Uma nova força

Antes mesmo da Copa América começar, poucos davam credibilidade a Seleção Brasileira, agora que a vaga para o Mundial da Turquia ano que vem já está garantido e que voltamos de Porto Rico com a taça, começam as discussões e preocupações de que a Seleção caia de produção, ou torne-se ineficiente diante das poderosas e tradicionais equipes européias e por aí vai. Um descrédito motivado por questões, digamos históricas. Esse assunto me veio a mente após ler algumas reportagens que considerei bem interessantes, e que vou deixar os links posteriormente, e que me trouxeram a mente um basquete mais próximo dos nossos domínios: a nossa equipe. Perdoe-me quem não concordar, ou achar que estou me passando, mas por um momento ao ler os textos, me vi fazendo comparações da nossa seleção, com nossa equipe. Aos que acharem que enlouqueci talvez depois de lerem os artigos, me entendam. Escrevo motivada pelo fato de que em ambas as situações sempre houve quem buscasse motivos para não dar credibilidade aos feitos, buscando sempre algo para desvalorizar as conquistas e assim diminuí-las. Nossa equipe também sofreu descrédito quando iniciou o NBB. Muita gente acreditava que termos alcançado o 4o lugar no Nacional 2007/2008 era obra do acaso ou simplesmente pela ausência das equipes paulistas na competição, tudo bem que a única presente nós eliminamos nas 4ª de final. Iniciado o NBB os comentários maldosos continuaram. Ficamos várias rodadas liderando a competição e diziam que era porque o Flamengo não estava bem, depois em boa parte dela, brigamos pelas primeiras posições, vencendo equipes tidas como tradicionais, fortes, mas continuávamos não sendo levados a sério, porque quando chegava Limeira e Flamengo éramos derrotados então nada do que tinha sido feito nos classificaria como uma grande equipe, só mediana e sortuda, porque éramos uma equipe jovem, numa cidade sem tradição no esporte. E olha que não estou inventando não, basta pesquisar as matérias (quando existiam) das nossas vitórias, a pouca importância que era dada, ao contrário das derrotas, ou os comentários em fóruns de discussão dos jogos, pior é quando veem de quem está do mesmo lado que você, ou deveria estar. Mas houve um momento, não sei precisar qual foi que passamos a ser mais visados, mais comentados e com isso tivemos nossa responsabilidade ampliada. Em ambos os casos, não vou dizer que as críticas não pesaram, claro que sim, quando você é criticado você fica com uma ânsia de provar que é melhor do que estão dizendo, isso é instintivo. Às vezes serve como estimulo, as vezes desestrutura. E então entra, o que o redator descreveu como “Efeito Borboleta”. Isso me chamou tanta atenção, justamente porque quando o vi comentar sobre os “apagões” da seleção, de imediato pensei na nossa equipe, porque aqui, como em qualquer equipe ele acontece. E esse comentário não é uma forma de culpar, muito pelo contrário, é de alertar, porque, por mais que tenhamos amadurecido com tudo isso, nunca se está isento por completo, então vale identificar o que causa esse “efeito” e estudá-lo. Pensei nisso, justamente porque um dia comentei que, nosso maior adversário em quadra éramos nós mesmo, mas também acho que em boa parte, nós torcida somos um pouco culpados também, porque ficamos exigindo demais e ninguém gosta de ser pressionado, alias, não é só uma questão de gostar ou não, mas é que não é bom ser pressionado e por mais forte e preparado que se seja, indiretamente isso influencia. Sei que faz parte do “ser” torcedor, mas se dentro da quadra, nosso mestre tem buscado manter uma equipe mais consciente, equilibrada, madura e unida, implementando novas filosofias, será que não está na hora de nós acompanharmos essas mudanças? Será que não está na hora de amadurecermos a idéia de que o trabalho desempenhado por eles é sério, que sempre se está buscando o melhor rendimento, a vitória, mas que esse projeto não é apenas um jogo? Sei que como jogo a vitória é o que interessa, é o que classifica, mas será que não deveríamos ser menos exigentes e darmos mais créditos ao que foi feito, do que ao que não foi? Sei lá, parece um hábito humano só lembrar daquilo que foi deixado para trás. Penso que nem nós torcedores, nem a equipe tinha maturidade para chegar mais longe, justamente porque também é uma característica querer sempre mais e se você não sabe administrar as conquistas elas acabam se voltando contra você. Conquista não é só vencer um jogo, um campeonato, é mantê-lo, é seguir um padrão de qualidade, buscando