Ciclos

Na vida  existem momentos de altos e baixos, e passamos muito tempo querendo ficar nos momentos altos, porque são confortáveis, agradáveis, mas o que deveríamos buscar é o equilíbrio, porque tudo que é demais em algum momento não será bom para nós. Acabamos desperdiçando energia demais tentando buscar algo inatingível, ao invés de encontrar meios de não sermos abalados com tanta intensidade quando a crise chegar.
Estamos vivendo isso com o basquete, tanto tempo distante, sem notícias e até a possibilidade de o basquete ficar um tempo distante de nossos olhos foi cogitada. Saimos da alegria da consolidação, do respeito e do crescimento para a dúvida, o medo e apesar disso, damos os primeiros passos para mais uma vez dar a volta por cima.
Há um ano, quando iniciava minha jornada de estudante, retornando aos bancos escolares após 3 anos, basquete era tudo que eu queria, era tudo que eu enxergava e estudar o esporte foi a maneira que encontrei de me aproximar ainda mais desse universo. Eu estava no auge, com o blog consolidado, tendo conquistado o respeito de atletas, familiares e torcedores, mas eu precisava de mais e encontrei na educação um caminho para isso.
Quando iniciei o curso, entretanto, não imaginei que ganharia muito mais do que conviver num universo esportivo e de aprendizagem, ganhei amigos, ganhei a possibilidade de compartilhar o esporte com pessoas que efetivamente viviam dele e eu, a única que apenas o amava, era bem aceita e tida como igual. Aqui eu não precisava me sentir estranha por querer me envolver e até sofrer por causa do esporte, ele também era a vida daqueles que compartilhavam a sala de aula comigo.
Hoje, encerrei meu curso e deixo Curitiba com uma dor enorme no peito, uma saudade, uma angustia que sei nada fará parar, mas como em tudo na vida, os ciclos se encerram para que outros se iniciem e este está se encerrando, apesar de que ainda terei um último encontro em outubro, quando faremos a apresentação de nosso trabalho de conclusão de curso.
Esse período de ensino, convivência e troca de experiências foi minha válvula de escape, minha ancora e me deu forças para continuar acreditando naquilo que me levara até esse ponto, foi o motivo do esporte continuar vivo e forte dentro de mim, mesmo que externamente eu deixasse transparecer que estava desistindo. O que aconteceu foi que minha porção basquete estava abaixo de meu ponto de equilíbrio e por mais que eu quisesse eu não conseguia mais alcança-lo, não conseguia fazer com que ele voltasse a ser na minha vida e na minha rotina o que fora quando iniciei o curso. Algo dentro de mim estava perdido e precisava ser recuperado, eu estava esgotada.
Na quadra deixei meu coração, pois foi lá que ele aprendeu a bater forte e vibrar, mas foi na sala de aula que entendi que não havia nada de errado em ser assim, completamente apaixonada e que mais do que isso, eu poderia aplicar esses meus novos conhecimentos em prol daquilo que eu tanto amava, que trabalhar em algo que se ama nos torna corajosos e decididos.
Eu saio de Curitiba sem saber se realmente um dia vou ter oportunidade de aplicar, implementar ou praticar aquilo que aprendi, talvez algumas coisas até caiam em esquecimento, mas de uma coisa eu tenho certeza, tudo isso serviu para consolidar o esporte na minha vida e se agora dói ficar longe das pessoas que conheci é porque elas me farão falta, mas como tudo é um ciclo, significa que está na hora de voltar minhas forças para o começo, de volta ao nosso basquete que precisa de mim e de todos que amam e acreditam nele mais do que nunca.
Meu ciclo aluna está se encerrando, meu ciclo apaixonada por esporte não tem fim, até porque se tivesse já não seria mais eu, seria outro alguém qualquer vivendo no meu corpo e carregando na pele um símbolo sem saber o que ele efetivamente significa.  Sinto toda a minha força e minha alegria voltando-se ao que sempre foi mais importante: o basquete e assim, inicio um novo ciclo, com novos desafios, com uma jornada repleta de obstáculos e de recuperar o tempo perdido, de voltar a ter um espaço em minha rotina dedicada ao basquete, de voltar a ser a Ketty do blog.
 Enfim eu sei, que viver a euforia de chegar em Curitiba na sexta, sentindo o coração pulsar na trilha de “Gonna by Somebody” do Nickelback e agora me despedir, só me leva a crer que tudo aconteceu no tempo certo para que eu me fortalecesse e pudesse reviver tudo de melhor que o basquete me proporcionou e voltar para os seus braços para receber um a um de seus componentes com um sorriso no rosto, um sorriso de satisfação, de gratidão e de esperança, pronta para começar tudo de novo e para voltar ao alto de onde nunca deveríamos ter saído, com a consciência de que por pior que tenha sido cair, o valioso aprendizado de tudo que aconteceu vai ficar e que o que tiramos de tudo isso, ninguém pode tirar de nós. 
SEREMOS MAIS FORTES!

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