Joinville 75 x 74 Assis

Mais de 18 horas se passaram e a alegria ainda me contagia. Sei que não costumo demorar tanto para escrever, mas esse jogo mexeu comigo de uma forma diferente, porque mais importante que a vitória, foi mostrar que ainda estamos vivos e lutando e não fizeram apenas um grande jogo, mas nos honraram com sua garra e sua determinação.
A semana foi uma verdadeira loucura e confesso, nem tive muito tempo para pensar no jogo durante o dia, mas quando sai do trabalho, senti algo diferente e ao passar pelo ginásio a caminho de casa, vendo aquele inflável com o logo da equipe, senti uma paz e uma alegria, essa sensação que sempre me acompanhou e da qual vinha sentindo saudades. Me sentia com uma energia diferente, no trabalho estava exausta, agoniada para ir logo para casa, mas depois quando finalmente cheguei, só quis trocar de roupa e ir logo para a academia e onde acabei superando minhas expectativas e rendi muito mais do que esperava.
Ao chegar em casa, só me restava tempo para tomar banho e me arrumar para sair. Quando vesti minha camiseta de sócio torcedor, meu uniforme indispensável para os jogos, estava tão alegre e durante todo caminho estava vibrante e falante, sem preocupação, sem ansiedade, calma até demais. E ao entrar no ginásio me deparar com todos no aquecimento como sempre, mas sem explicação meu sorriso atravessava a face, meu coração transbordava de ternura, e lembrando agora desse momento percebo que eu estava realmente diferente.
A entrada oficial deles na quadra, e depois a apresentação, eles estavam brincando, se divertindo, eles estavam esbanjando alegria. E enquanto era executado o Hino Nacional, tentei me controlar para não ficar pensando em como iria começar o texto após o jogo, uma mania, pensei apenas, cada jogo é um jogo e quero fazer parte dessa história para depois contá-la, então não vou pensar. E dessa forma, mantive minha mente vazia e sem explicação meu corpo ficou leve e eu segui sem grandes sobressaltos até o último quarto.
O jogo seguia pegado, nossa defesa, impressionante, dando muito trabalho para o trio de americanos que com certeza é a grande arma do nosso oponente da última noite. Mantendo a calma na marcação dos pivôs que para mim eram mascarados até demais. Contra ataques, os rodizio dos jogadores, sempre mantendo a qualidade e a precisão, revezando entre a coletividade no passe rápido das bolas, buscando o melhor momento de arremessar, fosse na tiradas individuais, que promoveram grande momentos.
Nossa equipe não se abalou com as reclamações dos adversários, com a vantagem que por vezes eles abriram, sempre correram atrás, encostaram, não perderam a linha, exaustos, não se entregaram, mantiveram o mesmo rendimento durante todo o jogo, mostrando vibração, confiança e alegria. Combateram a afobação,  e mantiveram um auto controle incrível, foram frios em momentos cruciais, mas explodiam em sorrisos em cada ponto convertido.
No último quarto era o momento decisivo, veio a apreensão, era o momento difícil, muitas cestas não eram convertidas, em compensação nossa defesa continuava dando muito trabalho, ao passo que eles nos davam trabalho também. Nos minutos finais a diferença girava em 1 ou 2 pontos, com as equipes se revezando no marcador, a mente e as mãos estavam inquietas, mas meu coração ainda sereno. Com um minuto estávamos um ponto a frente, com 30 segundos estávamos empatados. Foi então que aos 25 segundos Shilton sofreu uma falta na infiltração, desclassificou o abominável camisa 99 e converteu um dos lances livre, colocando-nos 1 ponto a frente. Agora era a decisão, 25 segundo era o tempo de um ataque, tudo teria que ser decidido na defesa.
Foi então que voltaram a quadra e como uma muralha Espiga simplesmente desarmou o armador adversário, enquanto o cronômetro se aproximava do zero, faltando 5,8 segundos aproximadamente ele deu o passe, nossos garotos pressionavam dentro do garrafão, o oponente ainda tentou arremessar, mas a bola subiu apenas e foi desviada para a lateral, parando nas mãos de Manteguinha a 1,4 segundos para o fim, onde ficou até zerar e sermos decretados vitoriosos.
Só entendi o que estava acontecendo quando vi nosso mestre Bial atravessar a quadra e cumprimentar Espiga, depois dar a volta, correndo e vibrando muito. Enquanto todos aplaudiam eu agradecia a Deus por tornar aquele momento possível, estando com cada um durante os 40 minutos de jogo e gritei, soltei o grito sufocado a tanto na garganta. Olhei para os garotos eles sorriam, eles se abraçavam, eles estavam felizes e eu, eu não cabia em mim, tanto que transbordei em lágrimas, vendo-os reunidos no centro da quadra, confraternizando e só queria correr logo para a quadra e dar-lhes um abraço.
