Uma imagem bastou para transformar meu pobre coração em mil pedaços, minha fortaleza ruiu outra vez. O sonho virou pesadelo, acabou. Eu sempre soube que isso não tinha futuro, mas enquanto ficava no silêncio da minha imaginação conseguia ser feliz. Mas agora a verdade foi descortinada frente aos meus olhos e só me resta chorar, até perder as forças e o ar e então erguer a cabeça e começar tudo outra vez. A vida é como um jogo de basquete há momentos que ganhamos, em outros perdemos, infelizmente agora estou me sentindo a equipe “laterna” do campeonato, aliás, é exatamente isso que sou, a menos preparada, a menos vistosa, sem destaque, sem brilho, aquela que no final do campeonato ninguém nem vai lembrar que estava presente. Tal qual um jogo, às vezes para a equipe ir adiante ela precisa de liderança, entusiasmo, apoio e nesse momento é tudo que eu não tenho. Sem amigos, sem calor humano, sem um ombro para chorar. Só um quarto escuro e um milhão de recordações e sonhos desfeitos, mas a culpa é minha, eu quis acreditar nessa ilusão, quis me enganar, estou sofrendo as consequências. Há quem acredite que não sou tão tímida assim, mas acho que a convivência com a quadra, com as pessoas inseridas nela me permitiram me soltar um pouco, forjar uma coragem que na verdade eu não tenho. Sou medrosa, chorona, arredia, desconfiada, mas romântica e sonhadora ao extremo. Não possuo uma beleza extraordinária, não sou baladeira, tão pouco vaidosa, sou comum, com um trabalho sério, chato, burocrático, um monte de responsabilidades e decisões a tomar todos os dias, principalmente em casa, ou seja, uma vida sem nenhum glamour, como então eu queria ser notada? Como eu poderia ousar desejar ser vista como uma pessoa, se no fundo eu era só parte do espetáculo. E eu me apaixonei, uma paixão no pano de fundo de uma história muito maior, que me deu força, me deu sonhos. Agora não tenho nem uma coisa, nem outra… a esperança é que em algum momento vou ter o basquete de volta, vou recuperar um pouco da minha paixão e da minha confiança, mas vou estar sucetível a lembranças incomodas, a dor, mas a certeza que fica é que assim como nossos garotos em quadra, eu sou guerreira e mais uma vez eu vou me levantar, erguer a cabeça e seguir em frente, meu coração já está acostumado a colar seus pedaços…