Os dois lados das lembranças

Estou me sentindo sozinha, as semanas tem sido muito cruéis comigo, o trabalho está começando a me absorver por completo, forças, pensamentos, meu ar, tudo… e de repente, voltar a trabalhar completamente só em um ambiente de trabalho, tendo a companhia do meu mp4 é resgatar um pouco de mim, de quem sempre fui, a diferença é que quando fazia isso eu fazia porque gostava, não apenas pela exigência do trabalho e naquelas épocas eu tinha bem menos responsabilidades do que tenho hoje.
Para completar o cenário, lembranças começaram a aparecer todas juntas, coisas boas, ruins, pendentes. Muitas coisas que aconteceram na última semana como ligações, novos contatos, viagens marcadas me levaram para dentro da minha mente e trouxeram a tona coisas escondidas ou esquecidas lá por um bom tempo. Eu estou me sentindo viva, disposta, parece que recuperando a criatividade, parece que as idéias estão voltando para a cabeça, só está faltando colocá-las para fora e quando as coloco conseguir organizá-las, mas ainda assim estou buscando recuperar o tempo que tenho perdido sem fazer o que gosto e ao menos em alguns momentos, mesmo tendo trabalhado até tarde, tenho consigo me manter disposta a fazer algo que sentia necessidade.
O fato é que quando fica tudo em silêncio e penso, minha mente se perde e algumas lembranças afloram e em instantes me tiram do eixo, exemplo, foi me deparar com um momento que inconscientemente eu vinha evitando. Há muito um ciclo devia ter sido fechado em minha vida, mas mantive pendente como se tivesse uma esperança tola de mudar algo, falo de  meu vinculo com meu primeiro emprego, era um laço muito forte, um lugar que foi muito importante e agora está sendo desfeito definitivamente, apagando definitivamente minha participação e minha existência e confesso foi doloroso e eu nem imaginava que seria tanto. Aliás de certa forma ainda falta o episódio derradeiro, a constatação do fim, mas não estou pronta para isso ainda.
Estou com aquele sentimento de despedida, de querer guardar dentro de mim todas as imagens possíveis de um lugar que contribuiu e muito para quem sou. Esse lugar vai deixar de existir, ao menos na forma física que conheci tão bem, que ajudei a construir e isso mexeu comigo, porque aquele imóvel faz parte da minha vida e agora não terei mais como visitá-lo para matar as saudades. Tenho tantas lembranças e tantas histórias daquele lugar, mesmo não fazendo mais parte da equipe, ainda me sentia em casa e agora sei que me sentirei uma invasora, é um sentimento estranho.
No fundo sei que sou uma romântica incorrigível mesmo, me apego a coisas que já não me pertencem mais pelo simples fato de que um dia me fizeram muito bem e agora estou apenas sonhando com um amor só meu e que volta e meia vem sendo atormentada por velhas feridas que parece que nunca cicatrizam, estão sempre ali, sendo dilaceradas, apenas para lembrar de que por mais que o tempo passe, que outros amores venham e me façam feliz, aquela magoa sempre existira, é o meu assunto pendente.
E isso é tão verdade que acontece sem que eu espere sem que eu provoque. Tenho sempre fugido das músicas que me lembram esses momentos dolorosos, mas ao ouvir uma, não tão marcante mas que ouvi na presença daquele que me provocou essa dor, minhas forças deixaram meu corpo, e foi tão irritantemente físico, a dor, a fraqueza, a falta de ar, que me senti doente, foi a ferida se abrindo novamente, sugando minhas forças. Eu não consigo estar sempre imune a tudo isso porque faz parte da minha vida, da minha história, e diz muito de quem sou.
O que me cura nessas horas é olhar para trás e lembrar que foi essa dor que me trouxe até aqui, foi essa dor que serviu de impulso para fazer algo que nem eu sabia que iria tão longe. Hoje sei que tenho amigos, amigos com quem compartilho momentos maravilhosos como na última sexta quando fomos conhecer o Gato Mia, no domingo quando assistimos a final do NBB juntos, ou simplesmente acolhendo uma amiga que precisava de um pouco de cuidado e atenção. Nada disso existiria se não tivessemos sido unidos por uma paixão em comum: o basquete!
Por isso sei que se algum dia tudo isso acabar, sei que poderei olhar para trás com a certeza que valeu a pena. Cada lágrima, cada hora de sono a menos, cada discussão, tudo foi compensado por sorrisos, agradecimentos e abraços e principalmente amizades, dentro e fora da quadra e isso passe o tempo que passar vou levar comigo, pois ninguém pode me tirar.
Não gosto desse sentimento de isolamento, exclusão, que as vezes me persegue, achando que meu tempo nesse universo do basquete, com a equipe está acabando, mas também pode ser tudo coisa da minha cabeça.  Só não posso é deixar de dizer o que penso por medo de que algo mude, e até porque isso aqui nasceu da minha maneira de querer expressar o que sentia em relação ao basquete, então minha autenticidade é reflexo da minha sincera e transparência, não quero me tornar rude ou falsa, pois ao menos rude sei ser quando quero, alias, nem é uma questão de vontade mas de instinto.
Sei que nem tudo pode ser lindo e perfeito como um dia foi, como qualquer relacionamento meu amor por esse grupo está amadurecendo, e amadurecer dói porque você começa a enxergar as coisas de maneiras diferentes e se questionar se tudo que disse, fez, todas as ações que tomou em prol de algo que acreditava realmente foram recebidos da maneira que você esperava, se questiona se você ainda tem a mesma importância.
Sei que nunca fundo sempre haverão perguntas sem respostas e o que vai ficar é o que vejo e o que sinto, mesmo que não seja a expressão da verdade. Porém acima de tudo fica a amizade, ficam as conquistas e as lembranças, aquelas que me fazem sorrir sozinha, bem diferentes das que quando surgem me provocam agonia e dor. Hoje meu amor é um sentimento que persiste e se fortalece a cada dia que passa e se propaga com juras de amor ditas ao pé do altar; na alegria e na tristeza, dizem os apaixonados…
Meu amor por esse grupo é do tamanho dos sonhos que tenho para ele, do tamanho de sua capacidade e de sua força, do tamanho de tudo que ele pode conquistar. Meu amor é o desejo ardente de que esse grupo sonhe comigo, para que todos juntos possamos transformar todos em verdade e para que o futuro seja sempre uma centelha no horizonte, existente mas distante, que o passado nos ensine e que o presente seja uma constante.
AMO VOCÊS EQUIPE!
AMO VOCÊS AMIGOS, QUE COMPARTILHAM COMIGO DESSE AMOR!

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