Uma declaração de amor permanente a Equipe de Basquete de Joinville e a todos os atletas que nos honram e honraram ajudando a construir a nossa história!
Estou dentro do ônibus, voltando para casa, depois de mais um final de semana de muito aprendizado. Incrível como vir a Curitiba muda meu humor e minha mente. Me sinto livre, importante, feliz, completa e disposta. Foi apenas a segunda aula, a segunda disciplina, mas não há palavras para descrever como essa experiência está sendo especial na minha vida. E vocês sabem quem são os responsáveis por eu ter tido coragem de fazer isso? Sim, vocês meus amores, sempre.
Desde que me formei desejei estudar fora, mas sempre havia mais motivos para eu não ir, do que para encarar, os que mais pesavam eram o financeiro e o próprio medo do novo. Porém a vida me deu condições tanto emocionais e até financeiras para me desprender desse medo e entender que posso ser capaz de administrar bem essa novidade.
Na quinta, quando arrumava minhas malas me peguei diversas vezes pensando nos sentimentos que me envolveriam quando eu chegasse a Curitiba novamente. A última experiência não tinha sido muito boa em vista de que fora o final de semana em que deixamos o NBB, o começo dos medos, das despedidas e da distância. Deixo claro mais uma vez, fiquei sentida não pela eliminação, mas por saber que ficaria longe demais, por tempo demais e que alguns eu nem voltaria a ver e isso para mim é bem mais complicado do que a classificação no campeonato.
Na sexta então quando embarquei, após um atraso de 40 minutos, acabei chegando no destino no mesmo horário da última vez, mas eu não tinha pressa para acessar a internet, pois não havia meus garotos para acompanhar, para vibrar. Foi imediato ser tomada pelas lembranças, porém, não foram dolorosas, muito pelo contrário, me aproximou, me fez senti-los próximos a mim, justamente porque o motivo de eu estar ali estava diretamente ligado a eles.
Confesso estava preocupada, achei que não iria acompanhar muito bem a disciplina que seria ministrada no final de semana… gestão de academias é restrito demais para minha formação completamente distante de Educação Física, entretanto o professor logo deixou muito claro de que a abordagem seria bem mais abrangente e aplicável a todos os ramos de nossa vida profissional do que parecia. Não tardou para eu perceber que ele tinha razão.
Foram dois dias discutindo atitudes de atendimento, liderança, gestão de pessoas, motivação, marketing, vendas, competência, respeito, tudo num clima de muita descontração, numa troca de experiências e numa generosidade sensacional, que sei não teria tido em outro curso qualquer.
Venho de certa forma, da Gestão de Pessoas e muitos assuntos tratados não me são estranhos, mas acho que nunca tive esse tema discutido com tanta proximidade, não o apliquei com tanta facilidade na minha vida e em tudo que me cerca como dessa vez. Acho que assimilei tudo que foi passado de uma forma bem mais positiva.
Sinto-me bastante integrada ao grupo e feliz. Na primeira aula, havia descoberto que tinha conhecidos em comum com alguns colegas de aula, o Jonas estudou com o Vinícius e o Carlos fez faculdade com o Espiga. Então no final de semana, o Carlos, que mora em Florianópolis, mas é carioca, comentou que conversou com duas pessoas do basquete de Joinville num Fórum que aconteceu em Floripa, juntando as peças logo conclui que devia se tratar de Luisão e Sandro. No final das contas, o tempo sempre vai me levar de volta ao Basquete e isso é maravilhoso, só reforça a importância de estar nesse meio.
E agora indo embora, já estou sentindo falta, pois aqui não sou a Ketty contadora, não tenho vínculos, compromissos, eu simplesmente estou aprendendo para mim, agregando informações, criando o meu conhecimento para quem sabe um dia compartilha-lo com outras pessoas com interesses semelhantes. Eu estou aprendendo devido ao amor que o Basquete criou em mim pelo esporte como um todo.
