Antes que minha história de amor com o basquete começasse, houve um outro amor, tão intenso e tão transformador quanto o que estou vivendo. Eram doses diárias de emoção, alegria, angustia, insegurança, ou seja, todos os ingredientes que regam um sentimento como esse, entretanto ele me deu muito mais do que me tirou e acredito que tudo que sou hoje devo a esse amor.
Houve um momento porém que esse amor começou a ser arrancado de mim e eu sentia como sendo algo prematuro, injusto até por tudo que eu havia doado a ele, mas como dizem, Deus escreve certo por linhas tortas, eu demorei para entender, mas quando entendi percebi que não havia outra forma de evitar maiores sofrimentos do que me deixando longe desse sentimento.
Esse amor nunca acabou, ficou adormecido em alguns momentos, mas sempre esteve presente e aprendi a conviver em harmonia com ele e aprendi a cultivar outros tipos de amor, sem sentir-me culpada por senti-los.
Eu sempre fiz muitos planos entretanto nada do que planejei para mim realmente aconteceu, minha vida tomou tantos rumos diferentes que até eu me surpreendo quando olho para trás, a parte triste é que no decorrer da minha vida percebi que o objeto de meu sentimento estava sendo destruido e eu nada poderia fazer, pior, estava sendo ferido por pessoas em quem eu confiava e comecei a vislubrar seu fim e agora isso está se realizando.
Sempre dizem que para conhecer uma pessoa é só lhe dar poder.Eu acredito ter dado poder a uma pessoa, porque confiava nela, entretanto ela me traiu, se mostrou completamente diferente a visão que eu tinha dela e pior, teve a capacidade de envenenar outras pessoas que sempre dei muito crédito e no final elas acabaram por se voltar contra tudo o que sempre acreditei, pior se voltaram contra aquilo que me ensinaram.
Numa aula da pós comentamos que o poder é algo concedido a uma pessoa por meio de um cargo, de uma posição, porém poder não é sinômino de autoridade, visto que está se conquista. A autoridade é aquilo que faz a pessoa ser ouvida, respeita, seguida, é a forma natural de persuadir as pessoas a atenderem seus objetivos e para isso você não precisa de poder, agora se você tem o poder e precisa ser ouvido precisa da autoridade, senão torna-se autoritário.
O ponto é exatamente isso, convivi num meio onde mesmo se tendo poder o que prevalecia era a autoridade, as pessoas ouviam, seguiam e respeitavam decisões porque elas eram baseadas em exemplos, porém o que vejo agora são pessoas que não atingiram a autoridade usarem seu poder para coagir, comprar, persuadir as pessoas por meio da pressão. As pessoas deixam de fazer por amor e passam a fazer por medo e isso cria um elo de falsidade e insegurança, você nunca sabe aonde está pisando.
Venho presenciando isso calada há algum tempo, até perceber que realmente aquilo que temi que acontecesse se tornasse real e eu me sinto traida porque dei credibilidade, porque confiei nas pessoas e quando elas passaram a ter poder mudaram o discurso e começaram a agir de acordo com seus interesses. E se essa semana me calei um pouco foi justamente porque viver essa verdade tornou-se doloroso e tem mexido comigo mais do que acreditava, ao ponto de trazer a minha mente lembranças de 5, 6 anos atrás de uma forma tão vívida que foi como estar vivendo aqueles momentos novamente.
O que quero dizer com isso é que aquilo que de certa forma deu vida a quem sou, me moldou com garra, determinação, está começando a deixar de existir da forma que conheci ou melhor da forma que ajudei a criar e acho que o que dói exatamente isso, ver aquilo que lutei para conquistar, para crescer ser destruido com tanta facilidade por pessoas irresponsáveis, intolerantes e incompetentes, vê-lo se desfazer é como arrancar uma parte preciosa de mim, porque mesmo que esses agora o neguem a verdade é que há muito de mim em tudo isso, essa certeza ninguém pode me tirar.
Essa história é muito mais longa do que a que tenho vivido com o basquete, porém vê-lo penar, padecer, acabar me provocaria dor tão intensa quanto. Não ajudei a criar, a crescer, mas sinto-me parte da mesma forma, porque me envolvi e me dei, doei minha disposição e meu amor indicional que é o que tenho de melhor acredito e não sei porque acho que do meu jeito venho criando uma história, também baseada em confiança e credibilidade e uma vez abaladas tudo passa a fraquejar.
Ter amores na vida é sempre muito bom e às vezes eles acabam porque se passou o tempo deles, ou porque já nos ensinaram tudo que nos era preciso aprender, porém é difícil conviver com o fato desse amor ser sucumbido com mentiras e desonestidade. Prezem sempre em suas vidas a verdade e a justiça e não deixem de amar e de fazer as coisas com amor, mesmo sabendo que em algum momento ele irá lhe provocar dor. Eu vinha sendo avisada de que tudo aconteceria e iria me machucar, mas não deixei de amar e de lutar por ele, em compensação busquei amar outras coisas, como o basquete, para compensar aquilo que o outro sentimento já não podia mais me oferecer.