Aprendendo…

Agora o ginásio está vazio, mas a vibração da torcida ainda ecoa nos quatro cantos. É, com certeza essas paredes e essas arquibancadas terão muitas histórias para contar. Se eu fechar meus olhos, consigo sentir a vibração, a música e eles entrando na quadra, ao som de “Tropa de Elite”, o grito ensurdecedor da torcida na apresentação de cada jogador, a alegria a cada ponto e a emoção ao final, com o agradecimento que para mim sempre foi muito marcante. É, Joinville está mais triste agora, vocês não estão na quadra para nos dar a alegria da presença de vocês, nos oferecer alguns minutos de sua atenção e de seu carinho e nos presentear com um belo espetáculo de garra, determinação, superação e amizade.
Dá uma dor ver que tudo virou silêncio. Ficou tudo tão frio de repente. Amanhã faz uma semana que os vi pela última vez e como é estranho pensar nisso, parece que faz bem mais tempo. Sei que eles estão bem, curtindo um merecido descanso, mas não consigo parar de pensar como vai ser a volta, aliás, quem volta seria o termo exato. Estou quebrada… me falta um pedaço e não sei por onde começar a me recompor. É estranho ter que aceitar que de repente tudo acabou, como num piscar de olhos, num instante estavam ali, agora não estão mais. É difícil não sentir saudades, entender que a rotina simplesmente voltou ao normal, que passou. E apesar de algumas pessoas, que por ventura venham a ler isso me achem meio doída, tenho certeza que muita gente está sentindo o mesmo que eu, só que não expressa. Essa equipe mexeu com a cidade inteira, não tem como não sentir falta, era entrar no ginásio para ficar contagiado pela energia desse lugar e esse tipo de coisa faz bem para nossa vida e para nossa alma.
A ausência de levou de volta ao que eu era, as lembranças ruins andaram flutuando pela minha cabeça nesses dias de ausência e isso me deixou perturbada, fiquei vulnerável. Eu não quero passar por isso outra vez, eu quero que o que passou continue aonde deve ficar e nesse ponto, meus garotos preenchiam completamente meu coração e minha mente, não permitindo que nada ruim se aproximasse de mim, mas e agora, que só ficou o silêncio, o vazio? Tá, não vou voltar exatamente ao que eu era, porque algo dentro de mim mudou depois que eles passaram pela minha vida e voltar ao que eu era seria um retrocesso, só estou tentando caminhar sozinha agora, já que eles não estão por perto nesse momento, até porque não posso voltar atrás em algumas atitudes que tomei, são definitivas e que só tive coragem porque eles se tornaram mais importantes do que qualquer outra coisa.
É como se estivesse sonhando e acordei de repente, atordoada, sem saber exatamente o que está se passando, mas o importante disso é que esse sonho pode ter acabo, mas ainda há outros para iniciar e eu não vou deixar de acreditar neles, porque os sonhos nos impulsicionam para frente, fortalecem nossa fé, nossa crença, permitindo que cresçamos sem perceber. No meio da caminhada sempre existe o sofrimento, a dor, os imprevistos, mas no final tudo compensa. Tudo se supera.
Às vezes chego a me sentir tola por continuar insistindo, mas o que posso fazer se o sentimento tomou conta do meu coração e agora não sei o que fazer com ele. Só escrevendo mesmo, nem que seja para o vento. E além do mais tenho um compromisso com isso aqui agora, vou homenageá-los sempre, porque eu não quero que isso se perca. Essa semente foi plantada, germinou e está se desenvolvendo, cabe a mim continuar regando e cuidando para que ela cresça. Falando nisso, aos que me indagaram sobre me sentir “pé frio” diante dos resultados dos jogos da semi final, fiquem despreocupados, aquele momento foi de uma dor tão extrema que foi a primeira coisa que me veio a mente. Não era o fato de não terem alcançado a final, era pensar que não estaria outra vez com eles, não tão cedo, e nem tinha me despedido, teria aproveitado mais a quinta se soubesse que ficaria tanto tempo sem vê-los, era aquele sentimento de: “agora que estava ficando bom acabou!”, mas a verdade é que eu sabia que uma hora isso ia acontecer, mas talvez não estivesse preparada. Tanto é verdade que fiquei dias sem escrever porque não queria parecer melancólica demais, durante dias qualquer comentário a respeito da equipe, qualquer foto, lembrança que fosse me levava as lágrimas. E isso para comprovar que, ao contrário do que muitos ainda devem pensar depois daquela foto no jornal, não era frustração por causa da derrota, é simplesmente a impotência de não poder mudar o fato de ter que ficar longe.
Esse breve espaço de tempo desde o jogo até hoje, me fez refletir sobre um fato. Nossa equipe é maravilhosa, guerreira, batalhou e merecia ter ido mais longe, mas sempre é bom lembrar que as coisas acontecem no tempo de Deus e acho que talvez ainda não fosse o momento de nos tornarmos campeões. Por quê digo isso? Talvez não soubessemos administrar isso com a responsabilidade necessária, não estou me referindo a equipe, até porque eles tem estado familiarizados com vitórias, dado os resultados em outros campeonatos, mas é principalmente a torcida, que só lota o ginásio no nacional. Sei que seria maravilhoso ganhar, desejei muito isso, mas acredito que se não veio é porque ainda temos algo a aprender, todos nós, equipe, comissão técnica, torcida. E tudo que é suado, que nos exige o máximo de esforço uma hora será compensado. O primeiro passo foi dado e serviu para conquistar respeito. Respeito dos adversários, do Brasil. Conquistar nosso espaço. Agora vamos trabalhar para atingir um novo degrau, até porque, se analisarmos as campanhas de 2008 e 2009, apesar da colocação final ser a mesma, houve evolução, já que em 2008 ficamos em 5º na fase classificatória com 63,6% de aproveitamento, empatado com o Rio Claro, mas ficando atrás pelo quesito de desempate e onde havia apenas 12 equipes. Agora terminamos a mesma fase em 4º, com 75% de aproveitamento, empatado com o Pitagóras/Minas, onde mais uma vez ficamos atrás pelo quesito de desempate e contavámos com 15 equipes. Apesar de esbarrar no Flamengo novamente, na mesma fase, saimos fortalecidos, respeitados e ainda mais unidos. Ainda somos muito jovens e tenho certeza que muito ainda há para ser aprendido. Mostramos para o Brasil que aqui se faz Basquete sim, que estamos investindo, dando exemplo, revolucionando e podemos não ter tradição, mas temos força de vontade, empenho, disciplina e afinal de contas para que serviu a tradição nesse momento? Vamos seguir em frente, construindo essa história linda, cheia de vitórias, conquistas e realizações, muito ainda nos aguarda. É essa certeza que me move…

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