Aceitação

O ano está acabando, 10 jogos se passaram e o sentimento mais recorrente é o desalento, o coração apertado e o medo. Eu sonhei tanto com esse momento, com esse retorno, 4 anos se passaram e foi tão difícil ficar distante, sem me envolver com o esporte e agora é difícil porque a temporada está bastante sofrida.

Eu sempre soube e deixei isso claro, de que não seria fácil recomeçar, até me preparei intimamente para suportar todos os baques e dificuldades sem esmorecer. As equipes que aí estavam tinham outro ritmo, outra disposição e uma vasta experiência de NBB na bagagem, além de todas se conhecerem muito bem, ou seja, no momento em que retornamos, nós tornamos estreantes numa praia que era tão nossa quanto de qualquer outro, mas ficamos pelo caminho e agora acompanhá-los é muito mais complicado.

Eu sei, nem eu estou fazendo a minha parte, cheguei cheia de promessas, gerando expectativas e não consegui cumprir nada. Nenhum texto, nenhum jornal, nada e eu confesso, não é confortável, eu queria mais, muito mais, porque sei que às vezes com um pouquinho de dedicação e esforço eu poderia escrever, mas ai, vem o cansaço, a preguiça, a lembrança de tantos outros compromissos que fica para depois, um depois que nunca chega.

Então outro dia vi uma “cobrança” de um velho companheiro de rede e escrita, me senti culpada, de coração partido até lembrando do quanto era legal escrever e receber retorno, saber que as pessoas curtiam, acompanhavam e hoje, o fato é que isso não acontece mais e desta forma impacta negativamente na minha vontade de fazer as coisas. Eu retornei achando que tudo seria como antes, mas não tem como ser, porque os personagens não são mais os mesmos e nem eu, 4 anos é muito tempo e a questão de ter que me acostumar sem basquete me afetou, eu tive que aceitar isso e aí agora ele volta e é como se eu tivesse que começar do zero também.

Quando tudo começou lá em 2009, era para ser um incentivo, uma injeção de ânimo, uma motivação, a forma como encontrei para ajudar e que soube, por vezes realmente ter ajudado. Me tornei a defensora, a motivadora, aquela que só queria ajudar e que com isso ganhou carinho, respeito, amizade e até admiração, como se representasse o pensamento de outros tantos. Ao mesmo tempo estava me curando das minhas próprias dores. Essa foi a lembrança que guardei e foi assim que imaginei meu retorno, voltando a ser importante para aqueles a quem sempre destinei esse espaço: os atletas.

Pois é, o que esqueci é que esse grupo é diferente, é mais jovem, gosta de tudo mais rápido, é mais antenado e a velha aqui tentando usar a fórmula ultrapassada de escrever grandes textos, não, ninguém mais tem paciência para isso, estava escrevendo apenas para mim e qual era a graça disso afinal? Perdi a confiança, a motivação e porque não dizer o interesse, o blog deixou de cumprir sua principal função que era motivar a equipe nas dificuldades e enaltecer seus feitos. Sem ninguém para se apropriar das minhas palavras, para sentí-las, qual o motivo para registrá-las?

Foi com esse sentimento que me vi sufocando em tanta tristeza por tudo que trilhamos até aqui, senti que não podia mais guardar isso dentro de mim, mesmo que ninguém leia, mesmo que esteja realmente escrevendo só para mim, dessa maneira ao menos tiro esse sentimento do meu peito e esse gosto amargo da boca.

Não culpo ninguém, eu sabia que seria dificil, mas mesmo no meu mais pessimista pensamento não imaginei que seria tanto, porque é doloroso olhar para esses garotos, saber de suas qualidades, mas perceber que nos momentos mais decisivos elas não sobressaem. Que a precipitação, o nervosismo, o caos, tomam conta do jogo e caimos diante de adversário após adversário, mais do que isso, saber que são poucos para dar conta de tanta coisa, que às vezes perdem a cabeça por bobagens e que estas desencadeiam uma série de dificuldades para toda a equipe.

