Estou indo a Curitiba outra vez, mais descansada pois foi minha primeira semana de férias e confesso que não fiz nada, salvo uma pequena redisposição de móveis no meu quarto e uma corrida pelo centro atrás de um vestido de noiva, que por sinal não é para mim, mas para minha amiga de quem serei madrinha em setembro. Fora isso, muita, mas muita internet e aí talvez se pergunte: com tanto tempo porque não fiz nenhuma melhoria ou atualização no blog? Estou ciente que nunca fiquei por tanto tempo assim displicente, e não é falta de interesse, do que dizer e agora de tempo, eu diria que é o meu momento de renovação.
Sabemos que a transição de uma temporada para outra é difícil, incerta, conturbada e por isso era o meu momento de reavaliar, assim como comissão e jogadores, a minha permanência nesse universo, analisar até onde eu ainda estava envolvida com tudo isso. A resposta me veio essa manhã, poucos minutos após o ônibus, já atrasado e substituido sair da rodoviária. Ao olhar pela janela um pensamento atravessou minha mente: gostaria de ter ido ao treino hoje pela manhã! – pensei. Uma saudade ficou a latejar, queria realmente tê-los visto essa semana e uma lágrima solitária passeou pela minha face. Eu soube então que continuava sim envolvida, pois afinal qual o propósito ou motivação para fazer essa especialização? Afinal no que sempre penso durante às aulas e durante toda minha viagem? Basquete de Joinville continua sendo a resposta.
Então, não há o que discutir, ainda há e com muita intensidade a energia e o calor desse grupo correndo em minha veias. Ele ainda me move só que com força, isso porque não sou mais a mesma de um ano atrás, sou mais forte e foi acreditar nessas pessoas que me fiz assim, viver o que vivi ao lado deles, como Uberlândia, marcou minha existência e talvez seja o capítulo mais intenso de toda minha vida até hoje, foram essas pequenas coisas, momentos, que me fizeram tomar ciência da minha infinita capacidade de me adaptar e crescer, alias, todos somos todos dessa capacidade, porém alguns são mais resistentes ou até temeroso e acho que hoje o que me traz essa certeza foi minha evolução no trabalho, algo que constatei não por mim, mas pelas pessoas que trabalham comigo.
Há dois meses eu assumi um desafio no trabalho, algo que verdadeiramente dependesse de mim. Foi cansativo, demorado e cheguei a um momento que precisei de ajuda, porém ainda dependia de mim para conduzir. Contabilidade para quem não conhece não é algo que muda com muita frequência, porém há momentos que metodos precisam ser renovados, revistos, principalmente no serviço público onde infelizmente ainda existe o vício do “sempre foi assim”, reproduzir sem saber o por que daquela atividade é sempre mais fácil.
Fui veladamente criticada pela minha ineficiência em produzir, pois não se via resultado do trabalho executado, até que chegou minha avaliação de desempenho. Estava sinceramente preocupada. Para quem não conhece, o funcionário público que está em estágio probatório (são 3 anos para provar sua capacidade, só após a aprovação nesse periodo que o funcionário torna-se estável) passa por 4 avaliações nesse período; as duas primeiras em intervalos de 6 meses e as duas últimas em intervalos de 12 meses. Pois bem, como estava completando meu primeiro ano teria realizada minha segunda avaliação.
Tinha trabalhado as últimas duas semanas com ajuda de muitos colegas, o que me possibilitou coordenar algumas atividades das quais eu tinha maior dominio e delegar a operacionalização das mesmas, lógico que a partir daí o panorama mudou um pouco, ainda assim, não era eu que estava fazendo e assim sendo acreditava que isso se voltaria contra mim.
Chegado o momento da minha avaliação, tentei não demonstrar meu nervosismo, até porque era novo para mim sentir isso, sempre fui muito segura, porque sabia que estava fazendo o melhor, mas dessa vez eu não sabia de mais nada, mas enfim, o jeito era aguentar o que viesse e melhorar para a próxima vez.
Foi então que todo o tormento, a preocupação, voltou-se positivamente para mim. Sem paternalismo, as pessoas que estavam me avaliando, meu colegas de trabalho em sua maioria com atribuições de líder, enxergaram minha disposição e minha vontade de fazer como algo positivo, mesmo com todos meus defeitos, minha constante falta de organização e às vezes até de concentração. Através dessa verdadeira loucura que foi refazer um procedimento de uma forma mais trabalhosa, porém infinitamente mais gerencial e acessível, eu fui reconhecida.
