Diário de Bordo Uberlândia – Parte 3

Acordei por voltas das 7h da manhã de domingo, ainda pelo horário antigo. Ajustei o relógio voltando em uma hora e virei para o lado, mas já não conseguia mais dormir, estava eufórica pois havia percebido que não era um sonho estávamos mesmo em Uberlândia. A tristeza é que mal havíamos chegado já tinhamos que ir embora.

Começou a rotina de colocar as coisas de volta na mala, se arrumar e sair. Após o café corri até o computador do hotel, era lento, mas ao menos pude mandar recado para os amigos, dizer que estava tudo bem e compartilhar com todos a alegria que eu estava sentindo.

Era perto das 9:30h quando deixamos o quarto e fechamos a conta, não queria chegar em cima da hora de início do Jogo, queria curtir toda a movimentação, as pessoas, porque momentos como esse não se repentem todo dia. Tomamos o táxi e seguimos, sem olhar para trás, não queria esse sentimento de pesar por partir, queria apenas refletir minha alegria.

No entorno do Ginásio a movimentação era intensa, ficamos alguns minutos para alcançar a entrada principal, mas por algum motivo que ainda não entendi qual foi o taxista nada esperto no deixou nos fundos do ginásio, aonde não havia acesso para os mortais como nós. Morri de raiva, nós com bagagem, embaixo de um sol tremendo tendo que dar a volta para entrar.

Enfureci, quando minha mãe teve a luz de perguntar ao segurança se havia outra entrada. Fomos até a outra porta, era acesso da imprensa, lá encontramos um pessoal da organização da Liga que acabou nos fazendo a gentileza de deixar cortar caminho, então seguimos até o final da arquibancada, onde já estava o Luisão e o Annibal.

Olhei em volta, procurando os garotos, eles já estavam em quadra, aquecendo e rindo. Luisão pegou minha câmera e tirou umas fotos da gente no ginásio então começaram a preparar tudo para a entrada oficial. Comecei a testar a câmera e decidi ir até o corredor de onde os jogadores sairiam para a quadra e quando começaram a entrar foi muito legal vê-los bem de perto, gravava e ficava gritando a cada um que entrava.

Fiquei vidrada na quadra, não queria perder nenhum lance não é sempre que você vê tantos jogadores talentosos em quadra, sem a preocupação de vencer. Minha alegria só não era completa, porque nossos 4 atletas não estavam ao mesmo tempo em quadra. Ainda assim, esse foi o momento de entender que mesmo vindo de tão longe, ver o sorriso deles em quadra, a tranquilidade, a integração com os demais jogadores não tinha preço. Como eu iria, depois disso, me incomodar em não dormir no ônibus, em gastar muito dinheiro, em ficar apreensiva com a viagem, se aquilo que eu tinha bem a frente de meus olhos simplesmente nada podia pagar.

O melhor do Jogo das Estrelas foi a oportunidade de realmente ver outros jogadores em ação, pois quando os vemos atuando contra a nossa equipe, não temos olhos para eles e salvo os que vi atuar na seleção brasileira, ou em partidas do NBB televisionadas, muitos eu sabia que eram bons pelo que a mídia dizia, mas não tinha a menor idéia do quanto.

Minhas gratas surpresas: Larry Taylor, que jogador fantástico, ligado em tudo, que visão de jogo, Alex, Valtinho, Shamell sensacionais, Deivinson acerta tudo de gancho em baixo do garrafão, Olivinha e Murilo dois gigantes, enfim é até difícil de citar todos, porque estava tão fascinada, com a generosidade, a parceria, a intenção de divertir não aparecer, a alegria e a descontração que todos emanavam.

Lógico que não há como não falar de nossos garotos, Jefferson agitando no garrafão, Tiagão e Shilton arrasando e o Manteguinha numa alegria incomum que contagiava, diria até que essa foi a parte que mais gostei, porque ele é sempre tão sério e concentrado dentro da quadra, e estava tão a vontade, realmente se divertindo que trouxe a evidência do que realmente importava nesse dia: não era o dia dos jogadores brilharem, mas o basquete pelas mãos de cada uma das estrelas que estavam em quadra.

Porém o zerar do cronômetro me trouxe de volta a triste realidade, aquele sonho estava acabando. Olhei pela última vez a confraternização dos jogadores em quadra e tive que aceitar que era hora de pegar as trouxas e seguir em frente. Levei comigo o carinho dos jogadores e da comissão, em especial do Luisão que deu toda a força e tinha algo nos olhos que me deixava emocionada e tranquila e do Espiga, que foi sensacional, atencioso, carinho e nos transmitiu uma alegria e uma satisfação que só sentindo pra entender foi fantástico e é uma sensação que quero levar por toda minha vida.

Para encerrar aquele momento, só faltava a foto na frente do ginásio, a prova final de que esse fim de semana realmente aconteceu, porém antes de sair não pude deixar de perceber os olhares curiosos, surpresos ao entender o motivo pelo qual estávamos lá e a certeza disso me veio quando tentando sair do ginásio, descobri que teria que subir até o topo da arquibancada e Arthur do Universo, parado num canto, olhou a camisa e exclamou: “- Nossa, torcida de Joinville, que legal!”, troquei algumas palavras com ele e sorrindo segui meu caminho sabendo que todos os propósitos dessa viagem tinham sido atingido, melhor do que eu poderia imaginar.

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