmão também jogava. Lembra-se que sua mãe e sua irmã mais nova eram as mais eufóricas, seu pai era mais calmo, talvez um observador, já que, mesmo sem nunca ter jogado basquete sempre tinha conselhos a lhe oferecer ao final dos jogos, algo de que ele sente saudades. Hoje, Flavio tem a sua própria família, que sempre que possível lhe acompanha aos jogos, algo que para ele lhe fortalece, lhe passa uma energia boa, além do que ele diz que adora que sua família esteja inserida nesse ambiente esportivo e que é muito bom ver seu filho Pedro começando com seus arremessos nos intervalos, que para quem acompanha é nítido perceber alguns traços do pai em sua desenvoltura, mesmo com sua pouca idade. Porém o que importa para o paizão é o convívio com o esporte, independente do esporte que no futuro ele escolha praticar.
Comenta que as dificuldades que enfrentou foram as normais de qualquer menino, precisava pegar vários ônibus para chegar ao clube onde treinava, em vista da grande distancia de sua casa para o clube, além de conciliar os treinos com a escola. Outro fato foi que o Vasco não tinha a categoria na sua idade de forma que ele acabava sempre jogando contra garotos mais velhos.
Flavio se diz muito crítico e exigente consigo mesmo, algo que pode ser percebido tanto no pré-jogo quanto nos treinos, como também durante as partidas. Como seu inicio deu-se através de seu irmão que já praticava a modalidade, ele tornou-se um ídolo, bem como Nilo, Marquinhos, porém hoje seu espelho são as experiências adquiridas ao longo da carreira com companheiros de quadra, técnicos, procurando, através da observação, ter sua própria formação. Ele considera que a maior transformação de sua carreira, ocorreu no período compreendido entre sua ida para o Fluminense até aqui no Joinville, para ele o Fluminense foi um divisor de águas. Entretanto o momento mais difícil foi quando perdeu seus pais em 2005.
A perda de seus pais lhe deixou sem chão por um tempo, tornando difícil retomar as rédeas da vida outra vez e foi nesse momento que veio o convite para integrar a equipe de Joinville. Dado o momento que vivia chegou a recusar o convite, que acabou sendo refeito semanas depois, em vista da recusa de outro jogador. A continuação disso a gente conhece bem, Espiga nos presenteando com suas belas e decisivas participações, dentro e fora da quadra, sua alegria, humildade e sinceridade. O fato curioso foi seus primeiros meses de adaptação, a ausência de céu azul tornou esse período difícil para esse carioca que não estava acostumado com tanto céu encoberto, fato já superado.
Espiga conta que em dia de jogo tenta manter a rotina, apesar de pedir a esposa para não lhe pedir nada no dia da partida e come macarrão. Busca manter o foco no jogo, em vista da função que ocupa em quadra: a de armador no time.  Em sua mente não há espaço para qualquer coisa fora do contexto, tanto que nem consegue ver quem está na arquibancada, só desligando mesmo quando o jogo acaba. E as palavras do professor Alberto Bial na preleção, em seu entendimento, só reforçam o que foi combinado e o que deve ser feito, auxiliando na manutenção do foco.
Flavio vestiu a camisa verde e amarela em várias oportunidades ao longo de sua carreira e descreve isso como sendo uma sensação maravilhosa que sempre lhe emociona muito, inclusive ele compartilha que sua maior experiência esportiva foi justamente representando o Brasil, o Universiade de 97, realizado na Sicilia, onde conquistaram a medalha de bronze. Além da conquista em si sobre a seleção da Itália, as dificuldades para a preparação do elenco (foram apenas 5 dias), marcou aquele momento as amizades formadas.
Agora, o mais interessante nessas experiências, (Fluminense e Universiade) foi descobrir que Alberto Bial esteve presente em ambas, como técnico de Espiga, fato que demonstra e ratifica a confiança, admiração e amizade que um tem pelo outro. Na sua opinião, nosso mestre tem as melhores palestras entre os treinadores com quem teve oportunidade de trabalhar e lhe é muito grato. Ele o entende como líder e cita que alguns anos de convívio o fizeram entendê-lo um pouco mais que os outros e as experiências compartilhadas renderam a admiração recíproca que pode ser constatada por qualquer um que acompanha o basquete. Ousaria até em dizer que é possível perceber traços de um no outro.
Espiga é um dos jogadores mais antigos na equipe, tendo sido um dos precursores da reestruturação do basquete de Joinville em 2007, logo após decretada a sua extinção, algo que lhe  deixa muito orgulho e com a sensação de que está se trilhando o caminho certo nesse molde de organização. Além disso ele também é hoje o jogador mais experiente, mas independente disso busca sempre “fazer as coisas certas, respeitar, dar exemplo, dedicação, comprometimento com a causa, desejando sempre estar passando algo de bom”. Mas observando, a certeza que fica é de que ele é um líder nato, que orienta, inspira confiança e tranquilidade.
Outro fato importante em sua trajetória é que hoje ele também trabalha com as escolinhas, onde destaca o fato de “poder ser parte atuante no processo de formação dos indivíduos” e ainda como auxiliar técnico na equipe adulta, que para ele lhe dá a sensação de estar mais comprometido com o time. Com tantas funções em uma única pessoa (jogador, professor, auxiliar técnico, marido e pai) ele cita que a forma para conciliar tudo é sempre fazer com muito amor, já que como ele diz: “Devo tudo ao basquete na minha vida e está na hora de retribuir tudo que me deu”.
Seja Espiga ou Flavio, a verdade é que essa pessoa é dona de um bom humor sensacional, diz o que tem que dizer sem te magoar, sincero, humilde, transparente, generoso, dedicado, incentivador, correto. O tipo de pessoa que te faz bem só de estar perto e é um exemplo de como o esporte é importante na vida das pessoas, o quanto ele pode fazer por elas, pois como ele mesmo disse: “Hoje tenho a certeza que o basquete é uma ferramenta para o meu desenvolvimento como ser humano” e  que assim possa ser para muitas outras gerações que estiverm por vir.
Fica aqui a mensagem de Espiga para a torcida e para os jovens atletas:
“Sei que minha hora está chegando e só peço muito obrigado pelo carinho dos torcedores nestes anos aqui em Joinville e continuem confiando em nós.
O basquete é um esporte rico em oportunidades para desenvolver o ser humano, então, aproveite cada momento que ele lhe proporcionar”.

3 thoughts on “Flavio Aurélio dos Santos Soares

  1. Chorei! Lindo o texto amiga, parabéns mesmo.
    E esse Espiga é demais né! Fala sério.. melhor que ele não tem!! É um líder nato, um jogador espetacular, como técnico da base então nem se fala. Cumpre todas as suas funções mt bem.
    Bom, sou suspeita pra falar né.. e acho que tu já falou tudo e mais um pouco!
    Beijo

  2. Oi Ketty.
    Estava procurando umas coisas na internet e achei este texto tão legal e escrito c muito carinho.
    Muito obrigado mais uma vez. Essa visão sobre mim de outras pessoas me deixa muito orgulhoso. Da vontade de mostrar para os meus filhos.
    Bjs e saudades

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