sempre melhorias e crescimento, expandindo horizontes, agregando valores e despertando interesse em um número cada vez maior de pessoas. O esporte deve unir, socializar, difundir princípios, e o que tenho visto é que para quem assiste, ao menos na maioria, ainda é apenas um passatempo. Ser torcedor é ser apoio, energia, vibração. É defender a equipe incondicionalmente, porque quem torce, sabe do trabalho que é feito fora da quadra e por isso, mesmo que em determinado dia tudo saia errado, não significa que não foi levado a sério, digo isso porque, quem defende é porque acredita. A torcida deve ser um reflexo dos valores demonstrados em quadra, um reflexo para a sociedade e percebo que aos poucos isso vem acontecendo, talvez ter o esporte em nossa vida, independente da modalidade, seja a grande vitória. Devemos concentrar nossa paixão pelo esporte, pela equipe para quebrar um pouco esse desenvolvimento da rivalidade. Vejo pessoas muito apaixonadas, fieis, que demonstram carinho em todos os momentos, bons ou ruins, reconhecem os feitos, mas existem outros que só estão ali, como diria na gíria, “para zoar” e pior parece que nunca estão satisfeitos. Tudo bem, insatisfação também é uma característica humana, mais uma vez reforço, será que não estamos exagerando? A competição é saudável? Lógico, estamos falando de esporte, mas quando o esporte vira apenas um instrumento para desenvolver brigas, troca de desaforos como já vi acontecer, deixa de ser saudável e apaga o brilho que o esporte deve ter. É essa crença nos jogadores, no trabalho, na seriedade que faz as coisas fluírem, o que nossa equipe mais precisa é confiança e é a nossa confiança neles que reforçará a confiança de cada um em si e no grupo. Precisamos de um grupo confiante, não soberbo, soberba causa retrocessos, para seguir caminhando rumo a evolução. Não cabe a torcida criticar métodos, jogadores, desempenhos, se for para diminuir é melhor ficar quieto. Em outro oportunidade disse que, nós torcida não precisávamos ficar criticando-os quando algo saia errado, porque com certeza, ninguém se cobra mais do que eles mesmos, então precisamos ser a força, a energia que lhes falta nessas horas para recomeçar.
Estamos a 2 meses do início do novo NBB, temos a base de nossa equipe mantida, novos componentes a somar, um técnico cada vez mais preocupado em buscar melhorias, informações, em continuar aprendendo, algo que pode ser contatado na última matéria disponível no site oficial
http://www.basquetedejoinville.com.br/index.php/tplNovidadeInt/id/415, uma torcida apaixonada, que precisa se organizar e ser mais consciente de seu papel nesse processo e da influência que exerce positiva ou negativamente, para ser cada vez mais admirada e temida, ou seja, todos os ingredientes necessários para um bom desempenho. Temos um longo caminho pela frente e a seleção também, mas em ambas as situações temos muito que comemorar sim, porque tanto a seleção, quanto nossa equipe, tiveram evolução e continuaremos tendo. Nada se constrói da noite para o dia, muito menos o sucesso, que vejo como uma conseqüência do trabalho bem feito e responsável. Para a seleção a batalha apenas teve início, o objetivo final é alcançar os Jogos Olímpicos e para isso começamos pelo Mundial da Turquia. Já nossa equipe tem várias competições pela frente, e estão trabalhando a algum tempo já e mesmo que algumas competições não exijam tanto quanto o NBB, por exemplo, todas são levadas muito a sério, porque é uma preparação, uma forma prática de aplicar tudo que vem sendo treinado. Nossa equipe precisa mais do que nunca da nossa credibilidade, porque tenho certeza de que momento difíceis virão e eles precisam saber desde já que estaremos com eles seja o que for, não só na frente deles. Ser a melhor equipe do estado, ou melhor do Sul do país, estar entre as 4 melhores equipes do país, por dois anos seguidos e tantas conquistas em tão pouco tempo de vida, não é para qualquer um e isso já demonstra o nível de maturidade que nossa equipe tem em administrar responsabilidades e não importa quem veio, importa quem está aqui, porque esses sabemos que farão tudo para dar mais um passo a diante. A busca agora deve ser pelo equilíbrio, por isso deixemos nossas cobranças e nossas energias negativas do lado de fora do ginásio e criemos uma nova postura, sejamos o reflexo da responsabilidade, da maturidade e da união que vemos dentro da quadra. Sejamos enfim uma única força chamada: Basquete de Joinville!

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