NBB – Joinville 72 x 69 Basquete Cearense

Foto by Jackson Nessler

O cronômetro zerou, parece que uma tonelada saiu das costas, posso sorrir. Eu sou um reflexo dos “meus meninos” que comemoram discretamente a tão sonhada vitória. Agradeço à Deus, eles voltaram a sorrir e foi esse sorriso que finalizou plenamente uma bela noite de basquete.

Algumas horas antes da partida eu nem sabia se conseguiria ir. Sabia que queria muito e que essa noite era importante demais, porque cansamos de apenas fazer partidas fortes, dificultar a vida do adversário, precisávamos conquistar algo que fosse nosso, subir mais um degrau, nos reencontrar com nossa autoestima, nossa autoconfiança e isso se daria sim através de uma vitória.

Eu tentei não pensar muito em basquete. Ensaiei mensagens algumas vezes, mas achei que não deveria, decidi então apenas conversar com Deus. Sai correndo do trabalho as 17h para comprar ingressos na Apollo e me dei mal, os ingressos já tinham sido recolhidos. A caminho de casa, uma música da minha playlist que sempre me reportou a basquete começou a tocar, aumentei o volume e fiquei gritando comigo mesma dentro do carro: “Hoje é dia de basquete! Corri até em casa, “joguei” a mãe dentro do carro e parti.

Como foi boa a sensação de ver “nossos lugares” ao lado da quadra nos esperando, nem os atletas tinham vindo para o aquecimento ainda, então foi bom para ficar com meus pensamentos, porém uma grata surpresa me tirou um pouco dos meus devaneios (isso vai precisar de um texto exclusivo, então não vou dizer aqui o que aconteceu), só sei que depois daquilo algo dentro de mim se transformou (de novo) e enquanto era executado o hino comecei a sorrir sozinha, fui inundada por uma maravilhosa sensação de que sim, aquela noite era nossa.

Nos 40 minutos que se seguiram (que nunca são apenas 40) nós tivemos muito basquete. E quando eu pensava como iria falar sobre isso e me via sem palavras, ou seja, eu não conseguia encontrar palavras que descrevessem o que meus olhos enxergavam. Tivemos um primeiro quarto fantástico, arrasador, um segundo quarto equilibrado, um terceiro mais trabalhoso e um quarto um pouco mais nervoso e apesar de todos os tipos de força tentarem nos tirar do nosso caminho, nos mantivemos firmes, porque só existia um resultado possível hoje e ele foi perseguido incansavelmente.

O primeiro quarto foi marcado por um volume de jogo absurdo, velocidade, transição, cestas quase impossíveis. Na defesa, muita força, garra, determinação, prova disso é que permitimos apenas 11 pontos de 39 tentados, um aproveitamento de 28%, enquanto nós terminamos o período com mais de 50%, 22 pontos convertidos em 43 tentados. Os primeiros minutos levavam a crer que seria equilibrado, mas da metade para o final dominamos e garantimos uma expressiva vantagem. A atuação coletiva impressionava, às vezes os passes e transições eram tão rápidos que nem dava para ver aonde a bola estava, até que ela alcançasse a cesta. Fomos guerreiros em vários pontos, mas em especial nos rebotes, conseguimos garantir 8, mesmo diante de um “gigante” que insistia em invadir nosso garrafão. As constantes substituições oxigenavam a equipe, deixando-o mais dinâmico e confundindo o adversário. Destaque para Jefferson que por vezes pareceu se multiplicar em quadra, com excelente trabalho defensivo e na condução da equipe junto com Cook, ainda contribuiu com 7 dos 22 pontos do quarto, alcançando 70% de aproveitamento em seus arremessos, pegou rebote, deu assistência e recuperou bola, literalmente estava com sangue nos olhos. Ah e porque não citar Rosniak pelo trabalhão que deu para o grandalhão do Kurtz, foi destemido e brigou de igual pra igual, foi lindo de ver. Parcial 22 x 11.

No segundo quarto o adversário bem que tentou se afirmar na partida, mas nosso volume de jogo e defesa continuavam funcionando muito bem. O quarto teve a marca do equilíbrio, os aproveitamentos de arremesso, pontuação, rebotes, assistências e outros fundamentos foram muito semelhantes entre as duas equipes, porém prevaleceu nossa vontade e a vantagem conquistada. Destaque para o jogo coletivo, a distribuição de pontos no quarto demonstra um equilíbrio fantástico e um excelente trabalho de bola. Foi aonde pudemos ver maturidade no grupo que não cedeu a pressão e manteve-se firme no plano. Parcial 45 x 33.

