A sensação de ir para a rodoviária no domingo a noite foi tal qual final de temporada, fica a saudade, um vazio, o gostinho de quero mais, porém só me resta guardar o conhecimento, as lembranças e voltar para a vida real. Infelizmente nesse momento só eu consigo mensurar o quanto isso é ruim.
Passou muito rápido e agora me dei conta que quanto mais eu me apegar, interagir, mais rápido vai acabar. Não é o conforto de ficar em hotel, comendo bem, sair da rotina, eu passo a maior parte do tempo em uma sala, não me sobra muito para passeios, mas posso afirmar nunca foi tão bom estudar. E é uma soma de fatores que contribuem para que isso ocorra.
O grupo é maravilhoso, inteligente, interessado, empolgante, participativo a tomar como exemplo as aulas do final de semana onde o professor soube usar isso muito bem, fazendo uma aula fantástica, onde cheguei a perder a noção do tempo, não havia cansaço, sono, tudo isso fui superado com muita facilidade diante de tanto conhecimento e o melhor disso a possibilidade de aplicação.
Fui as lágrimas ao perceber a sinceridade do professor em dizer que fora um prazer trabalhar com a nossa turma, que somos “estrelas”, mas tentei conter minha emoção, ninguém entenderia o quanto ir embora naquele momento era doloroso, ter que voltar para minha rotina, minha vidinha chata, com um potencial sufocado em meio a obrigações e burocracia. Ok, foi a profissão que escolhi, é o que paga minhas contas, sustenta minha casa, mas não acho que seja um caminho que eu queira perpetuar, porque nesse momento ele me faz mal, e por vezes é um caminho bastante injusto. Porém sai da aula com uma certeza: de que vou conseguir cumprir algumas atribuições urgentes, por hora apagar alguns incêndios que não é bem o meu foco, mas enfim não estou em muita posição de escolha e então ir para minhas tão desejadas férias de consciência tranqüila e voltar fortalecida, com metas, objetivos, diretrizes e energia de verdade para executar tudo isso.
Enquanto isso uso essa energia genial de estudar. Já havia dito uma vez que Curitiba exercia um fenômeno incrível sobre mim, mas não é a cidade, é o contexto, eu saio da minha zona de conforto e encaro o desconhecido, que a cada novo final de semana se incorpora no que sou e no que posso vir a me tornar. Há sempre os almoços, as atividades em grupo e tudo proporciona uma troca e é tão simples trabalhar com todos é sempre tão especial que não fico presa, nem preciso colocar uma mascara para ser ouvida ou aceita, posso ser quem sou.
Curiosamente, só há um outro setor de relacionamento da minha vida (casa não conta) onde me sentia assim, difícil essa não, rs, lógico que a resposta é basquete e nesse final de semana eu verdadeiramente pirei enxergando possibilidades gerenciais que poderiam ser usadas na equipe, se já não existem e talvez, se não existem poderiam ajudar, em 90% dos casos meu primeiro pensamento era para o basquete, consegui ver aplicação, muitas poderiam ser motivo de estudo, uma forma de me ajudar a entender os contextos, outras poderiam ser instrumentos de treinamento, de condicionamento de algum fundamento, ou até mesmo de conhecer melhor o público, para mim como disse seria uma forma de falar de assuntos relacionados ao basquete com mais propriedade. E não que não possa aplicar no meu trabalho remunerado, até posso mas lá minha expectativa de implementação e sucesso é menor.
Cheguei em Curitiba numa linda tarde de sol, enfim cheguei em Curitiba durante o dia, mas não segui meus planos e acabei ficando pelo hotel, me acomodei e lógico tentei usar a internet, mas mais uma vez algo falhou, dessa vez a configuração do meu PC me deixou na mão. Sai para comprar a janta e minha cabeça começou a dor. Quando voltei a dor havia aumentado, pensei que era fome, mas não era. Fiquei em vão tentando descobrir uma forma de me conectar ao mundo, mas não houve jeito, ansiosa e com cada vez mais dor de cabeça me entupi de bobagens e me enfiei na cama, ri um pouco assistindo “A Sogra” com a Jeniffer Lopez e quando terminou, com a cabeça explodindo resolvi dormir, era 22h.
Eu tremia de frio, mesmo com o cobertor até o pescoço, mas acabei pegando no sono. Acordei perto das 2h, o frio tinha sumido e a dor de cabeça também. Porém fiquei sem sono, me revirei na cama por um tempo e acabei apagando de novo. Para piorar recebi aquela visitinha mensal incomoda ai fico extremamente ansiosa, até parecia crise de TPM tardia.
Como vinha dizendo em outros posts voltar às aulas de pós era algo que eu esperava há semanas, tinha certeza de que me devolveria um pouco da minha vivacidade e não deu outra, foi entrar no saguão do hotel e rever meus colegas de aula que as semanas e principalmente os últimos dias cheios de interrogações simplesmente desapareceram. Eu sabia que estava completa no curso, deixei tudo para trás e acho que por isso ir embora tornou-se tão doloroso.
Foram dois dias de muito trabalho e a cada novo encontro eu verdadeiramente me impressiono com a capacidade que os professores desse curso tem de nos fazer divagar, mentalmente aplicar o conteúdo, nos colocar para pensar, trabalhar sem que isso se torne rotineiro e chato. É sempre prazeroso.
A disciplina foi continuidade da última semana: Gestão de Academias, porém, apesar do nome o foco gerencial tinha aplicabilidade em muitos setores. Enquanto naquele primeiro encontro ficamos mais focados em atendimento, dessa vez foi em qualidade e acho que por isso fiquei tão alucinada, porque no final das contas o que todos queremos são resultados com qualidade e muitas vezes os resultados não são exatamente os esperados. Não planejamos, não estudamos, simplesmente executamos e depois vamos verificar o resultado e em geral esse resultado é um problema, talvez não revelado no mesmo ato, mas ainda assim um problema.
E acho que por isso também entrei em conflito, porque via aplicabilidade nas duas áreas com as quais tenho envolvimento, mas de momento não posso utilizá-las e isso é bem triste. Entretanto, não vou me amargurar com isso, é só uma fase e quem sabe o que ainda esta por vir? Tenho comentado em casa que minha frustração com o trabalho é não atuar da forma que eu gostaria e até que meu cargo exija e que talvez no dia que isso acontecer e me torne mais feliz e satisfeita, então vou torcer por isso, apesar de que no ciclo PDCA não consegui enxergar em qual nível eu deveria estar.
Enfim, agora que voltei a minha realidade, vou ter que voltar a me dedicar a ela, entretanto vou começar a buscar tento para organizar e pedir os materiais, quero fazer algumas simulações nem que sejam para alimentar e satisfazer meu ego, apenas para que eu possa mostrar para mim mesma que sou capaz. E enquanto isso também, acabou por deixar minha saudade também em segundo plano. No entanto, mesmo não falando nisso com tanta freqüência, meus garotos ainda me acompanham diariamente, mas bem, isso é uma outra história, deixa para um novo post. Tentarei não demorar mais tanto tempo para escrever como vem ocorrendo.