Vinha sofrendo muitas oscilações de humor, mas relacionados a sentimento, coisas que acabam não sendo percebidas por quem está a minha volta, só aparecem quando estou sozinha. Já faz cerca de um mês que senti isso em seu auge, mas fiquei adiando de comentar até que percebi que só me libertaria no momento que escrevesse.
No dia 10 de setembro uma grande amiga minha se casou e para compartilhar desse momento ela me concedeu a honra de ser sua madrinha. Desde o convite vivi as ansiedades e expectativas, fui testemunha de seu casamento civil e confesso acho que por momentos fiquei nervosa demais como se a noiva fosse eu. Nunca tinha estado tão presente num evento como esse ante, fazendo efetivamente parte dele, não apenas o assistindo.
Me lembro bem da minha agonia, primeiro para me arrumar lógico, pois como mulher que sou e que tem poucas oportunidades de caprichar no visual queria estar apresentável. Mas minha agonia maior era para que tudo fosse perfeito para minha amiga, alguém que efetivamente compartilhou o basquete comigo tão logo nos conhecemos, a primeira que realmente levou a sério todo meu amor e me apoiou, me ouviu e me aconselhou em muitas coisas. O surpreendente é que nos conhecemos pouco mais de um ano e ela sabe exatamente quem sou.
Mas bem, naquela noite quando cheguei ao local da cerimônia e alguns minutos depois vi minha amiga chegar, lágrimas vieram aos meus olhos por vê-la tão radiante. Diferente da tradição, a noiva não atrasou, quem atrasou foram os padrinhos rs. Mas não tardou a cerimônia começar e quando estava ao lado do pastor, testemunhando aquele momento, percebi o quanto era especial estar ali. Vi minha amiga, vestida de noiva, e radiante, caminhando em direção ao seu noivo senti as lágrimas deslizarem pela minha face, estava presenciando um momento raro: a concretização do amor.
Bom, aonde afinal de contas quis chegar com isso? Bem, quando eu comecei esse blog eu estava tentando fugir de um amor e ou do fim dele, não sei ao certo e escrever era minha terapia, minha forma de concentrar o amor que tinha no peito para algo bom e positivo, que pudesse gerar coisas boas para alguém, nunca pensei que se tornaria o que é hoje, uma fonte de informação e tal e acima de tudo, não é mais um bálsamo, mas uma inspiração.
Porém, depois de um ano percebo que ainda guardo muito amor em mim, mas não o amor fraternal que dedico ao basquete, aos amigos, a família, amor por alguém, ter alguém para amar, para dizer “Eu te amo”, alguém para estar comigo, para compartilhar alegrias e tristezas, essas coisas simples da vida. Esse amor deixou minha vida faz um tempinho e não ter alguém para dizer essas três palavrinhas me deixa amargurada e vazia. Na verdade eu conclui isso um pouco depois do casamento, ele foi apenas o estopim.
Eu me achava curada, quando na verdade buscava formas de me desviar da dor, até que um dia ela voltou muito intensa e não havia nada para bloqueá-la. Antes disso vinha em sinais, trazendo lembranças para dentro da minha mente com tanta vivacidade que até parecia que eu estava vivendo aqueles momentos outra vez. Em seu auge, achei que perderia o ar, os sentidos e então constatei que a dor não era pelo fato de não ter mais aquela determinada pessoa, mas simplesmente por não sentir mais nada por ela. Só passava pela minha mente a magoa, o desprezo e a certeza de que tudo não passou de um grande engano.
Conviver com esse grande vazio é o que realmente me provoca dor e sei não adianta fugir dela, pois ela sempre volta, mas a vida continua e às vezes não podemos ter tudo que queremos, então quer acreditar que o pouco que faço, o pouco de amor que conservo em mim e dedico em especial ao basquete me manterá firme, impedindo que as nuvens negras pairem sobre a minha cabeça, deixando que o sol brilhe permanentemente.
Ninguém está bem todo o tempo, tão pouco eu e não é porque um amor não deu certo que vou desacreditá-lo, sou uma romântica incorrigível e sou prova de que ele existe em várias formas e em todas elas ele nos faz bem. Não é o amor que nos faz sofrer, mas a ausência dele.
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