Quando amamos alguém, devemos deixá-lo ir, porque amar é antes de mais nada querer o seu bem, seu crescimento. Na manhã da última quarta-feira, por volta das 11h da manhã eu tive a confirmação da notícia que eu, sinceramente, jamais gostaria de receber… Shilton está indo embora. Um bolo se formou na minha garganta, mas mantive a compostura pois estava no trabalho (algo bem difícil para mim, não sei controlar minhas emoções) e lá eu já teria emoções suficientes.
Estava fora da Fazenda para realizar uma consulta médica de término de estágio probatório e enquanto aguardava a minha vez, recebi uma mensagem no celular. Abri-a, vinha do twitter. Enquanto li derramei as primeiras lágrimas desde a notícia e não era para menos, eram da esposa de Shilton, Georgia, que passou a ser tão importante em minha vida quanto ele próprio.
Pouco antes de sair do trabalho, a notícia já havia se espalhado. Liguei para minha mãe, precisava compartilhar com alguém o que estava sentindo e nós duas, uma de cada lado da linha estávamos chorando e dizendo: – “Nosso capitão vai embora!”.
Quando o setor já estava quase vazio eu olhei para os lados e me vi sem forças para qualquer coisa, precisava ir embora, mas eu precisava fazer algo com aquela dor, então parti para a academia e no caminho me vi em frente a Apolo Sports. Com os olhos fixados naquele painel na entrada da loja no meio da calçada por uns 5 minutos eu só queria acreditar que não era verdade.
Na academia acabei atingindo meu objetivo, de tentar parar de pensar um pouco no que estava sentindo, o problema, foi que quando sai de lá minha cabeça voltou a mil e lembranças vieram de toda a parte, um buraco estava se formando em meu peito como antes eu só tinha sentido na saída de Douglas Viegas. Estava consciente de que minha batalha com a sensação de perda estava longe do fim. Quando cheguei em casa não consegui escrever, estava com os olhos inchados e exausta.
O feriado amanheceu ensolarado e quando abri meu olhos me sentia bem. Apanhei o celular para ver as horas e uma nova mensagem me trouxe de volta para o lugar de onde fugi ontem: a realidade. Acordei com a sensação de que tudo não passara de um sonho ruim, mas tudo a minha volta dizia o contrário, então, parei de fugir, não havia mais a fazer. não podia mais me manter calada.
Comecei a acompanhar o basquete em meados de 2007. Perdia muitos jogos porque a divulgação era horrível e muitas vezes nem se sabia que tinha jogo, mas me lembro perfeitamente da sensação que eu tinha nos jogos que eu fui quando via Shilton em quadra: desespero total.
Em 2008 acompanhei a temporada completa e aos poucos algo em mim relacionado aquele jogador começou a mudar. Foi então que chegou 2009 em minha vida. Nesse momento Shilton já era um gigante admirável para mim. Sua vibração, sua forma de evocar e inflamar a torcida eram a resposta para ele ser o capitão da equipe. Nessa época sua família estava começando a crescer e eu já observava sua esposa todos os jogos com ele “dentro da quadra” todos os segundos da partida.
Foi em maio de 2009 então que eu o conheci, em frente ao Cia do Esporte no Mueller, lembrança essa que se tornou presente ontem a tarde quando eu passava pela loja e me levou as lágrimas. Naquele dia eu conheci não apenas o Shilton atleta, mas o Shilton pessoa e desse dia em dia não houve mais espaço em meu coração para preocupação ao vê-lo entrar em quadra porque agora eu tinha certeza que minha mudança de visão em relação a ele eram fruto da busca constante por melhoria que ele promovia por si mesmo, vê-lo em quadra era acender a chama do amor pelo basquete em meu peito.
O Shilton desde o primeiro dia me fez sentir em casa, pegando no meu pé quando eu tinha vergonha de ir para a quadra tirar fotos, quando eu tinha medo de entrar no ginásio para assistir aos treinos. E de tanto ele falar eu fiz e foi maravilhoso. Ele me deu um presente que talvez nem ele lembre, mas foi ele que abriu o espaço no final de um treino para que eu literalmente levasse um bolo para o grupo, pena que ele não o comeu.
Como não lembrar das piadinhas por causa do meu gosto para filmes, das discussões a cerca de chocolate, sim não parece mas Shilton é um chocolátra, rs. Ou então no dia em que ele estava na prefeitura e eu sai correndo do setor e o convidei para dar um oi para meus colegas de trabalho e ele foi, tem gente lá que lembra disso até hoje. Agora nada se compara ao dia que recebi meu formulário de entrevista respondido. No dia seguinte fui ao até o Ivan Rodrigues e ficamos conversando, naquele dia essa pessoa deixou de ser meu ídolo nas quadras, para ser meu ídolo na vida.
Ter podido contar sua história foi uma das maiores honras que recebi até hoje, foi o momento que eu passei a admirá-lo ainda mais e até me senti culpada de ficar apavorada em 2007 quando ele entrava em quadra. Eu entendi a pessoa e o atleta que ele é e daquele dia em diante se eu já não admitia comentários idiotas a respeito dele, passei a não tolerar nada e a esbravejar quando ouvia, porque quem fala mal do Shilton é como falar mal da minha família, quem fala mal é porque não conhece e isso eu não suporto.