Destaques: André, Audrei, Espiga, Vinicius, Manteguinha, Tiagão, Shilton e Sobral, sim todos que entraram em quadra merecem destaque, apesar que destaco também o banco, que apoiou, incentivou, vibrou e ai destaco especialmente João Victor, inquieto, agoniado, gritava, apoiava, chamava a torcida para dentro da quadra e fazia uma festa a parte. Destaco todos sim, porque todos colocaram seu coração para jogar enquanto a mente seguia concentrada e focada em cada lance. E quem olha os números pode contestar minhas palavras, porém, nessa partida eles não são mais do que estatísticas, não refletem a essência desse jogo, tão pouco a comoção e a sensação maravilhosa de estar no ginásio.
Não há números que mensurem a vibração de Audrei ao infiltrar, converter a cesta e ainda ganhar um lance livre. Tão pouco o sorriso malicioso de Jefferson após o tocaço no adversário que roubou a bola e foi crente achando que levaria mais dois pontinhos, que terminou com a bola nas mãos de Vinicius que foi pra bandeja e tomou falta, com mais um lance livre, tão pouco o sorriso satisfeito a cada ponto marcado por ele. Não mostra a concentração de Shilton em fechar o garrafão e crescer para apanhar rebotes e ainda no lance livre decisivo, que nos colocou a frente e nos trouxe a vitória, esse quesito onde ele vinha sendo tão criticado, nem a determinação de Tiagão em acertar os arremessos. Não mostram Manteguinha e Espiga conduzindo a equipe, dando velocidade no ataque e ritmo a defesa. Não mostra a determinação de André, Manteguinha e Jefferson nas infiltrações, afrontando a defesa adversária e deixando ao menos uma falta de presente para o oponente.
Sim, os número nesse jogo não representam a alegria transbordando, nítida em suas faces, na percepção absoluta de que estavam com alma e coração em quadra, unidos pelos laços da confiança, transformando esse jogo e essa vitória em algo além de um grande resultado, mas em algo mágico e sem comparação. Simplesmente eles foram espontâneos, equilibrados, fizeram o que tinham que fazer na certeza de que estavam fazendo o melhor e acreditem vocês fizeram bem mais do que isso, vocês trouxeram para dentro de nossos corações a luz e brilho de seus olhos, o sorriso contagiante e uma sensação de paz que só sentindo, porque para descrever me faltam palavras, foi como despertar de um sono profundo.
E aos eternamente insatisfeitos que estão analisando números friamente, tudo bem, não dá para agradar todos, agora uma coisa eu digo, não será esse eterno inconformismo que irá derrubar nossa equipe, não mesmo, simplesmente porque mais importante que vencer, é entender que todos tem qualidades e capacidade para mudar as coisas e hoje esses garotos, guerreiros, homens com força e maturidade para decidir, foram lá e escrever o final dessa história como eles traçaram e objetivaram, então é isso que tem que ser enaltecido, porque se alguém está buscando perfeição, desculpe, mas não a encontrará em lugar nenhum. E ainda, se acharem que vencer por um pouco é demonstração de um jogo apertado ou de sorte, eu contesto, o jogo foi difícil, o adversário era extremamente qualificado o que traz sim um sabor especial a vitória, mesmo por um ponto, acho até que isso deixa ainda mais saboroso.
Termino agradecendo a todos por terem me permitindo sentir essa leveza e essa euforia que me tomou por toda noite, me fazendo querer gritar ao vento a alegria que estava sentindo por vê-la estampada em seus rostos. Não há nada que pague a deliciosa magia que vocês espalharam pelo ginásio, a magia que pertence a vocês e só a vocês e que nos faz entender que mais importante do que vencer um jogo é vencer na vida, é levar os ensinamentos da quadra para fora das quatro linhas, fazendo da alegria, da confiança, do comprometimento e da união ingredientes para todas as áreas da nossa vida.
Amanhã já teremos um novo capítulo para escrever e sei que devem estar desgastados da partida de ontem, mas tenho certeza que amanhã vocês podem se superar novamente, afinal você são o Basquete de Joinville, sinônimo de superação. Busquem aquilo que desejam, pois eu só desejo que alcancem o que vocês buscam. Deixem suas essências prevalecer para ditar o ritmo e fazer aquilo que vocês lembraram ha muitos que sabem fazer e muito bem. No mais que Deus esteja com todos essa noite, lhe traga tranquilidade para que possam descansar corpo e mente para amanhã despertarem com aquela magia para espalha-la pelo ginásio outra vez.
AMO VOCÊS HOJE, AMANHÃ E SEMPRE! CADA DIA MAIS!
FIQUEM COM DEUS!

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