Apaixonada ou Interesseira?

A palavra treino mexeu com a minha imaginação e com meu coração. A respiração acelerou e comecei a sentir o pulsar intenso outra vez. Como é bom sentir isso, saber que eles estavam treinando, que eu poderia vê-los fez com que só existisse um pensamento na mente e não tive sossego enquanto eu não atendesse esse meu desejo.
E como foi maravilhoso entrar no ginásio, ouvir as vozes, o ruido, sentar na arquibancada. Sei que a quadra estava mais vazia do que o que estou acostumada, mas ainda assim foi aquele tempero especial para o meu final de dia estar ali e tê-los por perto, mesmo que fosse só um pouquinho.
Estava tudo perfeito, já que sentir o coração batendo no estômago e os olhos marejarem não tem preço, porém as coisas tomaram um rumo inesperado, trazendo a baila um assunto que sempre me incomodou, mas que acreditei já ter sido superado. Ao longo da minha vida sempre fui ingênua demais, transparente demais e por isso fui muitas vezes mal interpretada e pelo jeito, continuo.
Confesso, fiquei bem magoada com determinadas afirmações, mesmo que tenha sido apenas uma provocação ou uma brincandeira. Qualquer pessoa que acompanha a minha trajetória sabe que eu morria de vergonha e de medo de me aproximar, que era muito mais fácil ficar atrás do computador escrevendo do que indo lá e dizendo pessoalmente, e isso foi motivo de muitas gozações e implicâncias no começo, que minha liberdade de ir e vir é recente e ainda, que no início algumas pessoas achassem que eu era doída, ou coisa parecida, agora já entenderam que tudo isso é apenas reflexo de muito amor.
Então, se admiração agora é interesse não sei o que estou fazendo aqui. Me julgar pelo comportamento da maioria das pessoas, que não se importa em conhecer o ser humano que existe por trás do cargo, só se interessa pela posição que ocupa, então tudo que fiz até aqui não valeu de nada, é quase como afirmar que usei uma máscara todo esse tempo e que vinha buscando algum benefício pessoal com minha aproximação.
O maior bem que recebi até hoje foi a amizade, que não se pede, não se compra, se conquista. Então deixo a pergunta, será que eu teria o respeito, admiração e amizade de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o nosso basquete, se estivesse usando uma máscara, se tivesse sido atraída apenas pela relevância que os atletas possuem no meio social? Eu acho que não. Até porque, não fico criando situações para sempre me fazer presente em suas vidas e talvez, eu realmente não sentisse o que sinto por cada um ou não os veria como os vejo hoje se não os tivesse conhecido pelo basquete, mas pelo simples fato de que o basquete me oportunizou conhecê-los, pelo simples fato de amar o basquete e pelo que eles fizeram pelo mesmo, como qualquer outro tipo de trabalho ou evento pode proporcionar. Admiro os seres humanos que o basquete me possibilitou conhecer.
Talvez eu não chegaria a conhecê-los se não fosse o basquete, bem como não teria conhecido a quantidade de pessoas sensacionais, que buscavam no ginásio entretenimento, emoção, ou que simplesmente adoram esportes. O Basquete de Joinville uniu essas pessoas, criou um laço entre esporte, sociedade e equipe e no final me dizer que minhas ações são movidas pelo meu inconciente que me atrai a tudo isso pela posição social é contextualizar nesse enredo um número muito grande de pessoas.
Porém, é preciso lembrar: as pessoas podem fazer as coisas simplesmente porque gostam, sem querer nada em troca, sem olhar aparência ou visibilidade, podem se alegrar e se satisfazer com um pouco de carinho e atenção e com isso sentirem-se motivados a fazer sempre mais. Ainda existem pessoas com sensibilidade para fazer o bem sem olhar a quem, para observar as pessoas por dentro e ter isso como característica mais importante do que a beleza física. A maior prova da existência de pessoas assim é esse projeto, que nos ensina solidariedade, humildade, cuidado, educação, porque então precisei ouvir que se os integrantes da equipe fossem qualquer outra coisa eu nem os notaria?
Se eles fossem qualquer outra coisa, só não teria proximidade se estivessemos em contextos muito diferentes. Talvez em qualquer outro poderiamos ter nos conhecido com até mais facilidade, sem a minha constante insegurança, ou talvez, poderia ser o inverso da teoria que foi criada, podia um deles ao me conhecer em outro contexto achar que eu nada acrescentaria em sua vida.
Dizer isso para mim é como dizer que tudo que fiz foi falso, impróprio, se eu realmente almejasse algo com isso, não seria um investimento um tanto quanto caro? Sei que estamos cercados de pessoas que fazem as coisas esperando retorno, agora  me dizer que só digo o que digo porque eles são quem são é me comparar a essas pessoas, é me jogar na vala comum.
Bom, desculpem o desabafo, eu estava alegre demais para ser verdade não é mesmo, mas ter essas percepções também são importantes, uma vez que me movem a repensar minhas atitudes, me instigam a discutir, e fazer uma auto análise dos meus atos, consultando meu coração a cerca da imagem que estou transmitindo.
A resposta a pergunta do título eu deixa a cada um, se conseguir concluir que tudo isso aqui é uma farsa, tudo bem, posso até fechar as portas, só que vou continuar amando-os da mesma forma.

2 thoughts on “Apaixonada ou Interesseira?

  1. Amiga quem falou uma coisa dessas é totalmente sem noção ,não te conhece so pode !!!oque move vc é o amor eu acredito nisso ,sinto uma ponta ponta de inveja em quem te disse isso ,mas olha não liga não !

  2. Ketty, não liga pra essas bobagens que o povo fala!
    Garanto que eles tem inveja de você, que é tão querida pelos jogadores e pela comissão técnica.
    Não dê ouvidos a isso!

    Te cuida!
    Beijão!

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