Como era de se esperar, nosso oponente não voltou para brincadeira do intervalo e partiu com tudo para cima da nossa equipe, dificultando e muito nossos ataques. Sofremos um pouco mais para nos manter dentro das nossas estratégias, tivemos que nos reinventar, pois nosso aproveitamento que até então ultrapassava a marca de 50% caiu sensivelmente, fazendo com que a vantagem reduzisse, mas isso não foi o suficiente para tomarem a dianteira de nós. Com alguns de nossos preciosos atletas mais pressionados, foi o momento de outros atletas aparecerem e foi o que aconteceu com Mathias e Colimerio que juntos foram responsáveis por metade dos pontos convertidos no período. Restava ainda o último quarto e toda tensão dos últimos 10 minutos. Parcial 59 x 53.

Enfim, apesar das emoções de uma partida decidida nos minutos finais, prevaleceu o excesso de faltas e um baixo aproveitamento nos dois lados. Com a produção abaixo do necessário, a segurança e a vitória foram alcançadas bravamente e na “unha” de uma defesa que não descansou e não cansou de se impor ao adversário. Mesmo com os ânimos já alterados e muito pressionados pela defesa adversária Lucas, Felipe, Jefferson e Cook conseguiram manter a equipe na partida, tendo em Mathias uma das pontes para nos manter na dianteira. Fim de jogo 72 x 69.

Vitória! Fim de Jogo! Fim do jejum. E eu digo, que jogo, valeu cada minuto, cada crise de tosse, a ausência de voz (sim, ainda estou me recuperando de uma faringite, mas quem disse que consegui ficar quieta) só para ver essa equipe fantástica se posicionar com competência, com determinação, com garra indo atrás de todas as bolas, não se intimidando, foi lindo de se ver, e antes que digam que fulano ou ciclano estavam inspirados, eu digo não foi inspiração que conduziu o jogo, foi talento, que nunca faltou, foi confiança, foi equipe no real sentido da palavra e trabalho, muito trabalho.

Saimos de quadra com praticamente todos os atletas tendo pontuado ou contribuído com algum fundamento. Tivemos Lucas com líder em assistência, foram 5, tivemos Mathias como cestinha da equipe na partida com 14 pontos, sem contar nos 3 tocaços que deu e mais um duplo-duplo para Jefferson, com 10 pontos e 11 rebotes, sem contar que ainda deu 4 assistências. Ah, e temos que destacar o excelente aproveitamento de Colimerio, 64% de acertos nas bolas tentadas. Cook tambem foi outro a pontuar com 2 dígitos, tendo contribuido com 13 pontos. A equipe ao final atingiu 83 pontos de eficiência, tendo em Jefferson o jogador mais eficiente da equipe com 19 pontos, seguido por Mathias com 17 e André Bambu com 11, aliás nosso caro Bambu foi imprescindível para o resultado de hoje, além de toda sua movimentação em quadra, contribuiu com 9 pontos e 6 rebotes. Alias, tenho que destacar Felipe também que além de contribuir com 8 pontos teve papel fundamental em manter a equipe no jogo.

Depois dessa noite, toda a equipe está de parabens pois realizou um trabalho incrível e é sempre bom reforçar que não é porque o atleta não tem belas estatísticas que não foi importante, afinal basquete é coletivo e quando a equipe brilha, atletas tendem a se destacar, isso porque o conjunto deu condições para isso. Essa é a graça do basquete.

Não deve restar dúvidas da capacidade dessa equipe e o que precisa sobrar é respeito, pois não chegamos até aqui a toa, é com muito trabalho e esses garotos merecem mostrar seu jogo sem que ninguém estabeleça mais adversário além daquele que se encontra no outro lado da quadra. Deixa os meninos jogar, porque é bonito demais! E é a prova que não é só dinheiro que faz bom basquete, trabalho, suor, persistência também faz e como faz.

No mais, bom descanso, bom restinho de semana e obrigada, mas muito obrigada por esse jogo e por me permitirem compartilhar desse momento e desses sorrisos! Que Deus esteja com vocês!

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