Um ano se passou e enfim, chegou ao fim minha aventura de trabalhar em outra cidade, chegou o grande dia da despedida. Era a última vez que eu via o dia amanhecer de dentro daqu
ele micro ônibus, direto do meu acento com vista privilegiada da rodovia, mas o espaço nem tão privilegiado assim. Fone nos ouvidos, música rolando como em toda a viagem. No meio do caminho o sono e por alguns momentos até fechei os olhos, mas dessa vez não estava tensa e a viagem correu tranqüila. Até ali parecia um dia comum, até que já em Jaraguá, quando a primeira pessoa desembarcou que me dei conta: essa era minha última viagem. As lágrimas brotaram e escaparam de meus olhos, por mais cansativo que fosse, ali eu tinha uma história, ali eu tinha amigos, amigos os quais iria sentir muita falta. Era engraçado só sentir essa sensação de perda naquele momento, já que havia comemorando a minha despedida no dia anterior, junto com todos eles, mas só agora que o laço realmente se rompia e que me dei realmente conta, de que o ônibus não estaria me esperando na porta da prefeitura as 17h e que não haveria as conversas conforme o grupo embarcasse, onde surgiam as novidades e curiosidades do dia, eu iria embora sozinha dessa vez. Meu coração estava apertado, me despedir dessas pessoas era difícil, pessoas que só me trouxeram alegrias, com sua incrível capacidade de colocar um sorriso no meu rosto. Pessoas que agüentaram minhas trapalhadas, me divertiram, ouviram, acalentaram. Sim, ônibus é lugar de fazer amigos e eu sei, deixei vários lá. E eu sou grata por essa experiência, justamente pelo privilégio de ter conhecido a cada um e ter dado muitas risadas com eles. Sou grata por todos esses momentos inesquecíveis e por terem me permitido ser autentica e me agüentarem assim mesmo. Mas bem, a viagem acabou, uma última olhada em volta e segui em frente, ainda tinha a difícil missão de me despedir dos colegas de trabalho. Logo que entrei, já fui surpreendida com um presente, alias, mais um, visto que no dia anterior já havia recebido outro. Não sabia nem o que dizer. O dia passou rápido e não consegui fazer
nem metade das coisas que imaginei, minha mesa já estava arrumada, as gavetas vazias, só restava assinar a rescisão. O clima apesar de tudo era de festa, afinal minha saída representava oportunidade de crescimento e amigo que é amigo, fica feliz quando o outro cresce, mesmo que isso signifique ficar longe. Era hora de encerrar esse belo capítulo. Agradecer a todos pela paciência, pelo carinho, pela generosidade acho que sempre será pouco, porque acho que eu toda minha vida, nunca tive realmente pessoas cuidado de mim, sempre tinha a responsabilidade de tomar minhas decisões e correr atrás dos prejuízos, o resultado apenas era validado, mas em Jaraguá, tive muito respaldo e muito apoio, como se eu fosse uma peça frágil que era tratada com toda a delicadeza. Com certeza eu vou sentir muita falta dessas pessoas, que contribuíram valorozamente para o meu crescimento, acreditaram em mim, me deram credibilidade para desempenhar minhas funções, me orientaram e me ajudaram em todos os momentos. Foi apenas um ano, mas a sensação que levo na bagagem é de que passei uma vida lá. E vou levar comigo as histórias, o aprendizado e o carinho de todos para comigo. Até agora estou impressionada com a quantidade de presentes que recebi, claro são apenas coisas materiais e não é isso que tornam as pessoas especiais para mim, mas esses presentes me mostraram que eu era realmente querida pelo grupo e isso me marcou de uma forma que não sei explicar. A todos só tenho a agradecer, por tudo de bom que me deram, para cada situação uma palavra, para cada momento um gesto e principalmente por terem me agüentado meses a f
io falando de basquete, rs! Alías nos últimos meses todos que conviveram comigo, só ouviram sobre esse assunto! Mas afinal, deu pra perceber que não só de basquete vive a minha mente.
Essa trajetória chegou ao fim, vou sentir saudades de tudo isso, mas tenho que reconhecer, cheguei ao meu limite e hoje sei que o maior aprendizado que tiro dessa etapa de minha vida é dar valor as coisas que estão tão próximas da gente e que por estarem ao nosso alcance nem lhe damos importância. Agora começo uma nova etapa em minha vida, de volta a minha cidade, mas num novo lugar, numa nova atividade, novos desafios que enriquecerão minha experiência profissional e espero eu, trarão uma nova motivação.
Diante de tudo isso, fico me questionando como pode alguém afirmar que não acredita em amizade? E como então, dizer que time de amigo não ganha campeonato? Honestamente, trouxe a minha experiência para afirmar que time de amigo ganha sim, que em qualquer área da nossa vida profissional, ter amigos a nossa volta é saudável e produtivo, porque favorece o relacionamento interpessoal, cria laços, segurança e a possibilidade de ser honesto em qualquer situação, porque confiamos em quem está a nossa volta. Claro que isso não vale para todos, infelizmente em todos os lugares encontraremos os oportunistas, os interesseiros, os invejosos e os traiçoeiros, mas as amizades e o tempo nos ensinam a lidar com isso também. Quando falei que time de amigos ganha sim, é porque através da amizade você constrói laços indestrutíveis, contrói confiança e liberdade para dizer o que deve ser dito, sem ressalvas. Infelizmente eu havia lido um texto que tratava justamente das relações entre os integrantes das equipes finalistas do NBB, Flamengo e Universo, mas não consegui encontrar o link, seria prova da minha afirmação.