E vou dizer, o mais fascinante foi perceber o quanto nós em Joinville somos privilegiados com o modelo de gestão e liderança que possuímos em nosso basquete. Uma liderança que não ignora os sentimentos, o coração, que é zelosa, dedicada, íntegra, que faz as pessoas quererem estar perto por confiança, admiração, respeito. E há algo ainda mais interessante, o profissional de educação física tem em suas mãos as ferramentas para provocar a mudança de comportamento nas pessoas, por meio da elevação da auto estima. Querem um exemplo? Sou eu. Agora vocês conseguem ter alguma noção de qual foi a minha reação quando me dei conta disso? E olha que o professor nem me conhecia, tão pouco conhecia minha história com a equipe, mas eu senti ele dizendo isso para mim, porque percebam, eu comecei escrevendo porque queria ajudar e eles me retribuíram de certa forma cuidando de mim, coisa que fazem com todos que lhes demonstram carinho, admiração, incentivo, eles elevam a nossa auto-estima.
Louco isso não? Talvez para alguns isso tenha sido bem óbvio desde o começo, mas para mim agora realmente faz sentido e outra, foi como me encontrar, pois uma das coisas que o professor frisou intensamente foi a necessidade das pessoas apreciarem o esporte e as artes para tornarem-se líderes melhores, pois os líderes precisam ter sensibilidade uma vez que lidam com pessoas e principalmente as artes (música, literatura, pintura) possibilitam isso. Mas o que me tocou foi quando ele citou como exemplo as pessoas que escrevem como pessoas com uma sensibilidade elevada para terem percepções que passa despercebidas da maioria. Agora me digam se não era para eu ficar emocionada e se essas palavras não são totalmente aplicáveis ao meu contexto: tenho comigo o amor pelo esporte e o amor pela escrita, esporte e artes caminhando juntos e no caso em questão, unidos para o benefício do próprio esporte.
Quando o ônibus deixou a rodoviária eu já tinha lágrimas nos olhos, porque é nesse momento que o misto de sentimento me toma. Sinto falta da minha casa, da família, da internet que é menos inconstante do que no hotel, mas não sinto falta de quem sou ou de quem tenho que ser para administrar os conflitos e responsabilidades que vou encarar quando a segunda-feira chegar. Em Curitiba, longe de tudo isso, sou apenas alguém em busca de ampliar horizontes, agregar conhecimentos, experiências, sou alguém bem melhor, mas mesmo voltando para tudo isso que às vezes me causa incomodo, passar por Curitiba e pelas aulas me traz um novo ânimo, uma nova força!
O ônibus esta escuro, porém não totalmente silencioso. Lá fora é só penumbra, ainda estamos em São José dos Pinhais e fico aqui, olhando para seus rostos no desktop do computador, a saudade retumbando dentro do peito, é fato, levo vocês para onde eu for, pois se eu fraquejar, tenho vocês para lembrarem-me de quem e do que sou. Eu estou me transformando, me descobrindo e hoje percebo como minha aproximação tem sido positiva e fundamental para todo esse processo, porque agora me dei conta, eu estou realizando um sonho e investindo em algo que é só meu, imagina quando o curso terminar sei que vou olhar para trás e ter a absoluta certeza de que valeu a pena. Estou abdicando de algumas coisas por algo que sei vai me gerar frutos e vai me fazer muito feliz.
A bateria está acabando e eu estou ficando com sono, ainda há uma dor na minha cabeça me perturbando, mas estou medicada então logo ela deverá me deixar, porém compartilho ainda um sonho bobo com vocês. Minha vida toda quis um computador portátil para escrever de onde eu estivesse, quando desse vontade. Há um ano e meio eu o comprei, mas até hoje realizei parcialmente esse sonho, porém hoje acho que ele está sendo completado, apesar da insegurança que sempre cerca estar com equipamentos assim em evidência, hoje quis escrever então tirei o equipamento da bolsa e escrevi, como já deve ter ficado claro, de dentro do ônibus.
Então, esse sonho está completamente realizado, ao menos esse, pois é da minha natureza e da minha essência sonhar incansavelmente e buscar meios de realizá-los, sou uma sonhadora assumida e como comentou professor Fabio Saba, o mundo tem pregado que devemos parecer ser algo, mesmo que isso não seja o que realmente somos, porém isso é falso, é como abdicar de nossa essência, então, não me importo se há quem não goste de mim como sou, não entende minha essência, meu coração, nada posso fazer, não dá para agradar a todos.