Quisera entender que sentimento é esse que me assombra… não sei se ele estava aqui antes, mas parece que agora é que ele está mais visível aos meus olhos Quase duas semanas lendo de uma forma que não fazia ha tanto tempo e de repente, agora que já estou no 4o livro, parece que estou começando a voltar para a realidade. Estava tão envolvida, inebriada pela leitura que nada mais tinha importância, mas agora que sei que estou chegando ao fim, apesar da ansiedade de conhecer toda a história, fica uma ponta de saudade como se fosse sentir falta desses personagens que pareciam fazer parte da minha vida nesses últimos dias. Parece que foi uma forma de fuga, das coisas que me perturbam, das decisões que não consigo tomar, das coisas que preciso fazer e não sei por onde começar, queria que não acabasse. A sensação que estou tendo agora é muito parecida com o final do campeonato que não queria que acabasse, porque não queria ficar longe deles, mas acabou e a saudade me consumiu por semanas, até que o ar voltou a carregar aquela atmosfera gostosa de basquete. Ao menos eles são reais e de alguma forma sei onde encontrá-los quando me dá saudade, e que mais cedo ou mais tarde o campeonato vai recomeçar. O que me entristece é não saber se estou tratando-os da forma correta. Às vezes tenho a impressão de que estou fazendo algo errado, como se eu desse a entender que só os enxergo como atletas, como se só fizesse o que faço e me aproximo por causa do que eles representam para a cidade, quando a verdade é bem outra. E então me pergunto: será que isso me afasta deles aqui fora? Será que quando atravessamos a porta do ginásio devo ignorar sua profissão e a forma que me levou a conhecê-los para que eles também possam me ver além da torcedora completamente apaixonada? Eu sei, talvez esteja sendo metida demais, ou curiosa demais, mas sei lá, faz parte das relações humanas. Acho que estou meio neurótica ultimamente, talvez eu estivesse precisando de férias ou simplesmente um pouco mais de tempo para mim, menos compromissos, menos responsabilidades, menos enigmas na minha vida. Talvez eu simplesmente esteja precisando “arremessar umas bolas” e olha que isso não seria má idéia, talvez eu esteja precisando voltar ao ginásio e recarregar minhas baterias. Sinto lágrimas presas em minha garganta, mas nem sei de onde elas vêem. O ser humano é movido a desafios, é o que os move, os motivo. O tempo todo eu sou desafiada a pensar, medir minhas atitudes, tomar decisões, mas fico sempre com medo de estar tomando o rumo errado. Viver é um desafio enorme, mas as vezes não sei se estou satisfazendo o que esperam de mim, estou sempre achando que podia ser melhor. A leitura, tanto quanto ir ao ginásio me despertam prazeres que abdiquei por algum tempo e me permitem sonhar, mesmo que o sonho as vezes me entristeça por ser apenas um sonho e sonhar para mim também é um desafio, já que fiquei um bom tempo evitando isso. Talvez eu estivesse precisando colocar minha mente para funcionar e escrever como eu fazia no passado, criar histórias, transferir meus sonhos para o papel, talvez eu ficasse mais leve. Ainda assim, as vezes acho que não estou sendo realmente desafiada, que apenas estou deixando o barco correr e não faço nada para mudar as coisas e quando sou, simplesmente não sei o que fazer, principalmente quando se trata de pessoas, que em geral é o que mais me desafia, a forma de lidar com elas e pior o medo que as vezes tenho delas, a vontade de me aproximar, de conhecer e de não magoar, de ser realmente alguém que as pessoas queiram ter por perto e que sabem que podem contar.