Mudanças

Sexta-feira, que alívio… poder descansar um pouco. Estou exausta, o dia foi estafante e porque não dizer enlouquecedor, estava a ponto de perder a paciência, já que não lido muito bem com pressão. Infelizmente a pressão agora vai me acompanhar por um bom tempo, já que minha permanência em Jaraguá está com os dias contados e ainda há muito por fazer. Não faz nem um ano que passei por essa transição e lá vai começar tudo de novo. Mas eu nem devia reclamar, já que vou estar de volta a minha cidade, algo que há muito desejei, principalmente pelas facilidades que isso me traria. Só que agora senti o gostinho do status de ter um cargo importante, de ser procurada para resolver problemas, mesmo que isso seja uma chateação as vezes e me deixe sobrecarregada. Aí como não poderia deixar de ser, fiquei pensando nos garotos, para ver se me acalmava um pouco. E é engraçado como algumas coisas que acontecem na minha vida, acabam me fazendo me colocar no lugar dos atletas, na verdade dos nossos, porque é algo mais próximo de mim. Uma vida cheia de pressão, desgaste físico e emocional (coisas que para mim já não daria certo, porque ou caio de cama ou saio esbravejando com todo mundo que passa na minha frente), decisões, exposição pública, distância de suas cidades natal, de sua família e de sua história. Ora jogando em uma cidade, ora em outra. Ou seja, estão em constante transição, em constante mudança. Se já acho a minha vida meio complicada, sempre com tantas decisões a tomar, tantos compromissos para atender, imaginem eles, que talvez em determinados momentos fiquem sem saber o que lhes aguarda depois, qual o seu destino e ainda conseguem manter-se centrados e discretos. Dividindo-se entre a equipe e a família e porque não dizer com a torcida também, dando sempre atenção a todos que os procuram, tendo o cuidado de serem imparciais, preservando sua intimidade, é muita coisa para ficar atento. Aí eu digo: como não admirá-los? Como vê-los apenas como atletas? Ser atleta é uma escolha, uma profissão, assim como eu sou contadora, professora… A grande diferença é que a exposição é um pouco menor e por isso eu os vejo como pessoas. Pessoas que há todo momento precisam tomar decisões importantes, seja dentro ou fora da quadra e decisões que influenciam não apenas sua vida, como também a de suas famílias.
Tomar uma decisão requer muita atenção, cuidado, análise dos prós e contras e busca daquilo que no final nos trará um maior benefício, que pode ser financeiro ou simplesmente, como no meu caso, melhor qualidade de vida. Por isso, acho que tenho tanto medo do momento que chegar a hora de eles decidirem se ficam em nossa equipe ou não, medo de que recebam uma proposta e que por qualquer motivo optem por partir, sei que ninguém tem influência sobre essa decisão, mas quero crer que o nosso técnico e a fidelidade da torcida sejam bons motivos para eles ficarem, mas não pode-se esquecer ainda, que eles são jovens ainda e como todo jovem, tem sede por aprender, por ter novas experiências, falo por experiência própria afinal. Por mais que eu tente esse é o pensamento que mais tem me atormentado, tanto é verdade que ontem pela manhã, durante a viagem rotineira para Jaraguá me peguei pensando nisso e chorando. Não consigo ver a equipe sem um deles, várias pessoas tentam me convencer de que isso faz parte do esporte, mas por mais que eu tenha entendimento disso, dói pensar, já basta o fato de ter que pensar que o campeonato está acabando e que vou ter que ficar muito tempo sem vê-los, sem ter notícias, sem essa força gostosa que sempre senti nos jogos, vai ser muito triste. E pior, vai culminar com meu retorno à Joinville. Segura ansiedade!
Bem, alguns devem pensar porque tenho falado de mim, se o blog é para a equipe, mas digo que é simplesmente pelo fato de que tenho necessidade de que eles saibam quem sou, para nunca terem dúvidas de que o que falo não é para “puxar o saco”, nem para ganhar qualquer tipo de visibilidade ou benefício, é apenas porque gosto de mais deles e desejo poder ser compreendida e conhecida pelo que sou, nunca fingi ser algo diferente para ganhar qualquer coisa que fosse, não seria agora que o faria e sei que ser exatamente o que sou tem me rendido todos esses frutos maravilhosos e inesquecíveis e isso aconteceu, principalmente porque meu contato com eles foi gradativo e no final me aproximar, cumprimentar, tirar foto acabou sendo uma consequência de um “relacionamento” já pré existente. Então, acho que aconteceu no momento que eu estava preparada, e olha no final foi tão fácil, que dá vontade de sempre fazer de novo! Para falar a verdade eu queria ter outra oportunidade como aquela do Mueller, quem sabe eu conseguiria tecer um diálogo construtivo, já que ultrapassei a barreira do total anonimato. Isso sim seria algo fascinante e que poderia enfim me permitir continuar tentando mostrar para as pessoas, atráves do blog, tudo que vejo e percebo em vocês, mostrar quem vocês são atráves dos meus olhos e vou continuar defendo vocês sempre, porque há algumas coisas que eu não preciso saber para sentir, eu simplesmente sinto!
Mas enfim, o lado bom desse dia tão reflexivo e conturbado: comemoração de dia das mães com café e tudo, e o já característico “happy hour” em trânsito. Cerveja e chetoos do posto de Guaramirim, durante a viagem de volta para Joinville. Disso com certeza vou sentir muita falta!

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