Há semanas venho adiando de falar sobre um assunto que muito me incomodou antes do feriado de carnaval: o esporte ficar em segundo plano.  Tenho visto na prática em todas as minhas aulas da pós graduação o quanto o esporte pode ser positivo para a imagem e a aceitação do público consumidor em relação a uma marca. Muitas empresas já se valeram desse artifício de marketing, porém em contrapartida tem adquirido a satisfação daqueles que praticam, admiram e acompanham o esporte.

Muitas vezes iniciativas desse tipo permitem que crianças e jovens tenham outras experiências que lhe permitam simplesmente ter um futuro diferente da maioria de sua idade, porque o esporte permite as pessoas viver com dignidade e respeito, ensinando a cada um valores, crenças, cidadania, tornando as pessoas em seres humanos conscientes, honrados, corretos, que sempre buscarão o caminho da verdade.

Joinville é uma cidade privilegiada, tem uma vasta gama esportiva de grande importância para estado e até para o país. Forma atletas e tem se consolidado na esfera nacional em diversos modalidades, estes por sua vez levam o nome da cidade a todos os cantos da União e em alguns casos até fora do país. Entretanto, mesmo com tanta credibilidade e exposição que o esporte traz a cidade, parece que ela não responde a mesma altura.

Tudo bem, dizem que o alto rendimento não é responsabilidade do poder público e que essas equipes não trazem nenhum benefício efetivo para o município. Aí me peguei pensando, certo, pode não trazer diretamente, porém pensem comigo, se você tem uma equipe de alto rendimento representando a cidade, que leva em seu uniforme a marca de empresas sediadas nela, então se essas empresas tem ganhos financeiros para com o patrocínio a cidade também não terá um retorno financeiro de alguma forma? E se essa afirmação for positiva então será que esse ganho seria justo já que o poder público simplesmente não investiu nessa ação?

Alguns então me dirão, “o poder público coloca a disposição os equipamentos esportivos para uso das equipes”.  Juro que se alguém me disser isso eu vou começar a rir, de desespero, porque com certeza essa pessoa não tem a mínima idéia das condições nas quais se encontram esses equipamentos.  Até concordo de que o poder público deva bancar ações esportivas de natureza formativa e educativa na promoção da cidadania e de forma mais abrangente e desta forma não investir financeiramente nas equipes, porém para que qualquer ação aconteça deve ao menos existir estrutura e essa vamos concordar de que chega a ser vergonhosa. Bem, vamos direto aquele equipamento que eu conheço melhor, a casa de nosso basquete: Ginásio Ivan Rodrigues.

Há cerca de 6 anos o basquete joga nesse ginásio, sim porque mesmo antes do basquete ser a potência que conhecemos hoje, ele já se apresentava ali e eu sinceramente não sei quantos anos ele tem, desconfio que alguns a mais do que eu e não me recordo de nesses 6 anos algo ter sido feito para melhorar no mínimo sua segurança. Para piorar a última enchente ajudou a estragar uma das poucas coisas que estavam em boas condições: a quadra, que agora tem sido constantemente remendada para tentar dar condições de uso, mas me pergunto que condições de uso são essas que por ventura podem colocar em risco a vida dos atletas?

Caramba, uma cidade é feita de políticas públicas em todas as áreas e eu sei que não dá para abraçar o mundo, que há muito por se fazer, ainda mais numa cidade como Joinville, porém, penso que não se pode fazer promessas se posteriormente elas não serão cumpridas, não se pode dar esperanças se a causa já está perdida e quer saber é justamente isso que me chateou, por que criar expectativas para depois elas serem frustradas? Não seria mais fácil dizer não logo de uma vez?

Todos que me conhecem sabem o quanto amo o basquete e acho que qualquer pessoa que os ama sonha em vê-los jogando em um lugar melhor, não apenas pelas coisas que citei que já são motivos de sobra, mas pelo fato de saber que já que eles nos projetam a nível nacional que pudéssemos verdadeiramente mostrar ao Brasil algo mais agradável aos olhos, algo para ser elogiado, porque sinceramente para mim é constrangedor ter tão pouco para mostrar em termos de infra-estrutura.

Perdemos tantas oportunidades na área esportiva por não ter um local adequado e imagine numa época em que o Brasil respira esportes, lembrando da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas em 2016. Tudo bem, reconheço que a verdade é triste, em qualquer lugar, seja público ou privado, quando se fala em cortes o primeiro lugar a sentir na carne é o esporte e a cultura, mas eu fico pensando se entre tantas coisas não se consegue enxergar a importância do esporte para nossa cidade. É fato, nossa população se identifica com ele, independente da modalidade e se for pensar sua duração é muito mais longa e o público muito mais fiel justamente porque ele ama o esporte e investir nele é atingir uma camada bastante sensível da população que de alguma forma está bastante esquecida.

Na última semana, com aquela chuva torrencial de mais de 3 horas nosso ginásio mais uma vez ficou vulnerável a invasão da água, resultado: insegurança, quadra escorregadia, preocupação e o medo de que tudo se repetisse outra vez. Por sorte no jogo daquela noite a chuva apareceu pouco e foi possível contornar as goteiras. Entretanto, uma semana depois do ocorrido estive no ginásio e ao atravessar a quadra me assustei com um fato alarmante: a irregularidade da quadra é tamanha que é possível sentir o sobe e desce das tabuas, é  assustador, mais ainda quando você imagina isso com a movimentação durante um jogo. Porém, do jeito que a coisa anda, só nos resta torcer para que efetivamente não aconteça nada.

Só para lembrar, promessas não são novidade, vem de longa data e já vimos de tudo, concurso de projetos, promessas de espaço ao lado da Arena e sei lá o que mais, porém nada aconteceu e continuamos a ver nossas equipes em espaços desconfortáveis que não atendem a todo o público que gostaria de estar presente, tão pouco oferece segurança. Resta a nós, torcedores, seja da modalidade que for torcer para que algum dia o esporte possa ser levado mais a sério, porque a grande verdade é que é através dele que grandes oportunidades tem surgido e a vida de muitas pessoas tem mudado. A esperança é a última que morre… já dizia o ditado! E acredito que é a vez do esporte ter um espaço no pensamento de quem manda, está na hora dele ser respeitado, porque como podemos querer trazer Jogos Abertos, Olimpíadas Escolares se aquilo que é da cidade mal tem aonde jogar? Deixo a reflexão…