Estabilidade realmente não combina comigo! Quando começo a me acostumar com uma situação, vem alguma coisa e muda tudo outra vez. Sei que ainda não há nada confirmado, mas a possibilidade de voltar para casa de repente me pareceu tão assustadora e ao mesmo tempo tão fantástica e olha que ontem eu ainda falava da saudade de ter as tardes livres para espiar os treinos dos meninos e hoje uma ligação simplesmente abalou minhas estruturas e difícil será controlar a ansiedade, a espera por uma resposta, parece que tudo vem para tirar um pouco meu foco do jogo de repente, espero que seja apenas para eu ficar tranquila e só concentrar energias boas para o basquete e deixar o resto fora do ginásio.
Falando em rapazes, até que me comportei hoje, copiei umas fotos para postar, dei uma olhada no blog, nenhuma novidade e parei para ler o blog do mestre e bem, esse definitivamente é o ponto alto do dia. Com grande alegria, li suas palavras hoje e senti a energia desse que ele considerou o melhor jogo e eu não duvido, se eu já fiquei arrepiada com o jogo contra o Araraquara, vejo que este foi ainda melhor. Deu até uma tristeza de não poder estar lá. Considerava o jogo em casa contra o Araraquara porque pude acompanhar de perto e para mim foi o melhor, justamente pelos mesmos pontos que nosso mestre descreve no embate contra o Assis, unidade, conjunto, entrosamento para manter firme a estrutura da equipe, para dar andamento ao trabalho mesmo quando tudo parece ir contra ao planejamento e aos desejos pré estabelecidos.
Não me canso de dizer que esse é o nosso diferencial, essa capacidade de se preocupar com o outro como se fosse consigo mesmo, de acolher, de se por na frente e suprir a ausência, dando tudo de si e até um pouco mais. A partir do momento que nos tornamos egoístas, egocêntricos, querendo direcionar a luz para si mesmos o processo simplesmente não funciona, aqui o que faz a engrenagem girar e o que encanta é saber que todos unem força numa mesma direção, são cúmplices, parceiros, que o cumprimento das mãos unidas em vários momentos de cada jogo é verdadeiro, sincero, vem do coração, não é apenas uma rotina. E justamente isso que me faz a cada dia admirar mais essa equipe, primeiro porque tem um líder exemplar e segundo porque reune as melhores qualidades individuais convergindo para um propósito maior que a própria existência individual. Quando falo de convergência, é justamente a doação que cada um faz em prol desse propósito, dos objetivos traçados, em prol da equipe. É aquele velho lema “juntos somos mais fortes”, um exemplo a ser seguido em nossas casas, em nossa profissão, em nossa vida.
Ser atleta é acima de tudo ser um profissional, que tem que fazer escolhas, abdicar de alguns prazeres na busca da excelência, ficar longe da família, sacrificar o corpo. Vejo como há algum tempo o fato de um menino querer ser jogador de futebol era banalizado, se ouvia “ah não quer estudar vai ser jogador de futebol!”, justamente porque as pessoas se acostumaram a ver apenas o lado do dinheiro, da fama, dos bens materiais, como se para jogar não precisasse ter nada na cabeça, mas será que a vida de um atleta é tão glamurosa assim? Eu acho que não, menos ainda quando os atletas não jogam futebol, mas sim basquete, (que particularmente acho muito mais interessante) como nossos garotos, que vão treinar até no domingo, enquanto muita gente estava curtindo o feriadão fora da cidade, ou simplesmente deitado na cama embaixo do cobertor, assistindo filme, comendo pipoca assim como eu. Os nossos atletas acabam deixando de lado sua vida, para dar vida a um espetáculo extraordinário, que é uma partida de basquete, mas não só a partida, mas toda a preparação, a concentração, que fazem parte desse momento! E isso me fascina, me hipnotiza, acho que por isso não consigo ficar longe, por isso que me apeguei tanto. Trabalhar todo mundo trabalha, porque tem que se sustentar de alguma forma, mas quem é profissional do esporte vai muito além das responsabilidades de qualquer trabalhador e cada jogo é único, e de cada momento pode-se tirar um aprendizado, esporte é acima de tudo paixão. Com isso lembro-me do prof. Bial falando sobre o esporte como ferramenta de inclusão, de cidadania, e é a mais pura verdade, simplesmente porque o esporte disciplina, ensina a conviver, a respeitar as diferenças e até a tirar proveito delas, imaginem só como seria nossa equipe sem a irreverência do Jefferson, a vibração do Douglas, a experiência do Espiga, o pulso do Manteguinha, a velocidade do André, a precisão do Shilton, a audácia do Willians, a estabilidade do Olívia, a juventude do Rômulo, a perícia do Tiago, o empenho do Adriano, a força do Fabiano, a serenidade do Fábio e o desprendimento do Augusto… se todos tivessem carateristicas semelhantes, com certeza seria muito diferente, afinal que graça teria? São qualidades relevantes, de personagens de uma mesma história, a história do nosso basquete, da volta por cima, da ascensão, do reconhecimento, da descoberta de uma nova realidade, da realização de um sonho.
Tudo que li hoje só me fez ter certeza de que também estou no caminho certo e que efetivamente não estou cega pela paixão, minha observação só tem me mostrado quem realmente são nossos guerreiros. Mestre, desejo que sua vontade expressada no texto do blog de hoje se concretize. Aos nossos guerreiros contundidos, meus desejos de pronta recuperação e que se não for para entrarem em quadra para poupá-los, tudo bem, nosso mestre e os médicos sabem o que fazem, com certeza será apenas para o bem de vocês e para o da equipe.
Então, tenham uma boa noite e um ótimo dia de trabalho, afinal treino também trabalho. E eu? Bem, vou dormir cedo porque estou me recuperando de um resfriado e de uma queda… quando a idade chega é uma tristeza rs… Grande abraço a todos!