Final de semana em Curitiba para mim sempre foi sagrado, é o meu momento de relaxar, de refletir sobre o mês que passou e só me preocupar comigo mesma, mas algo estava anunciando novos ventos e eu só não conseguia ler o que os sinais queriam me dizer. De um dia para outro tudo que eu conhecia como certo mudou e me afetou diretamente.
Poderia dizer que vivi entre razão e emoção diante de um grande desafio: me foi dado a oportunidade de desempenhar uma nova função em meu trabalho. Fui surpreendida no final da tarde de quinta-feira por notícias que me colocavam em uma situação que nunca pensei ser possível e quando chegou a sexta-feira, eu, com as malas prontas tive que mudar toda minha programação, pois era oficializado para todo o grupo que a partir daquele momento eu ocuparia um novo cargo diante da equipe, deixaria de ser apenas a contadora para ser coordenadora.
Confesso que no momento que isso foi anunciado para o grupo eu fiquei gelada e parecia que não sentia meu corpo, acho que se estivesse de pé teria desmaiado, foi uma sensação que posso contar nos dedos o número de vezes que senti. Foi um misto de insegurança, medo da reprovação, de não ter capacidade, mas o maior medo de todos foi não ter mais tempo para o que mais amo: o basquete.
Faz tempo que meu trabalho tem ocupado uma fatia generosa de minhas forças, de meus dias, de minha concentração, ficando muito pouco para o basquete e sempre que pude tentei deixar claro o quanto isso me perturbava, porque no fundo sabia que isso era apenas uma fase e que logo eu estaria retomando minhas atividades, na verdade era justamente nesse momento que isso estava prestes a ocorrer e então veio a mudança.
Ocupar o cargo a qual fui designada aumenta consideravelmente minha responsabilidade, não apenas com o serviço, mas com as pessoas, pois me caberá lidar com elas e isso nem sempre é fácil, porém é uma experiência notável que no meu íntimo sempre desejei ter outra vez, apenas para fazer algumas coisas diferentes e agora ela veio. Agora o mais importante é que esse cargo, essa “promoção”, veio como que para coroar um trabalho que não desempenhei sozinha, mas que começou comigo e no qual sempre acreditei, é um reconhecimento, coisa tão rara de ser ver no ambiente em que trabalho.
Esse tipo de coisa mexe com os sentimentos e mexeu comigo ao ponto de me fazer ter medo de perder o interesse na minha pós graduação que até hoje sempre me fez tanto bem, desacreditar na minha dedicação para com o blog e para com a equipe, me fez temer um possível abandono de tudo que construi por falta de tempo ou pior por de repente não me ser mais tão interessante.
Minha viagem à Curitiba foi mais longa e difícil do que o habitual, pois ocorreu cerca de 3 horas depois do que havia planejado, estava com fome e agoniada pois esqueci meu mp4 no trabalho e sem música o tempo pareceu não passar, porém tudo isso foi por uma boa causa e devo reconhecer que foi importante ter participado de um primeiro evento como ocupante de um cargo de coordenação, porque lá estavam aqueles que acreditaram em mim e me concederam essa oportunidade.
Mas enfim, já que a viagem demorou foi o momento de perceber que não devo misturar as coisas, que esse novo desafio vem para me trazer aprendizado e me tornar mais forte, que devo de uma vez por toda aprender a aliar responsabilidade e compromisso com meu bem estar, que devo aprender a administrar melhor meu tempo para não penalizar meu corpo e minha mente. E sei que isso não será uma tarefa fácil, pois de todas as minhas atribuições a mais complexa é gerir pessoas, o que pode ser bem desgastante, mas nisso me recordei que minha pós poderá me auxiliar e terei que ter paciência pois não poderei resolver tudo de uma vez e enquanto isso devo parar de me preocupar em não conseguir fazer as coisas e acreditar naquilo que tenho dentro do coração e que me trouxe até aqui: meu amor pelo basquete.
Foi esse amor que me forjou, me encorajou e me fez acreditar que toda mudança é válida, com tanto que ela traga melhorias. Foi esse amor que me fez ficar de pé quando tudo parecia desabar e não é agora que estou bem que simplesmente vou virar as costas e dizer “-cansei!”, não, pois esse é momento de usar o que tenho e continuar disseminando a mensagem de esperança e de luta desse grupo, é hora de continuar contribuindo e retribuindo tudo que sempre me foi oferecido com tanta atenção e carinho.
Mesmo que eu quisesse deixar tudo para trás para recomeçar minha jornada já não é mais possível e quando me esqueço, marcado na pele está o motivo pelo qual venci tantas dores e preocupações e hoje comemoro essa conquista profissional que desejo possa se refletir positivamente em tudo que amo, principalmente “nos meus meninos”, que antes de qualquer um acreditaram em mim, me fazendo acreditar também e a partir do momento que eu acreditei, as pessoas a minha volta também o fizeram. Obrigada a todos, isso também é uma conquista de vocês.