Sim, eu não entendo nada de basquete. Não, eu não tenho o direito de julgar porque não estou lá com eles, tão pouco dar pitaco em jogada, em posicionamento ou o que mais for relacionado ao jogo. Mas eu amo basquete, amo torcer, acompanhar, viver o basquete, por isso sento tão pertinho da quadra, não quero perder nada. Além disso, amo esses meninos como se fossem meus irmãos mais novos (tá tem excessões rs) e por esse sentimento estou sempre preocupada com o que sentem e com a forma como entram em quadra. Fazemos coisas íncríveis quando jogamos juntos, (maior exemplo disso foi na virada que demos no último jogo), mas esquecemo-nos um dos outros na maior parte do tempo e ai o que acontece a gente já sabe, perdemos a bola, o arremesso sai ruim ou precipitado, é bloqueado, e no pior dos casos além de perder a posse de bola, perdemos a partida.

Não, não é uma crítica, eu entendo o quanto é fatigante tomar decisões em situações extremas, é só um desabafo de toda mágoa contida e da minha incapacidade de ajudar. É muito desolador ver as coisas de longe e não poder nem saber como ajudar. Entendam, não estou preocupada com o número de derrotas, com nossa posição na tabela, nem com a repercussão negativa que isso possa ter, não sou assim, o que me preocupa é o que isso faz com a cabeça de vocês e pensar nisso me consome.

Sinto como se todas essas novidades, todas essas equipes bem preparadas dessem um nó na cabeça de vocês. Como se as coisas ruins que acontecem ficassem em suas mentes tentando convencê-los de que vocês não são capazes, tentando perpetuar os erros na performance de vocês. A questão é que vocês não são os erros que cometem, vocês são garotos cheios de energia, inteligentes, alegres, dispostos, talentosos e com muita coisa para viver, conquistar e mostrar, mas parece que na ansia de fazer as coisas darem certo, o contrário acontece. Entendam, ninguém vai resolver nada sozinho e se insistirmos nisso estamos dando a chance aos nossos adversários de nos neutralizarem. E pior, do nos convencerem que realmente somos incapazes, e não é esse o destino que desejo para vocês

Temos tido boas atuações na defesa, porém quando vamos ao ataque perdemos a oportunidade, isso justamente porque fica naquela do “deixa que eu resolvo”. Existem momentos em que isso é necessário, alguém chamar a responsabilidade pra si e resolver, como já vi vários de vocês fazendo com maestria, mas nem sempre funciona, na verdade, na maioria das vezes não dá certo, é só analisar nosso retrospecto.

Por vezes acompanhando as estatísticas noto que tentamos muito mais bolas do que o adversário, então porque não vencemos o jogo? Porque não as convertemos! Está faltando calma e paciência. Capricho, cuidado, atenção e principalmente união. Às vezes sinto que até entrosamento está faltando. Vocês são ótimos para comemorar, mas as vezes falta o incentivo, o apoio e até a chamada, aquele sacode para voltar a razão. Cada um de vocês é responsável pelo outro, cuidem-se um dos outros pois ninguém fará isso por vocês.

Já disse, não estou preocupada com os resultados negativos, estou apenas tentando entender o que mudou depois da partida contra o Pinheiros, ali parece que houve uma ruptura, uma perda, como se tivessemos parado de acreditar e estivéssemos apenas no automático. Eu acredito em vocês e eu acharia o máximo que isso fosse suficiente para que em 2018 vocês retornassem avassaladores, como os vi atuando tantas vezes. Como sei que não é suficiente vou continuar aqui, desejando que tudo volte ao seu lugar, que encontremos nossa regularidade, nosso equilibrio e nossos bons resultados, mas antes de tudo encontremos paz de espírito, calma e nos encontremos enquanto equipe que é o que somos e o que precisamos ser para encontrar o caminho das vitórias.

Bom, fica o desejo de um Feliz 2018 e ignorei tudo que falei, afinal quem sou eu para ficar lhes puxando a orelha? Ainda assim, guardem uma coisa: Eu amo vocês! Ponto, falei!

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