Saudade é algo que fica nos corroendo por dentro quando estamos longe, sem notícias, quando a vida ou as circunstâncias nos distanciam de algo que queremos bem, quando somos privados de sua presença e sentimos sua falta. Saudade toca fundo, é aquele momento que as lembranças bagunçam a mente e você se pega sorrindo e com lágrimas nos olhos. É uma ausência física que perturba, mesmo que dentro do coração esteja muito presente. É a falta do calor de um abraço, de um olhar cheio de doçura, que às vezes fala mais do que palavras.

Saudade é o que te faz parar no meio da calçada, no shopping, numa esquina e te trazer a tona uma diversidade de sentimentos, uma comoção, uma alegria, o tempo congela naquele instante em que as memórias se revezam na mente, é quando você se dá conta que sente falta porque tudo foi real, não um sonho como você tenta se convencer.

Passo no ginásio duas vezes por dia e não há como ignorar meu coração. Lá tudo começou, meu amor, meu carinho, minha admiração, separada por uma grade que com o tempo deixou de existir e deixou de me afastar desse grupo que tanto amo e por isso não há como não sentir saudades, pois passa tanta coisa na mente como um flash, então me diga é possível sentir saudades apenas de um quando é o conjunto que me desperta o melhor?

Está fazendo um ano que conheço a maioria dos protagonistas dessa minha “história de amor” e não me canso de repassar mentalmente como tudo aconteceu, é como se fosse uma necessidade eu recordar para convence-me de que tudo isso realmente existe, porque eu não poderia imaginar há um ano que hoje estaria aqui, com ainda mais amor dentro do peito do que naquela época.

Aprendi um bocado, chorei outro tanto, mas tudo faz parte do processo de amadurecimento e adaptação, o amor verdadeiro, no meu entendimento não acaba, apenas se transforma e eu confesso que eu mesma me surpreendo e me manter próxima ao basquete, seja na forma que for, mantém acesa a presença do grupo na minha vida.

Tenho assistindo basquete para tentar aprender um pouco sobre o esporte e sobre quem o pratica. Tenho assistido para ver se consigo sentir ao menos um pouco a energia de uma torcida outra vez, que em alguns casos é muito boa, porém é apenas um jogo, onde atletas e torcida confraternizam, mas que simplesmente não afetam em nada a minha vida.

Eu não perco o ar, meu coração não pára, não sinto um nó na garganta quando as coisas não saem como planejado, esses sintomas só o Basquete de Joinville provoca em mim e não há maior lição a ser aprendida com esse grupo do que amar o esporte independente de quem está em quadra, pois se amamos o esporte, faremos tudo para que ele se fortaleça e cresça, crescendo, nossa equipe cresce e assim pode se estender por um longo período de tempo e porque não dizer, indefinido.

E me perguntam de quem tenho saudades… Eu não tenho saudade de alguém, mas de algo, que preenche meu vazio, aplaca minha dor e me dá ânimo. Algo que entrou na minha vida sem aviso e agora não quero que a deixe, porque seria como tirar um pedaço e eu amo o basquete e o que ele me provoca.

Minha saudade não tem nome, nem rosto, ela é apenas o lado mais sombrio do meu amor, porém é a minha garantia de nunca estar sozinha, sempre em busca de formas de manter minha força porque sei que ela é passageira. E não uso a saudade como desculpa para olhar para trás, não vivo no passado, vivo das experiências e das graças que o que aconteceu lá trás me trouxe e me alimento disso para me manter sempre disposta, vibrante e interessante aos propósitos que construi e edifiquei.

Entretanto não posso negar a saudade que sinto, por é justo sentir a ausência e tenho sim saudade do convívio, das conversas, de trocar idéias, de descobrir gostos e um pouquinho do que vai na cabeça de cada um. Tenho saudade de vê-los sorrindo, de aprender todo dia um pouquinho, de compartilhar a satisfação, a alegria e momentos. De ver nos olhos do grupo que por algum motivo quis Deus que eu fizesse parte de tudo isso e que sim, e fosse bem vinda.

Eu confesso, sinto saudade da implicância, das cobranças, do brilho de satisfação no olhar  porque um projeto deu certo. Sinto saudades de ler as palavras do mestre, que me inspira, me acalma, me permiti entrar um pouco em sua mente. Sinto falta da experiência única que é estar no ginásio, seja em dia de jogo ou num simples treino. Sinto falta do quanto aprendo apenas observando ou de perceber o quanto já aprendi interagindo. Sinto falta do coração descompassado dentro do peito e até do receio de entrar no ginásio e não saber como vou ser recebida. Sinto saudades de não medir esforços para que algo de certo, de viver intensamente cada momento, cada possibilidade.Sinto saudades, de ao final de tudo, pisar a quadra e saber que cheguei ao melhor lugar do mundo. É lá que o coração encontra sua morada e repousa feliz e em paz.

Tenho muito orgulho de fazer parte disso e sei, mais cedo ou mais tarde a saudade dará novamente espaço para a euforia e a ansiedade do reencontro e é lá, no ginásio, que iniciará um novo ciclo do meu amor.