Tenho andado em débito com todos que acompanham o blog, eu reconheço, me afastei um pouco, mas não foi de propósito, muitas coisas tem tomado meu tempo e principalmente dominado as minhas forças, diria que são coisas demais acontecendo num curto espaço de tempo. Entretanto sei que não justifica, então aos poucos vou retomando as funções para compensá-los pelo tempo sem novidades.
Semana passada estive na VO2, fui resgatar minhas carteirinhas de sócio torcedor, já que havia deixado-as no ginásio no último jogo. Encontrei o Luisão, conversamos rapidamente e para mim aquilo já fez um bem danado. Quarta teve a inauguração do Restaurante do João Victor, o “Gato Mia Espetinhos” e sabia que seria uma oportunidade para ver os garotos, mas estava exausta e não fui, dias depois fotos me confirmaram a presença de vários e ficou aquela pontinha de arrependimento. Isso de alguma forma aumentou a minha saudade e minha ansiedade.
Sei que todos sentimos falta dos jogos, eu fiquei triste porque usei muito pouco minha camisa oficial, mas ela está aqui, sempre perto de mim, como um manto, uma proteção, é algo que me dá força e me ajuda a curar as feridas. Não vou ficar chateada com isso, estamos aqui sabendo que existe a sazonalidade, porém mesmo que não vejamos, a temporada e o trabalho continuam. Para mim, basta voltarem a treinar que já será o máximo, pois sinto falta de tê-los por perto e alguns até poderiam dizer que me contento com pouco, no entanto, eu me contento em viver o basquete em todas as suas formas, isso me deixa feliz.
O verdadeiro trabalho está acontecendo agora, longe dos nossos olhos e é assim que funciona, alguns folgam para recarregar as forças, retomar o equilíbrio, a esperança; outros correm em busca de organizar, planejar, manter aquilo em que não podemos ajudar. E enquanto o grupo cumpre sua parte, nós aguardamos ansiosos por notícias.
Pois é, falando em notícias uma me pegou de surpresa no final de semana em Curitiba: a saída de André. Sinceramente acho que era previsível, ele se destacou, foi visto e teve uma oportunidade e há momentos na vida que não é possível deixá-las passaram. Quando soube entristeci, chorei, mesmo sabendo que seria uma coisa boa para ele e por isso tentei manter a compostura, mas bem, meu foco não é esse, não nesse momento. O que quis realmente dizer ao citar a notícia é que no dia em que encontrei o Luisão, um sentimento começou a me alertar de que havia algo que eu não ia gostar, e fui para Curitiba com esse sentimento, enfiei na cabeça que precisava publicar logo a entrevista do André, porque talvez depois pudesse ser tarde, conseqüência, sábado a noite a nota no DraftBrasil caiu literalmente no meu colo.
Eu soube, como a maioria das pessoas que acompanha basquete ficou sabendo e quer saber, não me incomodo nem um pouco de não ter as notícias primeiro, saber dos bastidores, das fofocas, não tenho essa necessidade. Se alguém me contar algo, vai morrer comigo. Minha vida não depende de conhecer os segredos e as novidades, me basta saber o que todos sabem, pois as notícias são públicas e só é noticiado o que as pessoas devem saber, se não sei mais do que isso é porque não é para eu saber, seja por confiança, proteção ou conveniência.
Não vou usar as pessoas para ter informações “valiosas”, até porque se soubesse antes o que poderia fazer com elas? No caso em questão eu ia começar a sofrer mais cedo ou em outras circunstâncias, guardaria para mim, até o momento oportuno de comentar e tanto isso é verdade que soube no sábado, mas só hoje estou falando sobre o assunto, pois cabia a direção da equipe fazer o anúncio oficial da saída, não a mim.
Na verdade acho que no momento estou preferindo não saber de nada porque tenho medo do que está por vir. Eu aceito bem as mudanças, isso não significa que eu não as sinta. Quando saiu a lista das 5 primeiras renovações, foi um alívio, porém, minha paz só estará restaurada quando o futuro de todos estiver definido. Os que ainda não renovaram, se não renovarem me farão sofrer, porém, tenho consciência de que cada um merece ter o melhor para o seu futuro e se esse melhor não for aqui, terei que aceitar a ausência e a saudade que irá me provocar, é justamente isso que estou sentindo em relação ao André nesse momento.
Minha proteção é ficar longe dos comentários e especulações, quando for para eu saber de algo saberei, pois quem sou eu para ter prioridade sobre algo? Quem sou eu para ter alguma vantagem? Eu sou apenas uma fã, uma torcedora para todos os “efeitos legais” e ponto final, não influencio, não faço a notícia, não tenho tudo em primeira mão, eu só tenho aquilo que me permitem ter e me contento simplesmente porque há coisas que tenho que não são vistas, mas existem e é justamente isso que me move.
É muito bom quando o que sou é suficiente para agradar, quando não criam expectativas sobre mim, o que sou e o que faço basta, por isso sou privilegiada e minha gratidão vai além da saudade que sinto. O Basquete mostra de verdade quem sou, resgata de dentro do meu peito a generosidade, o sorriso, a alegria, a liberdade e a paixão pela escrita. Amo essa sensação de plenitude e satisfação que me entorpece. Amo quem sou por causa do basquete, no que me tornei. Alguém que extravasa as emoções sem culpa ou vergonha, que não teme dizer o que pensa, que acredita em si, mesmo em seus rompantes de insegurança, que simplesmente optou por seguir seu coração e tem colhido os resultados.
Sei que as especulações existem e às vezes incomodam, eu particularmente não gosto e sei que isso também incomoda quem realmente pode fazer algo. Nesse meio vejo um pouco como desrespeito ao trabalho que é desempenhado aqui, porque algumas pessoas não entendem que não basta trazer os melhores jogadores, existe uma filosofia, uma metodologia, e não é qualquer jogador que vai se encaixar nesse esquema, é como uma empresa, ser um bom profissional não significa que será bom em qualquer empresa. Montar uma equipe competitiva é uma questão de perfil, de liderança, de energia, como qualquer empresa, as pessoas precisam funcionar juntas.
A verdade é que quanto mais o tempo passar, mais eu vou reforçar esse entendimento, ainda mais depois das minhas aulas, estou passando a ter uma visão profissional de algo que eu só enxergava com o coração. Não posso mudar essa minha natureza de querer sempre ajudar, sem julgar, culpar, ou criticar, isso nem combina comigo. Minha proposta e meu compromisso é outro e é ele que sigo, com muito amor e carinho no coração, acreditando na essência e na virtude, juntando, a partir de agora, uma visão profissional, ao tudo que senti, sem esquecer de que para tudo há um tempo e mesmo que a caminhada seja longa, sempre vale a pena.
Eu só posso desejar muito trabalho e serenidade a todos que administram aquilo que amo tanto e que perdure a integridade, a transparência, o trabalho em equipe e a sinceridade para que eu possa continuar acreditando, talvez um dia eu não tenha o mesmo valor, como já vi acontecer ao longo da minha vida profissional. Ninguém é eterno em nada e eu tenho que estar preparada para o fato de um dia talvez não ser mais tão interessante. Por isso falo de confiança e transparência porque querendo ou não sentimos quando as coisas mudam e descobrir assim dói mais. Porém um dia alguém me disse que me via daqui há 10 anos sentada no mesmo lugar e torcendo. A visão disso é bem boa, mas hoje acredito que posso fazer bem mais do que isso.