Por um momento pensei que havia morrido: o coração parou de bater, a respiração sumiu e a pele ficou fria, tudo em minha volta escureceu. Em segundos apaguei e voltei, resgatada pela vibração da torcida que lotou o ginásio: o jogo terminara, a vitória era nossa. Todo meu corpo tremia e uma onde de emoção me inundou e me levou as lágrimas: lágrimas de alegria, de alívio, de prazer e grito engastado na garganta enfim saiu com todo ar dos meus pulmões.

Durante toda a partida peguei-me conversando com Deus, aquele em quem busquei inspiração, força, coragem, aquele que me fez enxergar que eu precisava me manter forte, alerta, por perto. Reforcei minhas promessas, ergui os olhos, cruzei as mãos, pedia ajuda para continuar gritando, porque eu queria estar dentro da quadra com eles, mas havia momentos que me faltava forças para gritar, voz eu já não tinha mesmo. E Deus esteve lá a todo momento e quando enfim se confirmou nossa vitória, ergui meus braços, meus olhos para o alto e agradeci, agradeci de todo coração e irei cumprir com cada promessa que fiz com muita devoção e prazer. São sacrifícios pequenos, perto da emoção que essa equipe me proporcionou hoje.

Tive realmente dificuldades em escrever, não por falta de motivação ou inspiração, mas por excesso de alegria, a euforia não me permitiu ter concentração suficiente para organizar as idéias e transferí-las para lá. A comemoração se transferiu para a tela do computador, espalhando-se em mensagens instantâneas pela internet. Pela rede éramos, Camila, Debora, Rafaela e Letícia vibrando com essa partida que com certeza será inesquecível.

Tenho certeza que uma pessoa que não acompanhou o jogo pode achar que foi um jogo “fraco” ou com muitos erros em vista do placar baixo, mas é muito pelo contrário, foi um jogo onde a defesa foi decisiva, impedindo as equipes de se aproximarem demais do garrafão. Enfrentamos uma equipe muito qualificada e preparada para grandes desafios, por isso, na situação que estávamos vivendo, essa vitória é acima de tudo uma superação. Prova da capacidade, dedicação, garra e aperfeiçoamento.

Fica até difícil dar destaque há alguns porque todos jogaram de forma espetacular, atuando incrivelmente na defesa, recuperando bolas, armando contra-ataques e brigando no ataque junto a defesa adversária, que também dificultou bastante a aproximação, ainda assim superamos o número de arremessos de 3 pontos, batemos para dentro do garrafão na cara e na coragem, arrancando 52% de aproveitamento nas cestas de 2 pontos.

Como não aplaudir a garra de Tiagão, exemplar, forte, preparado e com aquelas belas enterradas de tirar o fôlego, e ainda marcando um double-double com 11 ptos e 10 rebotes; André, veloz, ágil, observador; Manteguinha, centrado, corajoso, envolvido; Audrei, firme, incisivo; Jefferson, arrasador na marcação e nos Lances Livres; Espiga o grande líder dentro de quadra, acalmando, organizando, esbanjando talento, fibra e experiência e ainda chamando a torcida para dentro da quadra e Shilton, sensacional em seu 86% de aproveitamento nas bolas de 2 ptos, em seus 8 rebotes e em ser o homem mais eficiente em quadra, com 19 pontos, além de claro, cestinha da partida, tendo anotado 15 pontos.

Será que alguém se lembra de quando eu falava que essa era uma equipe onde havia espaço para todos? Onde o destaque de hoje, pode não ser o de amanhã? Pois bem, eis mais uma grande prova disso. E todos lutaram, todos buscaram fazer o melhor e o fizeram. Paradas na hora precisa, mais calma nos ataques, passando bem a bola, mantendo a posse o maior tempo possível conosco, isso demonstra maturidade e seriedade e vou confessar, estava sentindo falta do desespero que me dá ao ver nosso mestre entrando em quadra junto, literalmente, o ser guerreiro começa em primeiro lugar por ele.

E no final, não há como explicar a sensação de vê-los voltar a sorrir e num semblante sereno. Não há nada que pague a satisfação de abraçá-los e sentí-los retribuir o abraço num sentimento de missão cumprida, de alívio, de satisfação. E melhor, saber que o que eu estava sentindo, uma energia, uma confiança, uma atmosfera diferente, era realmente real.

Parabéns garotos é só que consigo lhes dizer. Estou muito feliz, mas boa parte da minha alegria é por saber que vocês estão alegres e porque não dizer aliviados. E sentir isso era com certeza o resultado mais importante a ser alcançado.

E para quem encheu o peito para dizer “esse é o nosso Joinville” após criticar e desacreditar a equipe, fica a mensagem de que eles nunca deixaram de ser “o nosso Joinville”, foi apenas uma fase ruim e ela foi exorcizada!