Sim, Shilton com sua simplicidade, sua transparência e honestidade conquistou minha fidelidade, assim como conquistou a muitos. Foi dentro e fora de quadra um exemplo para uma cidade, para um país do que é ser um atleta, do que se precisa fazer para chegar até onde ele chegou. Ele lutou muito, sofreu, passou dificuldades, mas nunca usou isso para se promover, nem esperou que as pessoas tivessem pena dele, sempre lutou, trabalhou e conquistou seu espaço.
Tudo que conquistou é por seu próprio mérito, inclusive o respeito e admiração de uma cidade inteira. Ele é filho, pai, marido, atleta, ídolo, cidadão, um profissional incontestável, um ser humano incrível, íntegro, honesto, sincero, transparente, a prova viva do que uma pessoa pode alcançar o sucesso trabalhando, que talento sozinho não faz ninguém chegar mais longe é preciso a dedicação, os treinos, a persistência e a confiança em si mesmo.
Com Shilton eu aprendi e parar de reclamar um pouco da vida e dedicar o meu máximo a algo que eu gostasse, a concentrar minhas forças em ser melhor, em me aprimorar e lutar pelo que eu quero. Com ele era aula dentro e fora da quadra sempre. Ele superava suas limitações, tomava as críticas como incentivo para melhorar e nunca desrespeitou ninguém. Ele não esperava ser cobrado, enxergava por sim próprio o que precisava melhorar e corria atrás.
Ele era exemplo para os mais novos, exemplo de força, coragem e deixa aqui seu legado, sua marca, sua paixão. Shilton inspira, motiva e renova as esperanças na seriedade e no trabalho. É alguém que você quer sempre ter por perto porque te transmite segurança, conforto e tranquilidade.
É quase impossível imaginar chegar no ginásio e não vê-lo mais. A dor é insuportável. Nosso basquete e o esporte joinvillense perde sua identidade com sua saída. É como o fim de uma história, história essa que ficará para sempre na mente e no coração de toda a torcida. Desafio qualquer um a esquecer suas enterradas, sua postura ao entrar em quadra, sua maneira de colocar a torcida no jogo, seus rebotes quase impossíveis de apanhar, sua vibração. Acredito que para muitos você sempre será lembrado como nosso eterno capitão, pois nenhuma posição em quadra tinha tanto a ver com você como essa.
Shilton para mim, é e sempre será o ‘Cara’. Não importa aonde esteja é alguém que vale a pena torcer. É triste assimilar sua partida, mas algo em mim se consola com o fato de que sua partida ser para algo melhor. Ele sempre foi um lutador e finalmente todo seu esforço foi reconhecido pelo país. Por mais doloroso que seja vê-lo partir, ainda haverá alegria por saber que espalhará seu exemplo por outros lugares.
A você Shilton só tenho a agradecer aos maravilhosos anos que você nos honrou vestindo e defendendo nossa camisa, levando ao país uma marca de raça e garra que não se encontra em outro lugar. É uma honra ainda maior para mim ter podido presenciar sua evolução, ter podido ver seu crescimento em quadra, tornando-se um grande atleta e acompanhar o crescimento de sua família, vendo-o tornar-se pai.
Tenho certeza que sua família, seus amigos e todos que te rodeiam tem muito orgulho de você e da pessoa que você é. Obrigada nunca será o bastante por tudo que você fez por nós, pela nossa cidade que com certeza nunca esquecerá de você e sempre estará pronta para te receber de volta, mesmo que seja quando você estiver fora das quadras. Qualquer lugar sempre precisa de pessoas como você. Que você seja feliz para aonde escolher ir, que possa ser você e fazer o que sabe de melhor, encantar a todos jogando basquete.
Enfim, Shilton e Georgia obrigada pelo apoio e pela compreensão que sempre me ofereceram. Por sempre terem acreditado em mim e terem me apoiado quando algumas coisas ficaram mal entendidas. Sempre serei grata por terem me deixado acompanhar um pouquinho da vida de vocês. Sejam felizes e nunca percam essa verdade, essa sinceridade e esse amor que fazem vocês brilharem. Nosso apoio é e sempre será incondicional, não importa onde vocês estiverem. Obrigada por toda atenção, por todo carinho e por nunca terem desacreditado do meu amor. Amo vocês de coração.
Uma perda tremenda para o basquete aí de Joinville,embora para Shilton se jogar em um clube um pouco maior pode render que nem rendeu em Joinville!
Total perda,aliás Joinville perdeu todo mundo quase e para montar uma equipe terá que ter muita grana e até um pouco mais de bons jogadores,ou acaba virando a situação de campanha penando pra entrar na última vaga para os playoffs ou até virar um Vila Velha,a situação anda preocupante embora tem Ênio Vecchi pra comandar tudo!
abraço Ketty e cá to eu postando e até favoritei o post,porque sei que devo falar das famosas mudanças!
A Georgia que aliás vi ela já favoritando ou retwittando um post que fiz do Joinville ganhando do Pinheiros em SP no Playoff na época,até me impressionei porque sei que meu blog tem mais qualidade do que quantidade de gente prestigiando e só depois eu fiquei sabendo que ela é a esposa do Shilton e até pensei: to com moral mesmo,até pra ganhar RT da Georgia esposa do Shilton!
é isso!
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