Posso afirmar que em todos esses anos de serviço público essa foi sem dúvida a melhor avaliação pela qual já passei, não por elogios ou belas pontuações, mas pelo estímulo que ela me deu para continuar nesse caminho e o sentimento foi muito semelhante ao que senti quando tive meu primeiro registro em carteira de trabalho, havia menos de um mês que estava na entidade, trabalhava apenas 4 horas, porém o líder acreditou em mim e me contratou, em troca ele ganhou minha fidelidade, minha lealdade e minha eterna gratidão, prova disso é que passados 9 anos nos mantemos amigos, mesmo não trabalhando mais juntos a 5 anos.
O que quero dizer com isso é que tudo é uma questão de confiança. A partir do momento que de coração as pessoas lhe concedem confiança você se torna um “refém” no bom sentido de honrar essa confiança que lhe foi depositada. A confiança exerce um poder positivo sobre nossas ações e nos ajuda a ter coragem e atitude. No meu caso a confiança sempre existiu, entretanto no início eu não sabia qual era o meu lugar, nem o que estava fazendo, então a ignorei, mas no momento que me encontrei, oportunidades foram me dadas e foi uma questão de eu saber o que fazer com elas.
As coisas nem sempre estão detalhadas, escritas como um “manual de uso” a gente precisa arriscar e eu arrisquei, continuo arriscando, mas com a certeza de que estou no caminho certo e sei que não é fácil se enfiar de cabeça e começar, tão pouco reconhecer e aceitar nossas deficiências, o que não se pode é ignorá-las. Elas precisam ser trabalhadas e em todos os caso, aproveitar a boa energia para aquilo que temos de melhor, para fazer acontecer.
Nada chega pronto as nossas mãos, precisamos sempre saber o que fazer com o que nos chega, pode ser uma pessoa, um trabalho, um problema, algo que precise ser resolvido e nós vamos sempre encontrar forças e meios de resolver, contato que haja confiança, principalmente nossa em nós mesmos e nas pessoas que nos cercam. Confiança é compromisso, é responsabilidade assumida para com o outro, uma vez quebrada não tem volta.
Para encerrar, contei isso, porque inconcientemente o momento em que essa mudança ocorreu, foi quando eu estava vulnerável. Os garotos já estavam em férias e assim sendo não os tinha para ocupar minha mente, mas minha vida tinha que seguir e os fantasmas vinham me perturbar, até que reagi, sem recorrer a minha “válvula de escape”, porém investindo minha energia em algo produtivo, que me pareceu como algo a ser feito, algo que valia a pena, o que acabou tirando minha energia de estar aqui, fazendo isso que sei, agora sei que ainda amo muito.
Viver basquete e respirar basquete é sem dúvida meu momento mais sublime e vejo nessa minha ascensão profissional (vamos dizer assim), uma oportunidade para devolver tudo de bom que me foi concedido quando eu tinha dúvidas e estava fraca. Sei que muita coisa mudou, sentimentos, relações, pessoas, pensamentos, inclusive eu mudei, mas meu amor não mudou, continua firme, forte e persistente, as vezes até insistente, só não é burro, vai continuar prezando pela justiça, honestidade, transparência e união, alicerces que sustentam esse projeto e que me fizeram colocar a mão no fogo por ele. Confio porque atitudes me levaram a crer em tudo isso, pessoas me fizeram acreditar. Sei que vez ou outra coisas irão acontecer contra a nossa vontade e nem sempre vou concordar com todas as atitudes, tenho para mim a premissa de que todos são bons até que se prove o contrário, até porque ninguém é perfeito e dotado da capacidade de agradar a todos, então tenho que aprender a lidar com isso, mas sem fechar os olhos, no momento que abalar a confiança depositada, alguém saíra ferido, muito provavelmente eu, é um risco.
Assim, renovo minha fidelidade, meu compromisso, meu amor, minha dedicação, meu empenho e minha gratidão, com todos aqueles que fizeram e fazem dos meus atos certeza para continuar a caminhada, luz para não cair em armadilhas e energia para resistir ao que viver.
EU AMO VOCÊS E ACONTEÇA O QUE ACONTECER AQUI É O MEU LUGAR!